Dor crônica relacionada com atitude psicológica

07/07/2012 03:00 Atualizado: 06/08/2013 18:41

A taxa de interação entre o córtex frontal e o núcleo acumens do cérebro, relacionado com o comportamento emocional e motivacional, é um indicador se a pessoa desenvolverá uma dor crônica após lesão nas costas, segundo um novo estudo. (Kiyoshi Takahase/Photos.com)Apenas pacientes com certas lesões nas costas desenvolvem dor crônica devido a alterações precoces no cérebro relacionadas ao comportamento emocional e motivacional.

Quanto mais estas regiões do cérebro se comunicam, mais provável é que uma pessoa desenvolva dor persistente, segundo um novo estudo realizado nos EUA.

Os pesquisadores estudaram 40 pessoas com diagnóstico de dor nas costas que duraram de 4 a 16 semanas. Exames cerebrais foram realizados no início do estudo e em outras três ocasiões durante um ano.

No início do projeto, a equipe previu com 85% de precisão quem desenvolveria sintomas de dor crônica com base na taxa de interação entre o córtex frontal e o núcleo acumens.

O núcleo acumens é um aglomerado de neurônios abaixo dos hemisférios cerebrais que auxilia o resto do cérebro na avaliação e na reação ao seu ambiente.

“Pela primeira vez podemos explicar por que as pessoas podem ter a mesma dor inicial exata, quer para se recuperar ou desenvolver uma dor crônica”, disse o autor sênior do estudo A. Vania Apkarian, da ‘Northwestern University Feinberg School of Medicine’, num comunicado.

“A lesão por si só não é suficiente para explicar a dor em curso”, acrescentou ele. “Isto tem a ver com a lesão combinada com o estado do cérebro.”

Esta pesquisa poderia ajudar a desenvolver novas terapias para dor crônica, que afeta atualmente até 40 milhões de adultos somente nos Estados Unidos.

“Pode ser que estas seções do cérebro sejam mais excitadas inicialmente em certos indivíduos ou possa haver influências genéticas e ambientais que predisponham essas regiões do cérebro a interagirem num nível agitado,” disse Apkarian.

Também foi descoberto que vítimas de dor crônica perdem densidade de matéria cinzenta, provavelmente devido à retração das células ou uma redução das sinapses ou conexões entre os neurônios.

O estudo foi publicado na revista Nature Neuroscience em 1º de julho.