A Federação internacional da Cruz Vermelha (IFRC, em inglês) alertou ontem (18), em declarações à Agência Lusa, para a necessidade de reforçar a informação à população para impedir o avanço do ebola na África.
No quadro de uma formação para preparar uma equipe médica que irá participar nos próximos dias das operações da Cruz Vermelha em Serra Leoa, a coordenadora de saúde em emergências, Amanda McClelland, salientou “a necessidade de adaptar as mensagens de prevenção” para que as populações “entendam os riscos e os interpretem”.
“É crucial fazer com que as comunidades entendem o que é um centro de tratamento do ebola e que o aceitem” de modo a facilitar o trabalho dos profissionais.
De acordo com a responsável, a diminuição dos casos depende da modificação de comportamentos individuais e não de alterações de fatores exteriores como são o caso de doenças como a cólera, que dependem de infraestruturas de saneamento.
“É preciso mais dedicação, cada indivíduo é um caso, é um processo longo”, avisa.
Por outro lado, os profissionais de saúde devem estar atentos aos rumores que em muitos casos refletem o medo das populações.
Na Guiné-Conacri, os voluntários foram acusados de pulverizar ebola e foram atacados por moradores quando, na realidade, estavam espalhando cloro para desinfetar uma casa onde vivia um homem infectado.
As organizações humanitárias também foram acusadas de extrair e vender órgãos, porque as famílias não podiam ver os pacientes nem assistir aos funerais, explicou Amanda McClellad.
Para a responsável, as mensagens e as operações devem ser adaptadas conforme os valores culturais e os rumores nas diversas regiões.
Por exemplo, no centro de tratamento onde trabalhou Amanda McClelland, em Freetown, Serra Leoa, foi construído um espaço onde as famílias podiam rezar e ver os funerais, acabando assim com alguns mitos como o tráfico de órgãos.
Desde março, a Federação internacional da Cruz Vermelha trabalha em 13 países: Guiné-Conacri, Libéria, Serra Leoa e Nigéria e em grande escala na Costa do Marfim, Mali, Senegal, Camarões, Benim, Togo, Chade, Republica Centro Africana e Gâmbia.
Desde o início do ano, a epidemia causou perto de 2.630 mortos entre os 5.357 casos registados, a maior parte concentrados em três países da África Ocidental, segundo o último levantamento da Organização Mundial de Saúde.