O exército chinês tem duas faces muito diferentes. A que eles revelam mostra soldados, aviões e navios – todos com capacidades duvidosas. Mas a face que os militares chineses não revelam, no entanto, é a que preocupa os legisladores americanos.
Essa outra face é o que estrategistas militares chineses chamam de “trunfo” ou “marreta assassina”. Estas são uma série de armas e sistemas projetados para permitir que a China combata a vantagem tecnológica de um adversário, desativando a tecnologia que de outra forma colocaria os militares chineses em desvantagem.
Em 6 de junho, um general recém-aposentado da China advertiu os Estados Unidos sobre essas armas.
“Muitas vezes falamos de armamentos-trunfo”, disse o tenente-general Wang Hongguang, que se aposentou em 2012, num artigo de opinião na mídia estatal chinesa Global Times. Então, ele disse que a China usará essas armas de repente, e advertiu os americanos em seu “orgulho e arrogância” que “não fiquem sob seus pés”.
O artigo de opinião de Wang foi em resposta a um artigo de Kyle Mizokami, publicado em 15 de maio no National Interest, intitulado “Cinco armas de guerra dos EUA que a China deveria temer”. Mizokami discute a geração atual de jatos, navios e submarinos militares dos EUA.
Em sua resposta, Wang vagamente discute as contramedidas da China destinadas a combater as armas que dão vantagem tecnológica aos Estados Unidos.
Wang diz que vários mísseis de cruzeiro e balísticos da China lidarão com o porta-aviões “inimigos” dos EUA.
Em seguida, sobre os jatos stealth dos EUA, como o F-22, que Mizokami diz poderem “penetrar as defesas aéreas chinesas”, Wang vagamente diz que a China tem “muitos tipos” de sistemas de detecção de aeronaves, que ele diz não poder detalhar por “razões de confidencialidade”.
Em seguida, ele afirma: “Eu gostaria de sugerir aos americanos que, quando usarem aviões stealth, é melhor se manterem longe do continente chinês. Lembrem-se disso! Lembrem-se disso!”
Trunfo
As declarações de Wang são obviamente sua opinião, entretanto, o intenso foco do exército chinês em suas armas ‘trunfo’ e ‘marreta assassina’ têm preocupado os legisladores americanos.
Esses termos se referem a armas destinadas a desativar ou destruir as comunicações e tecnologia militar dos Estados Unidos. Essas armas variam de mísseis-antissatélite até ogivas nucleares que geram pulso eletromagnético e podem destruir dispositivos eletrônicos em grandes áreas.
Um relatório do National Ground Intelligence Center, desclassificado em 2011, afirma: “Estas modernas armas ‘trunfo’ e ‘marreta assassina’ permitirão que forças chinesas de baixa tecnologia prevaleçam sobre forças americanas de tecnologia superior num conflito localizado…”
E afirma que as armas ‘marreta assassina’ incluem “tecnologias antigas ou recentes”, enquanto armas ‘trunfo’ são “tecnologias mais modernas desenvolvidas em grande sigilo”. Semelhante às afirmações de Wang que a China usará suas armas inesperadamente, o artigo afirma: “O elemento surpresa é crítico para ambas.”
O relatório anual do Pentágono sobre as forças militares chinesas, divulgado na semana passada, afirma que a China tem “desenvolvido uma variedade de sistemas de guerra aérea, marítima, submarina, espacial, antiespacial e informativa” e visa a “dominar o espectro da informação em todas as dimensões do campo de batalha moderno”.
Uma finalidade principal dessas armas seria cegar os satélites militares dos EUA e cortar os canais de comunicação. A comunicação e a cobertura via satélite são a espinha dorsal das operações militares norte-americanas.
O relatório cita escritos militares chineses que “enfatizam a necessidade” de destruir sistemas tecnológicos, incluindo satélites de comunicação norte-americanos, para “cegar e ensurdecer o inimigo”.
O documento também acrescenta que a China “atacaria navios de guerra, aeronaves e embarcações de suprimento dos EUA, bem como atacaria seus sistemas de informação para neutralizar as redes de computadores e de comunicações táticas e operacionais”.
As forças militares dos EUA também têm sido treinadas para operar em situações em que sejam afetadas por essas armas. Os militares foram orientados pelo Congresso em 2013 a realizarem exercícios em ambientes onde os sistemas de satélite e de comunicação estivessem inoperantes.
Um relatório do Pentágono ao Congresso dos EUA afirma que o exército americano está amadurecendo sua capacidade ao longo do tempo para operar em ambientes onde as comunicações e cobertura via satélite não estejam disponíveis.