Embaixada chinesa tenta impedir protesto em visita do líder a Paris

05/04/2014 10:00 Atualizado: 04/04/2014 18:01

Praticantes do Falun Gong, uma prática espiritual que tem sido submetida à severa perseguição na China nos últimos 15 anos, tiveram de recorrer ao Tribunal Administrativo de Paris para organizar um protesto pacífico e comício diante da embaixada chinesa em Paris, na França, durante a visita do líder chinês Xi Jinping, na semana passada.

Devido à pressão de funcionários da embaixada chinesa, o departamento de polícia de Paris recusou a solicitação de protesto em 26 de março, um dia antes do evento. A Associação Francesa do Falun Dafa (AFFD) fez um apelo urgente ao Tribunal Administrativo de Paris, que posteriormente realizou uma audiência na tarde de 26 de março.

De acordo com um artigo no Minghui.org, um website mantido por praticantes do Falun Gong, o juiz Doumergue determinou que a proibição emitida pela polícia de Paris era ilegal e violava a liberdade de expressão e de reunião. Ele ordenou que o departamento de polícia retirasse a proibição e pagasse 1.500 euros à AFFD.

Assim, os praticantes realizaram sua manifestação em frente à embaixada da China em 27 de março de 2014 e explicaram aos transeuntes os detalhes da perseguição que sofrem nas mãos das autoridades chinesas.

Apelo pelo fim da perseguição

O sr. Alain Tang, presidente da AFFD, disse que a manifestação na embaixada chinesa durante a visita do líder chinês Xi Jinping a França tem um grande significado.

Tang disse que a identidade de pelo menos 3.745 praticantes do Falun Gong, que morreram como resultado da perseguição, foram confirmadas pelo Minghui, enquanto centenas de milhares de praticantes foram detidos em presídios, hospitais psiquiátricos, campos de trabalho forçado e centros de lavagem cerebral.

“Pedimos que o sr. Xi leve à justiça os principais perpetradores – Jiang Zemin, Luo Gan, Zhou Yongkang, Zeng Qinghong e Li Lanqing – e que pare imediatamente a perseguição ao Falun Gong na China”, disse Tang. “O PCC exerce pressão sobre os países ocidentais por meios econômicos e diplomáticos para evitar a condenação de seus crimes contra a humanidade”, acrescentou ele.

Extração forçada de órgãos

O Dr. Harold King, um representante francês dos ‘Médicos contra a Extração Forçada de Órgãos’ (DAFOH), pediu o fim imediato da extração forçada de órgãos na China. Ele disse que quase todos os órgãos para transplantes na China são de prisioneiros, muitos dos quais são de prisioneiros de consciência, principalmente de praticantes do Falun Gong.

O procurador Gabard, consultor jurídico da AFFD, se disse satisfeito com a decisão judicial. Ele disse que o protesto não era contra Xi Jinping, mas contra a política de perseguição ao Falun Gong, e que não era apropriado à polícia de Paris tratar a manifestação como um evento hostil a Xi.

Acordos e diplomacia

Acordos e comemorações de meio século de relações diplomáticas francesas com a China comunista foram o foco declarado da visita de três dias de Xi Jinping à França, segundo a imprensa. Cerca de 50 acordos comerciais foram assinados no valor estimado de 18 bilhões de euros (US$ 24,8 bilhões).

Numa cerimônia no dia 27 de março, o presidente francês François Hollande disse a Xi: “Bem-vindo à França, Sr. presidente. Você está aqui num país amigo.”

“Ele não mencionou os direitos humanos ou questões de liberdade de imprensa, que ativistas esperavam que ele mencionasse”, comentou uma reportagem da Associated Press.

Enquanto visitava a Alemanha, em 28 de março, aprofundar os laços comerciais também assumiu o centro do palco na reunião de Xi Jinping com a chanceler alemã Angela Merkel, incluindo um acordo entre os bancos centrais dos países para permitir que pagamentos em yuan fossem resolvidos no centro financeiro da Alemanha, Frankfurt.

No entanto, Merkel, que é conhecida por sua franqueza, lembrou Xi da importância da liberdade de expressão. De acordo com a Associated Press, Merkel disse que ela havia deixado claro que “a expressão ampla e livre da opinião é naturalmente um elemento fundamental para avançar a criatividade de uma sociedade”. Xi não respondeu a isso, segundo o artigo.