Drogas despejadas no meio ambiente podem ser positivas?

07/01/2015 08:15 Atualizado: 07/01/2015 00:20

Os ansiolíticos, medicamentos que inibem a ansiedade, são feitos para os seres humanos, mas podem reduzir a mortalidade em alguns peixes, como no caso da perca europeia (espécie de peixe comum nos lagos de água doce da europa), de acordo com um estudo sueco.

Pesquisadores da Universidade de Umeå, no norte da Suécia, publicaram um estudo na revista científica Environmental Research Letters, mostrando alguns erros nas pesquisas atuais que poderiam evidenciar efeitos ecológicos das drogas farmacêuticas não notados até então.

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“Existe uma preocupação com a possibilidade de que os resíduos de medicamentos na água podem ter um efeito negativo sobre organismos e ecossistemas”, disse o Dr. Jonathan Klaminder, principal autor da pesquisa na Universidade de Umeå. “Estamos investigando como as drogas farmacêuticas podem gerar mudanças de comportamento. Enquanto estudávamos os efeitos do Oxazepam (medicamento ansiolítico) no comportamento, descobrimos que essa droga teve efeitos positivos sobre [a perca europeia]”.

Os estudos estão geralmente focados na toxicidade de certas drogas para o ambiente aquático e os organismos, mas este estudo mostra que os efeitos farmacológicos também deve ser considerado. Se os estudos se concentrarem apenas sobre os efeitos negativos, podem não ser observados os efeitos positivos. Estes efeitos positivos podem fazer com que certas espécies obtenham vantagens às custas de outras.

“Nós descobrimos que existem drogas farmacêuticas que não necessariamente têm efeitos tóxicos, e para entender o seu impacto ambiental, temos de considerar o seu efeito terapêutico”, disse o Dr. Klaminder.

Os cientistas escolheram estudar a perca europeia, colocando-a num ambiente com ansiolítico. Os resultados a curto prazo mostraram que as percas que foram expostas ao medicamento tiveram menor mortalidade do que as percas de controle, imersas em águas não poluídas. Elas se tornaram mais ativas, menos sociais e mais eficientes para encontrar alimento.

“Pode-se cosiderar que o aumento da taxa de sobrevivência de um organismo é um efeito positivo – o que não significa uma maior expectativa de vida -, quando o expomos a uma substância”, disse o Dr. Klaminder. “Mas precisamos lembrar que o experimento foi conduzido em um ambiente controlado de laboratório. Em um sistema natural, o mesmo efeito pode muito bem afetar a perca e/ou outros organismos de forma negativa, já que cria um desequilíbrio no meio ambiente.

A perca europeia provavelmente não é a única espécie afetada, já que as drogas estimulam os receptores, o que se aplica à maioria dos vertebrados. Mas, acrescenta o Dr. Klaminder, isso ainda não foi investigado”.

 

Madeleine Almberg, Epoch Times