A eleição de Hassan Rowhani como o novo presidente iraniano prediz o bem, não só para o Irã, mas também para o mundo, onde ambos estão cansados da retórica sem sentido do ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad. Quando, em um comício, o Sr. Rowhani declarou que: “Nós não temos outra opção a não ser a moderação”, ele também definiu o que será uma das principais características de seu governo: a abordagem mais conciliadora com o mundo e o fim do isolamento internacional do país.
O Sr. Rowhani tem um engajamento especial com a juventude do país – dois terços dos 70 milhões de iranianos com menos de 35 anos -, que almejam um país mais livre e mais aberto, o qual estava fechado sob o comando de Ahmadinejad. Ele já indicou que freará as atividades da “polícia moral”, que prende mulheres por não usarem lenços e casacos apropriados, que censura a Internet e, em consenso com as autoridades governamentais, libertará presos políticos.
O transparente processo eleitoral que culminou na vitória do Sr. Rowhani foi muito diferente do da última eleição presidencial de 2009. Muitos acreditam que os resultados da última eleição foram manipulados para o retorno de Ahmadinejad ao poder. Desde então, muitos dos líderes do chamado Movimento Verde ainda estão em prisão domiciliar.
Talvez seja nas questões de energia nuclear onde a população têm grandes esperanças para o novo governo do Sr. Rowhani. Ao contrário de Ahmadinejad, que não têm muita experiência sobre o assunto, o Sr. Rowhani tem ótimo relacionamento com as três principais potências da União Europeia – Reino Unido, França e Alemanha – sobre as questões do programa nuclear iraniano.
O Sr. Rowhani foi secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã por 16 anos, sob o comando dos ex-presidentes Akbar Hashemi Rafsanjani e Mohammad Khatami, onde ambos apoiaram fortemente a sua candidatura. Foi durante a presidência de Khatami que o Irã congelou seu programa nuclear, afrouxou as restrições sociais e apoiou o diálogo com o Ocidente, políticas que foram revertidas durante o mandato de Ahmadinejad.
As políticas de Ahmadinejad provocaram um aumento no ostracismo internacional do país. Através de discursos de confronto, ele manteve o mundo em suspense com suas palavras de guerra contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Entre os muitos desafios que o Sr. Rowhani enfrentará talvez o principal seja a questão do desemprego dos jovens, o que provocou uma das mais altas taxas de fuga intelectual no mundo. Atualmente, a taxa de desemprego do país é de cerca de 12%, embora muitos analistas acreditam que seja duas vezes maior. O desemprego juvenil é estimado em 40% pelo país.
Muitos jovens acreditam que com uma melhor educação possam ter melhores oportunidades de emprego, mas a realidade atual frusta suas esperanças. Eles precisam esperar mais tempo para alcançar muitos dos seus objetivos, como o primeiro emprego e o casamento após a graduação. Essa situação cada vez mais comum no Irã foi apelidada no Oriente Médio como: “vizinhança da paciência”.
Na esfera internacional, o Sr. Rowhani tem a tarefa quase intransponível de acabar – ou pelo menos diminuir – as sanções internacionais contra o seu país por causa da continuidade do programa nuclear iraniano. O seu passado, entretanto, fornece uma indicação positiva devido as negociações com Jack Straw, então ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, e com outros altos funcionários europeus, sobre a suspensão temporária do programa de enriquecimento nuclear iraniano. Straw chamou as habilidades de negociação do Sr. Rowhani de “extremamente profissionais”, uma característica rara para um político iraniano ao lidar com questões nucleares.
A flexibilização das sanções internacionais seria uma dádiva para a economia iraniana, que se deteriorou rapidamente com as sanções. Estima-se que a inflação agora está em 30% ao ano e o valor do Rial, a moeda nacional, caiu mais da metade. A Agência Internacional de Energia estimou que o Irã perdeu mais de US $ 40 bilhões em receitas de exportação em 2012.
Até agora, não havia expectativas de que as negociações entre o Irã e as potências ocidentais, lideradas pelos EUA, tivessem um avanço significativo. Entretanto, a eleição do Sr. Rowhani pode alterar substancialmente o status quo e tirar o Irã do atoleiro que está imerso até agora.
Artigo: Cesar Chelala, MD, Ph.D., é um consultor de saúde pública internacional e escritor. Ele também é co-vencedor do prêmio de jornalismo Overseas Press Club of America.
—
Epoch Times publica em 35 países em 21 idiomas
Siga-nos no Facebook: https://www.facebook.com/EpochTimesPT
Siga-nos no Twitter: @EpochTimesPT