Louise Troh, em entrevista para Associated Press, disse que está exausta da quarentena a qual ela e sua filha estão passando. A Sra. Louise é a dona do apartamento onde Thomas Eric Duncan esteve hospedado, e onde este se tornou a primeira pessoa a ser infectada pelo para o vírus do Ebola fora do continente africano. Louise afirma estar sofrendo do stress e cansada de estar trancada, porém o fato mais importante é que os EUA deixaram entrar em seu território uma pessoa portando o vírus mortal que está amedrontando o oeste da África.
Até 28 de setembro de 2014 o número de casos no continente africano é de 7191 pessoas, com 3286 vítimas fatais, configurando uma tragédia com uma taxa de mortalidade de 45,7%. Porém esses dados não podem ser levados totalmente a sério, pois a realidade das autoridades locais e voluntários internacionais é de medicina de guerra. Dentre os casos relatados existem vários falsos positivos. E isso ocorre pois há uma necessidade urgente de isolar qualquer pessoa que manifeste sintomas que possam estar relacionados à doença. Outro problema é que dos dados oficiais relatados são relacionados a pessoas que procuram assistência em hospitais e delegacias, então qualquer óbito fora desse escopo não é contabilizado. Com isso a taxa de mortalidade pode ser considerada muito maior, já que dados técnicos apontam que a taxa de mortalidade em epidemias anteriores beiravam os 90%.
Qual é a diferença da epidemia de 2014 para as anteriores, uma vez que todo ano este vírus se manifesta, mas tanto a abrangência, gravidade e duração não se aproximam do que está ocorrendo neste ano? Muitos dizem que o vírus continua a sua mutação e que este ano estamos lidando com um maior risco de contágio e de morte, apesar de não termos um vírus que se transmite pela via aérea; por enquanto a transmissão se dá pelo contato ao fluido corporal de uma pessoal infectada pelo vírus. Do começo do ano até maio a evolução dos casos comportava-se como algumas epidemias mais graves anteriores, porém um fato novo foi adicionado a equação: uma ideologia anti-ocidental disseminada por autoridades políticas e religiosas tribais em Guiné, Serra Leoa e Libéria, afirmando que o Ebola é uma mentira inventada por países como EUA, França e Inglaterra.
Nestes países, incitados por esta ideologia, pacientes fugiram, familiares ou multidões invadiram postos de saúde, fazendo com que os profissionais que ali estavam tentando conter o avanço da epidemia perdessem o controle da situação, assim o vírus circulou livremente. Comunidades inteiras começarem a manifestar sintomas da doença fazendo com que no final de maio o crescimento da doença mudasse para um crescimento geométrico, em escala logarítimica. Em outras palavras, se no começo de junho foram 211 óbitos, no início de agosto foram 887 e ao início de setembro chegou-se ao número assustador de 2089 mortes. Os países infectados declararam estado de emergência, e os países vizinhos fecharam suas fronteiras.
Hoje, a circulação de pessoas no oeste da África está extremamente restringida, fazendo com que as economias dos países da região sejam afetadas de forma considerável. O países mais afetados, Guiné, Serra Leoa e Libéria sofrem grande pressão internacional: que contenham a evasão de portadores do vírus por avião, já que o tráfego aéreo ainda não foi bloqueado.
Acontece que Thomas Eric Duncan mentiu para as autoridades liberianas, e num formulário que está sendo entregue para todas pessoas que estão saindo do país, ele marcou não para todas as questões. Quem responde negativamente em todos os pontos, afirma para os oficiais da Libéria que ele não porta o vírus e que ele não sofre de nenhum sintoma que possa se manifestar em uma pessoa na fase inicial da infecção do Ebola. O destino pelo Sr. Thomas foi os EUA, um país em que, como no Oeste da África, existem pessoas afirmando que esta doença assustadora é uma invenção do ocidente para flagelar países em desenvolvimento. No dia 2 de outubro, Louis Farrakhan, afirmou que “o Ebola e a AIDS foram criadas pelo governo dos EUA para “despopular” do mundo a população negra”.
Thomas chega aos Estados Unidos sem avisar previamente o presidente desta nação, deixando Barack Obama dizer dias atrás que “é improvável que doença chegue à América”. A situação do país, no que diz respeito ao controle de pessoas entrando em solo americano, não é das melhores. A fronteira sul dos EUA está aberta para um influxo colossal de pessoas da América Central e México, devido a rumores que a administração democrata irá garantir anistia aos imigrantes ilegais. Críticos alertavam para a possibilidade de uma pessoal infectada entrar no país pela via terrestre. Mas, de forma simples, isto aconteceu em um aeroporto, onde o cidadão americano é submetido a revistas invasivas e humilhantes. O infectado entrou em solo americano sem mais problemas.
Ideologia somada à incompetência. Eis a receita para consolidar esta tragédia que está acontecendo no Oeste da África. Mesmo após o primeiro caso positivo de Ebola, diagnosticado fora da África, no caso no Texas, as autoridades americanas seguem este mesmo padrão de comportamento. Na região original da doença comunidades inteiras estão em quarentena. Já em Dallas, são poucas as pessoas que entraram em contato com o liberiano infectado seguindo o protocolo de segurança padrão para o Ebola.
Neste grupo temos Louise Thoh, que como já foi afirmado, já apresenta sinais de irritação com menos de uma semana de confinamento. A doença que estamos abordando tem grande potencial para se espalhar pela população americana se a administração corrente continuar a ignorar seus riscos, para satisfazer seu viés politicamente correto. Se isto acontecer, o problema não será acalmar a Sr. Louise, e sim uma densa população que ficará extremamente irritada por saber que a doença entrou em território nacional por falta de cuidados básicos do governo americano. Aí uma tragédia muito maior poderá afligir os Estados Unidos.
Flávio Garcia é engenheiro de software
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