Embaixador sírio no Iraque deserta devido à violência

13/07/2012 03:00 Atualizado: 13/07/2012 03:00

Nawaf Fares, o embaixador sírio no Iraque, deserta. (Louai Beshara/AFP/Getty Images)O embaixador da Síria para o Iraque desertou e se juntou à crescente oposição em meio aos mais de 16 meses de violência que já deixaram milhares de mortos na Síria.

A decisão do embaixador Nawaf Fares é outro duro golpe para o regime de Bashar al-Assad, após inúmeros generais e oficiais militares fugirem para a Turquia nas últimas semanas. A lista de oficiais do regime que têm desertado é pequena, mas está crescendo.

“Eu anuncio minha renúncia ao cargo de embaixador da Síria para o Iraque, como também declaro minha deserção do partido Baath da Síria”, disse Fares numa declaração exclusiva à Al-Jazeera na quarta-feira.

“Peço a todos os membros honestos deste partido que sigam meu caminho, porque o regime o tornou [o partido] um instrumento de matar pessoas e suas aspirações à liberdade”, acrescentou ele.

Fares também pediu aos militares para se juntarem à oposição síria e derrubarem o regime de Assad. “Vire seus canhões e seus tanques para os criminosos do regime que estão matando o povo”, disse ele, segundo a AFP.

O regime sírio reconheceu a deserção de Fares, mas disse que ele “foi dispensado”, informou a TV Al-Arabiya.

“Ontem, Nawaf al-Fares fez declarações à imprensa que estão em contradição com seu dever, que consiste em defender a posição de seu país”, diz um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Síria. “Por isso, ele precisa ser legalmente processado e submetido à ação disciplinar.”

Fares é o primeiro embaixador a deixar o regime de Assad em meio ao derramamento de sangue. Segundo o Ministério das Relações Exteriores iraquiano, Fares está no Qatar, onde a Al-Jazeera é baseada.

Um ativista antigoverno sírio disse à AFP que Fares não é genuíno. “Eu sei que este homem é um criminoso”, disse Rami Abdel Rahman, do ‘Observatório Sírio para os Direitos Humanos’ sediado no Reino Unido.

“É muito semelhante à história de Manaf Tlass. Se o embaixador deserta, ele faz isso porque está ávido de poder, porque as agências de inteligência ocidentais estão procurando quem possa se encaixar numa fase de transição”, acrescentou ele.