Com 93% dos votos apurados, a eleição presidencial colombiana terá um segundo turno entre o candidato da oposição Óscar Iván Zuluaga (29,21%), apoiado pelo ex-presidente Álvaro Uribe, e o presidente Juan Manuel Santos (25,45%). O resultado determina um segundo turno com visões antagônicas sobre o acordo de paz negociado com a organização terrorista e traficante de cocaína: Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), desde 2012.
Santos e Zuluaga disputarão os eleitores dos candidatos do Partido Conservador, Marta Lucía Ramírez (15,58%), da esquerdista Clara López (15,36%) e do Partido Verde, Enrique Peñalosa (8,35%). O candidato da coalizão de direita apresentava maior apoio no centro do país, enquanto Santos, representante de um agrupamento de centro-direita, vencia na costa e nas fronteiras. Santos lidera uma coalizão de centro-direita encabeçada pelo Partido de la U (Partido da Unidade, fundado por Uribe em 2005) que tem como mote a paz com a guerrilha. Mesmo em seus discursos no papel de chefe de Estado, Santos não dispensa a figura de uma pomba branca na lapela associada a sua campanha.
Ex-ministro de Defesa de Uribe (2002-2010), encarregado de executar as missões que mataram alguns dos principais líderes das Farc, uma vez no poder Santos adotou a moderação na relação com o grupo armado e em temas de política externa. Normalizou as relações com a Venezuela e o Equador, rompidas no governo anterior. Durante a campanha, foi criticado pelos adversários por se apresentar como o único capaz de terminar com 50 anos de conflito armado no país.
Zuluaga representa o Centro Democrático, que apesar do nome concentra o ideário mais à direita no espectro político colombiano. O partido foi criado em janeiro de 2013 por Uribe, que impedido de buscar um terceiro mandato tentou colocar na nova legenda seu nome. Ex-ministro da Fazenda de seu mentor, Zuluaga subiu nas pesquisas eleitorais até o ponto de algumas o colocarem em empate técnico com o presidente e darem a ele pequena vantagem em um segundo turno. A ascensão coincidiu com as críticas ao ponto da negociação com as Farc que prevê penas leves para os líderes da guerrilha e sua inserção na política; 75% dos colombianos rejeitam o perdão aos narcotraficantes das Farc, segundo a Universidad de Los Andes. Zuluaga também exige uma trégua incondicional e um cessar-fogo completo das Farc, algo de que Santos abriu mão. Para seus opositores, na prática isso seria encerrar o diálogo de paz.