Esforços para bloquear conversações sobre o Falun Gong resultam em situação tragicômica
A reunião do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas em Genebra em 19 de setembro testemunhou um exemplo vívido de como diplomatas e oficiais do Partido Comunista Chinês (PCC) costumam tentar manipular o sistema em benefício próprio.
Ao tentar interromper um palestrante, afiliado a uma ONG da ONU, a delegação chinesa tentou ganhar tempo e atrasar a apresentação para prevenir a transmissão de questões desconfortáveis às autoridades chinesas.
Chen Shizhong, um pesquisador dos direitos humanos na China, apenas começou sua apresentação na 21ª reunião da 24ª Sessão Ordinária do Conselho de Direitos Humanos da ONU na Suíça. Seu discurso começou assim:
“[Meu grupo] urge ao Conselho de Direitos Humanos que preste atenção aos 14 anos de perseguição ao Falun Gong na China, que tem custado um grande número de vidas. Não só isso tem sido uma das maiores crises mundiais dos direitos humanos, mas a suposta extração forçada de órgãos de praticantes do Falun Gong pelo Partido Comunista Chinês também constitui uma importante…”
Nesse ponto a delegação chinesa não se conteve e começou a interromper sucessivamente a apresentação.
O Falun Gong é uma prática espiritual que é perseguida brutalmente pelo regime chinês. As interrupções continuaram por cerca de mais dez minutos, até que a delegação chinesa foi efetivamente ordenada a não interromper pelo Secretariado, que é responsável por manter a ordem nas câmaras do Conselho.
Depois de falar livremente por cerca de três minutos, Chen Shizhong foi interrompido novamente, no mesmo ponto: a delegação chinesa alegou que o palestrante Chen não estava realmente associado ao grupo pelo qual falava. (Neste caso, era o Partido Não Violência Radical, uma ONG europeia pacifista-esquerdista com status na ONU.) Os chineses sabiam com certeza que Chen estava devidamente credenciado, mas várias vezes insistiram no mesmo ponto.
“O Secretariado nem mesmo sabe o nome do orador”, disse o representante chinês numa interrupção. “Esperamos que o Secretariado identifique e esclareça quem é essa pessoa.”
O palestrante do Falun Gong era apoiado pelo Reino Unido, Itália, Suíça, Suécia, França e Estados Unidos. “O orador tem o direito de falar e o que ele está dizendo é relevante”, disse o representante dos EUA em certo momento, enquanto gesticulava enfatizando a razoabilidade do pedido.
“Estamos ansiosos para ouvir até o final a declaração da ONG…”, disse o representante da República Checa. E acrescentou que os chineses haviam apenas “tornado a declaração a mais popular do dia”. Aplausos irromperam e o vice-presidente se esforçou para esconder o riso. A tentativa de sabotar o discurso do Falun Gong parece ter saído pela culatra.
Ethan Gutmann, um pesquisador dos abusos de direitos humanos na China, particularmente da colheita forçada de órgãos de praticantes do Falun Gong, encontrou uma delegação chinesa num fórum organizado por outros ativistas de direitos humanos em março deste ano. “Eles alegaram que era uma reunião ilegal e assim por diante. Eles tentaram ganhar tempo, mas não apresentavam seus nomes. Eles fotografaram todos os participantes na tentativa de intimidá-los e foram muito agressivos e ostensivos a respeito”, escreveu Gutmann num e-mail.
Uma mulher não identificada, que parecia ser chinesa, também tentou fotografar Chen Shizhong enquanto ele discursava na quinta-feira. Ela foi advertida repetidamente por um dos oficiais da ONU até finalmente guardar sua câmera.
Em março, as palhaçadas da delegação chinesa também chamaram a atenção dos observadores. O Boletim Mundial, uma empresa de mídia baseada na Turquia, disse numa nota posterior: “Durante os debates, os diplomatas chineses causaram um escândalo por furiosamente jogarem longe os microfones colocados em sua mesa por representantes da mídia para captação de vídeo e áudio.” E concluiu: “A reação dos diplomatas chineses foi considerada descortês.”