Economia chinesa se contraiu no primeiro trimestre

01/06/2015 20:35 Atualizado: 01/06/2015 20:35

Diana Choyleva fez análises econômicas sobre a China para o Lombard Street Research desde que saiu da universidade, há mais de uma década. Diana disse que a China chegou ao fim do seu modelo de crescimento liderado pelas exportações e previu um crescimento médio de 6% ao ano para a China nesta década. Diana Choyleva é economista chefe do Lombard Street Research.

No entanto, Diana Choyleva acredita que a China tem os meios e ferramentas para gerenciar seus problemas de endividamento.

Epoch Times: Sra. Choyleva, quais são as questões mais importantes em seu radar sobre a China?

Sra. Diana Choyleva: O crescimento da China abrandou drasticamente. Nossa estimativa sugere que, na China, o crescimento trimestral anualizado médio foi de apenas 6% nesta década e abaixo de 5% em 2014. Para o primeiro trimestre de 2015, as análises indicam que houve uma contração.

Atualmente, as vulnerabilidades da economia estão muito mais disseminadas do que logo depois da crise financeira, quando a demanda doméstica entrou em colapso. Mas as autoridades já perceberam que eles não podem mais simplesmente injetar dinheiro para fomentar o crescimento. Eles precisam de reformas. No entanto, o regime chinês não foi completamente testado quanto à quantidade de sacrifício que quer fazer. Este ano será crucial para saber se os líderes chineses vão realmente manter o plano de reformas.

Eles estão na fronteira tênue entre conviver com certas vulnerabilidades na economia e fazer as reformas necessárias. Mas eles querem evitar um colapso econômico. Não é difícil ver como eles podem fracassar na gestão desse ajuste.

Diana Choyleva, chefe de pesquisa e economista-chefe da Lombard Street Research
Diana Choyleva, chefe de pesquisa e economista-chefe da Lombard Street Research (Lombard Street Research)

Epoch Times: Como eles podem resolver o problema da dívida sem asfixiar a economia?

Sra. Choyleva: Eles precisam limpar a bagunça do passado. Durante a crise bancária anterior, em meados dos anos 1990, eles varreram os problemas para debaixo do tapete. Quando começaram, a expectativa era que a dívida ruim seria absorvida.

Mas os títulos foram para os balanços dos bancos. Em 2011, eles ainda eram 30% do capital dos bancos. Então, em 2012, o Ministério das Finanças comprou um monte desses títulos pelo valor facial e agora eles estão no balanço do “regime chinês”.

Epoch Times: E agora?

Sra. Choyleva: É claro que qualquer saneamento na economia significa aceitar perdas. Será importante ver se os bancos vão suportar os custos dos ajustes ou se as autoridades vão novamente absorver os maus empréstimos pelo valor facial.

Ninguém sabe realmente o verdadeiro valor da dívida podre na China. Mas para ver se as autoridades podem pagar pelo saneamento, vamos supor um cenário drástico em que 50% dos empréstimo agregado das famílias e do crédito liquido às empresas sejam ruins e que nada possa ser recuperado.

Então, se o governo tiver que transferir os maus empréstimos para seu balanço como um aumento pontual de sua dívida, a dívida pública bruta aumentará para mais de 110% do PIB. É um grande salto, mas o Japão conseguiu manter níveis mais elevados por um longo tempo, apesar de crescer a taxas muito mais baixas.

Epoch Times: Mas isso terá consequências, não é?

Sra. Choyleva: O que já é tarde demais para eles fazerem é reequilibrar a economia e, ao mesmo tempo, conseguir manter forte crescimento. O saneamento dos excessos do passado implica baixo crescimento, dificuldades financeiras e doloroso ajuste econômico. Mas se eles deixarem de lado as reformas e jogarem novamente dinheiro na economia, então, eles terão uma crise financeira nos próximos dois anos.

Duvido que será um processo suave. Por enquanto, eles estão tentando empurrar adiante a economia o quanto puderem, mas, junto, implementar as reformas necessárias. Mas se eles não tentarem suavizar o impacto dos ajustes na economia, poderá ser devastador. Eu penso que as autoridades tentarão fazer os ajuste necessários o máximo que puderem e, ao mesmo tempo, tentarão evitar que a economia entre em colapso.

As condições monetárias estão muito apertadas, apesar de alguma flexibilização. O crescimento do agregado monetário amplo continua a desacelerar em vez de explodir como ocorre alguns meses depois que começaram a aliviar a economia em 2008. Eu penso que eles estão tentando equilibrar as coisas e sair disso de alguma maneira, mas é um ajuste extremamente difícil.

Epoch Times: Pode dizer algo sobre a China ter recentemente pedido para ser incluída na reserva mundial do FMI (SDR)?

Sra. Choyleva: Uma das razões de eles querem participar dessa “cesta” é que eles esgotaram o sistema bancário como fonte de recursos para expansão fiscal.

Eles precisam começar a emprestar de entidades não bancárias. Permitir que os governos locais emitam títulos municipais é parte desse plano.

Empréstimos internos podem ser mais fáceis, mas eles podem querer ter a possibilidade de contrair empréstimos externos a taxas acessíveis. Atualmente, eles praticamente não pegam empréstimos no exterior.

Para fazer isso, eles serão obrigados a ter uma forte notação de risco e credibilidade. As reservas do FMI é uma maneira de conseguir empréstimos. A próxima etapa do desenvolvimento da China necessariamente envolve um aumento da dívida oficial do governo.