Será que os jogos proporcionam um impulso para a economia?
Nos Jogos Olímpicos de 1912 em Estocolmo, na Suécia, quando ainda havia uma competição em literatura, o Barão Pierre de Coubertin conquistou a medalha de ouro com seu poema “Ode ao Esporte”.
Na oitava estrofe dizia, “O esporte, você é Progresso! (…) Você ensina [o homem] regras sábias que lhe permitem exercer-se com o máximo de intensidade, sem comprometer sua boa saúde.”
Com os Jogos de 2012 já em pleno andamento em Londres, o mesmo pode ser dito sobre a economia das Olimpíadas?
Foram os planejadores oficiais guiados por regras sábias e eles investiram apenas a quantidade certa, a fim de maximizar o benefício do povo britânico? Ou será que comprometeram a boa saúde das finanças públicas?
Reforço econômico positivo em curto prazo esperado
Um relatório global divulgado pela Goldman Sachs, intitulado, “Os Jogos Olímpicos e a Economia em 2012”, lida exatamente com essas questões. Os autores analisaram os últimos Jogos Olímpicos em Pequim e Sydney e também fazem projeções para Londres 2012.
Segundo o relatório, os atuais Jogos de Londres serão rentáveis na medida em que as receitas excederão o custo direto de promover os jogos. Apenas a venda de ingressos deve chegar a 500 milhões de libras (785 milhões de dólares).
Além disso, o Goldman Sachs espera um impulso econômico em curto prazo no terceiro trimestre de 1,2-1,6% do PIB numa taxa anual. Esse aumento virá dos gastos dos organizadores em pessoal, segurança e outros equipamentos necessários para executar os jogos. Além disso, hotéis, restaurantes e varejistas verão um aumento na demanda de turismo.
Esta análise custo-benefício em curto prazo exclui os gastos em infraestrutura e com segurança, totalizando 8,5 bilhões de libras (13,4 bilhões de dólares). Aqueles podem ser recuperados com a venda de terrenos e instalações, mas isso levará tempo e o impacto econômico geral é muito mais difícil de quantificar, segundo o relatório.
Lições de Pequim e Sydney
A experiência dos jogos recentes em Sydney e Pequim foi diferente, enquanto análises antes-depois dos jogos mostram que ambos provavelmente resultaram numa perda econômica. No caso de Sydney, segundo um estudo realizado por Madden e Giesecke da Universidade Monash, os jogos provavelmente custaram à economia australiana AU$ 2 bilhões.
Goldman explica esse fenômeno pelo fato de que a economia australiana já estava operando a plena capacidade durante um boom econômico em 2000 e os investimentos adicionais e o consumo apenas sobrecarregaram outras atividades econômicas.
O mesmo é verdadeiro para Jogos de Pequim 2008. Goldman observa que a economia do país superaqueceu e que o investimento em infraestrutura já estava desenfreado, assim os 40 bilhões de dólares de gastos em mais de seis anos e meio acrescentaram pouco ao estoque de capital do país.
Além disso, o turismo não cresceu como esperado, desta vez, afetado pela crise de crédito de 2008, “Durante o período em que as Olimpíadas foram realizadas, a chegada de turistas alcançou um dos pontos mais baixos desde que os dados começaram em 1998. Isto sugere que os hotéis totalmente lotados de Pequim e instalações turísticas não foram inteiramente representativos das condições de todo o país na época.”
Ainda pior para a economia, o regime chinês decidiu fechar fábricas poluentes num raio de 500 km ao redor da cidade. Embora isso possa ter tido um impacto positivo em curto prazo sobre o ambiente, também intensificou os problemas econômicos que se formavam no outono de 2008, enquanto muitas dessas fábricas nunca reabriram.
O difícil período econômico atual, no entanto, faz o benefício em curto prazo dos Jogos Olímpicos em Londres mais viável, “Os efeitos multiplicadores positivos dos jogos deste ano podem ser maiores do que têm sido nas Olimpíadas passadas, como Pequim, Atenas e Sydney (quando as economias anfitriãs já estavam operando quase a plena capacidade).”