Empresa estatal chinesa de telecomunicações é antro de sexo e suborno

09/02/2015 18:51 Atualizado: 09/02/2015 18:51

Uma das maiores empresas de telecomunicações da China está sendo abalada sob a pressão da ampla campanha anticorrupção do regime chinês, que a implicou numa série de transgressões, segundo um relatório recente – suborno, corrupção e favores sexuais são alguns dos achados de uma investigação oficial realizada em dezembro passado.

Para altos executivos da China Unicom, classificada como a terceira maior operadora de telecomunicações do mundo, nepotismo e corrupção andam de mãos dadas, afirma o relatório.

Em 5 de fevereiro, um relatório ideologicamente carregado detalhou vários casos de corrupção na China Unicom e foi publicado no website do Comitê Central de Inspeção Disciplinar (CCID), a agência anticorrupção do Partido Comunista Chinês (PCC).

A mídia estatal chinesa foi rápida em apontar o que deve ser lido a partir do anúncio da agência anticorrupção.

“A troca de favores por sexo deve ser desenfreada na China Unicom“, afirma um artigo de opinião publicado em 6 de fevereiro no People’s Net, uma publicação online da mídia estatal Diário do Povo.

“Não é difícil predizer que mais ‘tigres’ e ‘moscas’ na China Unicom serão expurgados”, diz o editorial. “Estes indivíduos prestes a serem expurgados certamente estão implicados nestes escândalos sexuais e financeiros.”

‘Tigres’ e ‘moscas’ no jargão político chinês se referem respectivamente a funcionários corruptos de alto e baixo escalão no PCC.

O relatório da agência anticorrupção foi apresentado pela primeira vez a Chang Xiaobing, o presidente da China Unicom, por Li Xiaohong, o coordenador da força-tarefa anticorrupção que se estabeleceu na empresa, e por Ning Yanling, diretor da 8ª Unidade Central de Inspeção da agência.

Em dezembro de 2014, dois altos executivos da China Unicom – Zong Xinhua, gerente-geral de TI e e-commerce, e Zhang Zhijiang, gerente-geral de construção de rede, foram demitidos de seus cargos para desvio de verba e “violações da disciplina”. Em jargão político comunista chinês, o termo “violações da disciplina” é sinônimo de corrupção.

Lutas políticas

Outro artigo de opinião publicado no mesmo dia na People’s Net chamou a atenção para outra parte do relatório anticorrupção sobre a China Unicom.

“A equipe de inspeção obteve pistas sobre alguns problemas e estes foram informados ao CCID, ao Departamento de Organização e à Comissão de Supervisão e Administração de Ativos do Conselho de Estado”, diz o relatório da agência anticorrupção.

“Um ‘tigre’ da China Unicom vai cair”, afirmou o artigo do People’s Net. “A única questão é saber se o ‘tigre maior’ cairá imediatamente depois.”

Tang Jingyuan, um analista político independente, disse que o relatório é dirigido a Jiang Mianheng, o filho do ex-líder chinês Jiang Zemin.

“Nos bastidores é Jiang Mianheng que controla a China Unicom“, disse Tang numa entrevista com a NTDTV. “A investigação sobre Zhang Zhijiang e o súbito desaparecimento de Yan Po insinuavam que a China Unicom seria atingida duramente, expondo muitos segredos obscuros.”

Yan Po era o gerente-geral da seção internacional da China Unicom. O Epoch Times reportou anteriormente que ele fugiu da China.

“Má conduta financeira relacionada com Jiang Mianheng em breve será exposta também”, disse Tang. “Qualquer acusação contra Jiang Mianheng é mais um passo na campanha contra Jiang Zemin.”

A análise de Tang tem precedentes na investigação e queda do ex-chefe da segurança chinesa Zhou Yongkang, um grande aliado de Jiang Zemin. “Antes de Zhou Yongkang ser removido”, disse Tang, “seu filho Zhou Bin foi alvo [de investigação] primeiro.”

O jovem Zhou, um rico empresário, foi preso em julho de 2014 por práticas de negócios ilícitas. No mês seguinte, seu pai foi colocado sob investigação.