Empresa farmacêutica chinesa usa óleo de sarjeta em ingredientes medicinais

05/09/2012 06:16 Atualizado: 05/09/2012 06:16
O website da Joincare. A empresa foi recentemente identificada usando óleo de sarjeta em produtos antibióticos, aumentando os temores de produtos farmacêuticos contaminados. (Joincare.com)

Uma grande empresa farmacêutica chinesa foi descoberta usando o óleo residual em seus produtos antibióticos recentemente, atraindo críticas do público e de especialistas.

A Indústria Farmacêutica Joincare Co. Ltda, com sede na zona econômica de Shenzhen, comprou 16.200 toneladas de “óleo de sarjeta”, também chamado óleo residual, de uma empresa baseada em Henan de 2010 a julho de 2011, no valor de 145 milhões de yuanes (23 milhões de dólares).

A empresa usava óleo residual em seu intermediário antibiótico 7-ACA, que é vendido para mais de 100 outras empresas para a produção de medicamentos e, em seguida, para os consumidores, segundo o Beijing News.

A notícia foi revelada num caso judicial recente no Tribunal de Justiça da cidade de Ningbo em 28 de agosto. O caso não envolvia a Joincare diretamente, mas revelou que a Joincare comprou o produto da Henan Huikang Industrial, um fornecedor de materiais de construção e produtos químicos sediado em Henan, que estava envolvido no processo.

O uso de óleo residual para fazer antibióticos tem preocupado alguns especialistas chineses e da indústria, que dizem que o óleo não é seguro para o consumo humano. O óleo usado é muitas vezes feito de óleo reprocessado recolhido de esgotos de restaurante, lixeiras ou feito de gordura animal em decomposição e órgãos por fornecedores clandestinos.

Liu Deng, professor da Universidade de Ciência e Tecnologia de Pequim, disse que o óleo residual ganha publicidade negativa porque é tóxico. “O governo só aprovou seu uso como biodiesel e algumas outras aplicações”, disse ele em entrevista à imprensa chinesa. “Ele não é permitido na mesa de jantar na vida das pessoas, muito menos na indústria farmacêutica muito mais vigorosamente regulamentada.”

Zhu Baoguo, o presidente da Joincare, defendeu sua empresa numa conferência por telefone com empresas de corretagem e jornalistas em 30 de agosto, segundo a Shanghai Securities News. Ele disse que era inofensivo e uma prática comum em países estrangeiros. “Você pode dizer que a comida é venenosa se as plantas foram adubadas com excrementos humanos? Não houve qualquer incidente de problema de qualidade devido ao uso do 7-ACA.”

Wu Huifang, a gerente-geral da Healthoo.net, um website sobre informações de saúde, defendeu a Joincare na mesma ocasião dizendo, “O óleo residual usado como material de fermentação microbiana é fundamentalmente diferente do uso como produto alimentar. O óleo residual fornece nutrientes necessários para os micróbios, mas não é consumido diretamente como um suplemento.” Ela também deu o exemplo do fertilizante.

No mesmo dia, a Joincare anunciou em seu website que não está realmente no negócio de fabricação de medicamentos, mas é uma indústria química e segue os regulamentos estaduais para a indústria química.

A negociação das ações da Joincare foi interrompida em 30 de agosto, depois que caíram mais de 10%. Reguladores de ações chineses permitem um declínio ou aumento de 10% por dia nos preços das ações, depois disso as ações têm suas negociações impedidas.

O Sr. Cheng, um cidadão da província de Guangzhou, não se convenceu com a explicação da Joincare. “Mesmo que não haja qualquer dano usando óleo residual na fabricação de medicamentos, a empresa tem a obrigação de informar os consumidores sobre este fato”, disse ele numa entrevista com o Diário do Sul. “Existe alguma empresa que se atreve a listar óleo residual como um de seus ingredientes?”