Elite do Partido Comunista Chinês se despede de Marx em troca do fengshui

09/02/2015 20:26 Atualizado: 09/02/2015 20:26

Enquanto o fengshui e outras crenças tradicionais ganham força entre os altos funcionários do regime comunista chinês, 60 anos de ateísmo obrigatório mostram suas rachaduras.

Na campanha disciplinar em curso do regime chinês, muitos dos milhares de funcionários demitidos por corrupção também foram flagrados engajando-se em atividades decididamente hostis à ideologia materialista do Partido Comunista – leitura da sorte, consultar monges budistas e mestres taoístas, praticar fengshui e etc.

De acordo com um comentário publicado em 4 de fevereiro na mídia estatal Diário do Povo, alguns líderes comunistas “não consultam Marx nem Lênin, mas em vez disso consultam vários ‘mestres’” quando enfrentam desafios em suas vidas e carreiras.

O artigo criticava os funcionários do Partido Comunista por buscarem soluções no sobrenatural, acusando-os de “fé confusa e espírito desmoralizado”.

“Estes fenômenos não podem ser ignorados. Alguns dirigentes e quadros estão obcecados com queimar incenso, orar e engajar-se em fengshui. Seus escritórios estão repletos de ‘pedras auspiciosas’ e pilhas de contas de boa sorte.”

O fengshui, também conhecido como geomancia, é uma antiga tradição de orientar objetos, como edifícios, mobília ou plantas, de forma harmoniosa ou espiritualmente auspiciosa.

Embora o Partido Comunista promova o ateísmo e o materialismo por meio da propaganda estatal e da educação doutrinária (ou lavagem cerebral política), as atividades “supersticiosas” são comuns no próprio Partido Comunista.

Li Chuncheng, o desgraçado ex-vice-secretário do Partido Comunista na província de Sichuan, gastou dezenas de milhões em fundos públicos para que um mestre taoísta fizesse um exorcismo para ele, segundo um editorial na mídia estatal Xinhua.

Zhou Yongkang, que anteriormente dirigiu as vastas forças da segurança interna da China, tinha seu mestre particular de fengshui, Cao Yongzheng, que também era seu “homem mais confiável”, segundo um artigo da revista chinesa Caixin. Zhou está agora sob investigação oficial por corrupção e uso indevido do poder.

Outros funcionários consultam especialistas para ajudá-los a determinar os dias propícios para começar e concluir seus projetos. Mas o Partido Comunista proíbe seus funcionários de terem crenças religiosas.

“Essas tendências supersticiosas têm sido denunciadas há muito tempo”, diz o comentário do Diário do Povo. “Quadros do Partido deve estar claros sobre questões de fé.”

A ampla prática das chamadas atividades supersticiosas pela elite comunista reflete o vazio da ideologia marxista, segundo o comentarista político Zhang Dongyuan em entrevista com o Epoch Times.

Depois de dezenas de anos de propaganda e doutrinação ateísta, não só as pessoas se recusam a abandonar a sua fé, mas enorme dano foi causado à cultura tradicional e à sociedade chinesas, disse Zhang. As autoridades chinesas professam os princípios do marxismo-leninismo apenas para promover suas carreiras e interesses, mas poucos ou ninguém têm verdadeira fé no comunismo.

“Ele [o comunismo] falhou completamente”, disse Zhang.