Regime chinês envia mensageiros, levando presentes e promessas, para subornar dissidentes
Imagine que você é um ditador. Você critica dissidentes no exílio no exterior. Seria bom ter seu apoio. Por que não enviar alguns representantes especiais para comprá-los?
De fato, isso é o que o Partido Comunista Chinês (PCC) tem feito há anos, de acordo com Tang Baiqiao, um proeminente ativista da democracia e escritor.
Ao longo dos anos, Tang diz que se tornou objeto da atenção de um número de pessoas, como parentes, conhecidos e colegas. De repente, eles quiseram se tornar bons amigos, e saber detalhes do que ele fazia todo dia. Eles eram funcionários públicos, professores, acadêmicos visitantes, ou estudantes estrangeiros. “Eu senti que eles eram muito conflituosos e complicados por dentro”, disse Tang numa entrevista recente.
Entrada do mensageiro especial, “Sr. S”
Em 2007, um amigo de Tang, que como ele participou nos protestos estudantis da Praça da Paz Celestial (Tiananmen) em 1989, apareceu. Este amigo, Hu Changxin, trouxe um estranho chamado “Sr. S” para visitá-lo em seu escritório em Flushing, Nova York. O Sr. S foi pesquisador visitante na Universidade de Columbia, e veio de uma grande universidade em Pequim.
Ele tinha boa conversação e disse que era um ex-estudante do movimento democrático de 1989. O Sr. S ganhou a confiança de Tang ao longo do tempo. Eles jantaram juntos e participaram de atividades pró-democracia. Mais tarde, Tang descobre que a esposa do Sr. S é uma alta oficial do PCC. Ele sentiu que era impossível para o Sr. S iniciar uma amizade com um proeminente e duro crítico do regime sem o conhecimento e a bênção do Partido.
O Sr. S frequentemente convidou Tang para jantar, e ele sempre pagava. Ele disse que era dinheiro de seu “projeto” e que precisava ser gasto. Enquanto jantavam juntos, as conversas se tornaram mais íntimas. Tang começou a suspeitar que o Sr. S estava agindo, e que ele era na verdade um agente enviado pelo PCC.
Não obstante, Tang manteve o Sr. S como um amigo e continuou a compartilhar seus entendimentos sobre o movimento pela democracia no exterior, o Partido Comunista, e as perspectivas da democracia na China.
No final de 2009, Tang foi convidado para uma performance de Ópera e Drama de Dança de Pequim em Manhattan. Era uma trupe de artistas com estreitos laços oficiais. Tang concluiu que muitos membros do Partido, diplomatas e oficiais estavam na plateia. Eles não ficaram de todo surpresos ao encontrá-lo com o Sr. S, Tang sentiu que era esperado.
Mais benefícios lhe foram sugeridos e dados. Foi-lhe oferecida uma viagem com todas as despesas pagas à China em 2008 para ver os Jogos Olímpicos. Mas foi retirada quando Tang anunciou um plano de realizar uma conferência de imprensa sobre a democracia na China se ele voltasse.
Também lhe foi oferecido um emprego como “colunista anônimo” numa “revista muito influente”. O salário era de 3 dólares por palavra. “Três dólares por palavra! Um artigo de 3 mil palavras lhe permitirá ganhar quase 10 mil dólares por mês. Isso é o salário de sua esposa”, destacou o Sr. S. Tang não foi convencido. “Eu não quero nenhuma relação com o Partido Comunista”, disse ele.
A oferta de uma sinecura (cargo que exija pouco ou nenhum trabalho), como este oferecido, é o primeiro passo em cooptar o alvo e trazê-los para o lado do Partido, indicou Tang. Isso sugere que alguém que costumava ser contra o regime está voltando a cantar seus louvores. Isso faria uma poderosa propaganda.
A oferta mais extraordinária oferecida pelo Sr. S, segundo Tang, foi sugerir que Tang poderia ser um conselheiro secreto de Hu Jintao, o atual líder do PCC. Ele enviaria suas ideias para o escritório de Hu, e “faria o que quisesse com o resto do tempo”, disse o Sr. S.
Por exemplo, um tópico que Tang aconselhou seria investigar como lidar com a prática espiritual do Falun Gong, disse Tang. “A questão do Falun Gong tem sido a maior dor de cabeça de Hu”, disse o Sr. S a Tang. “Hu acha que a questão do Falun Gong é um problema difícil, ele teme que o Falun Gong esteja determinado a ver a extinção do Partido.”
Tang disse que ele sugeriu que Hu primeiro libertasse todos os praticantes inocentes presos por suas crenças e depois visse o que aconteceria. “Hu não pode fazer isso, a resistência é muito grande”, disse o Sr. S, segundo Tang.
No final, o Sr. S pediu a Tang para “pensar cuidadosamente sobre” a posição de assessoria, disse Tang. Ele rejeitou. O Sr. S estava visivelmente desapontado.
Um número de amigos de Tang entrevistado pelo Epoch Times, incluindo o ativista Li Dayong e a presidente do Centro de Atendimento Global para Renuncia ao PCC, Yi Rong, confirmaram que Tang conheceu o Sr. S. O secretário da Coalizão pela Democracia e Paz na China, Zhi Sheng, um ex-colega de Tang, também disse que conheceu o Sr. S através de Tang.
O Epoch Times tem o nome e a identidade do Sr. S, que Tang forneceu na condição de não serem divulgados. Fotografias do Sr. S estavam no website da universidade chinesa em que ele trabalha, e evidências de seu tempo na Universidade de Columbia também estão disponíveis online.
O Sr. S se preparava para deixar a Universidade de Columbia em setembro de 2010. Ele estava lá há três anos. Tang pediu para manter contato, mas o Sr. S disse que “nunca o contatasse novamente”.
Com pesquisa de Jane Lin, Sophia Fang, e Angela Wang.