É com o apoio dos eleitores de uma crescente direita e centro-direita que Marina Silva (PSB) assegura seu empate com a presidente Dilma Rousseff no primeiro turno da eleição presidencial e, sobretudo, derrota a petista na simulação de embate final. Dilma tem 35% das intenções totais de voto contra 34% de Marina Silva, mostrou a pesquisa Datafolha finalizada na última quarta-feira (3).
Se o primeiro turno fosse só entre os eleitores de direita ou de centro-direita, porém, a vantagem numérica não seria de Dilma, mas da ex-ministra do Meio Ambiente. Marina Silva, no entanto, fica nove pontos atrás da petista no grupo dos eleitores de esquerda. E aparece ligeiramente atrás quando são analisadas as preferências dos eleitorados de centro e de centro-esquerda.
Isso tudo ocorre porque as intenções de voto em Dilma crescem conforme o eleitor tende à esquerda. Com o senador tucano Aécio Neves (14% das intenções totais de voto), a tendência é oposta: quanto mais à direita estiver o eleitor, melhor é seu desempenho.
Na simulação de segundo turno mais provável da atual disputa, as inclinações dos esquerdistas por Dilma e dos direitistas por Marina Silva aparecem ainda mais acentuadas. No universo de eleitores de esquerda, Dilma ganha o embate final por 50% a 43%. Mas conforme o eleitorado caminha para a direita, aumenta a vantagem de Marina Silva.
Entre os eleitores de centro-direita, a diferença pró-candidata do PSB é de 12 pontos. Entre os de direita, atinge 14 pontos (49% a 35%). Para chegar a essas conclusões, o Datafolha cruzou os dados de intenção de voto com informações colhidas num questionário que mede a inclinação ideológica de cada pessoa entrevistada.
Funciona assim: além das tradicionais questões sobre voto, rejeição, grau de conhecimento e avaliação do governo, os entrevistados são confrontados com afirmações antagônicas em 16 temas. São perguntas que costumam demarcar bem diferenças entre os pensamentos de direita e de esquerda, como a influência da religião na formação do caráter e o entendimento sobre as causas da criminalidade, por exemplo.
Com base nos resultados, os eleitores são agrupados em alguma das cinco posições de uma escala ideológica (esquerda, centro-esquerda, centro, centro-direita e direita). Para desenvolver essa pesquisa, o Datafolha usou como referência os métodos do Pew Research Center em estudos sobre o voto americano. Em 2012, o instituto fez seu primeiro levantamento com escala ideológica de eleitores; em novembro de 2013, a primeira investigação nacional desse tipo.