Donatello, um dos maiores escultores de todos os tempos

10/02/2014 05:10 Atualizado: 10/02/2014 05:19

Donato di Niccoló di Betto Bardi, mais conhecido simplesmente como Donatello, foi um importante e grande escultor italiano do período do Renascimento. Nasceu em 1386, na cidade de Florença, e morreu em 1466 nessa cidade.

Filho de um tecelão de lã, seus primeiros conhecimentos artísticos vieram do aprendizado que recebeu numa oficina de ourives. Ainda jovem, atuou como assistente do famoso escultor Lorenzo Ghiberti (1738-1455) no período em que o artista edificou as portas de bronze do Batistério San Giovanni, em Florença.

Em seguida, Donatello produziu várias esculturas de mármore para a catedral de Florença, uma série para a Porta della Mandorla, um “Davi”, um “São João Evangelista” e cinco estátuas de profetas. Para a igreja florentina Orsanmichele, fez as esculturas de mármore de “São Marcos” e “São Jorge”.

Manteve um atelier com Michelozzo di Bartolommeo, que havia sido seu aprendiz, onde executou para a Igreja Orsanmichele a estátua de bronze de “São Luís” e o tabernáculo de mármore, concluídos por volta de 1423. Colaborou com Michelozzo para a criação dos túmulos de Baldassare Cossa e do cardeal Rainaldo Brancacci, na igreja de Sant’Angelo, em Nápoles. Esculpiu também sete estatuetas de bronze para a pia batismal da igreja de San Giovanni em Siena.

Num breve período em Roma (1430-1433), fez o “Tabernáculo do Sacramento”. Pouco depois, o Davi de bronze.

Outras reminiscências clássicas são a “Cantoria”, relevo de mármore da catedral de Florença, e a estátua equestre de Gattamelata, em bronze, que está em Pádua. Em Pádua, fez o crucifixo de bronze e o altar de Santo Antônio, relevos magistrais, e também a estátua de madeira policromada de São João Batista.

A famosa Madalena, de madeira, no batistério em Florença, uma de suas últimas obras, lembra os grandes realistas espanhóis. Donatello foi um dos maiores escultores de todos os tempos.

Veja algumas de suas obras:

São Marcos, 1411-1412, escultura em mármore, altura 236 cm, Orsanmichele, Florença.
São Marcos, 1411-1412, escultura em mármore, altura 236 cm, Orsanmichele, em Florença (CC BY-SA 3.0)
São Pedro, ano 1410s, escultura em mármore, altura 237 cm, Orsanmichele, Florença.
São Pedro, anos 1410, escultura em mármore, altura 237 cm, Orsanmichele, Florença (Internet)
São Luís de Toulouse,  entre 1421-25, em bronze, altura 226 cm, Museo dell'Opera di Santa Croce, Florença.
São Luís de Toulouse, entre 1421-25, em bronze, altura 226 cm, Museo dell’Opera di Santa Croce, Florença (Internet)
São João Evangelista, entre, 1408-1415, escultura em mármore, Museo del Opera del Duomo.
São João Evangelista, entre, 1408-1415, escultura em mármore, Museo del Opera del Duomo (CC- BY 2.0)
São Jorge, ano 1416, mármore, altura 214 cm, Museo Nazionale del Bargello, Florença.
São Jorge, ano 1416, mármore, altura 214 cm, Museo Nazionale del Bargello, Florença (Internet)
Davi, em mármore, 1408, obra de Donatello.
Davi, escultura em mármore, ano 1408, Donatello (Internet)
Judite e Holofernes, entre 1455-1460, escultura em cobre, altura 236 cm,  Palazzo Vecchio, Florença.
Judite e Holofernes, entre 1455-1460, escultura em cobre, altura 236 cm, Palazzo Vecchio, Florença (Internet)

Existem inúmeras referências morais, cristológicas e políticas na obra acima. Uma profunda interioridade é expressa na figura da heroína bíblica Judite. Em contraste com inúmeras pinturas sobre o tema, o foco não está sobre o horror físico de seu ato de matar Holoferne (general do exército da Assíria). O sacrifício que Judite fez para resgatar seu povo parece, ao contrário, consistir num conflito interno, resultado de ter que violar o mandamento bíblico de não matar. No momento de seu triunfo, ela também é uma heroína trágica.

Detalhe da base da escultura Judite e Holofernes.
Detalhe da base da escultura Judite e Holofernes (Internet)
Cantoria, entre 1433-1438, escultura em mármore, 348×570×98 cm, Cattedrale di Santa Maria del Fiore, Firenze.
Cantoria, entre 1433-1438, escultura em mármore, 348×570×98 cm, Cattedrale di Santa Maria del Fiore, Firenze (Internet)
O Alto Altar de Santo Antônio, entre 1447-50, esculturas em Bronze, Basilica di Sant'Antonio, Padua.
O Alto Altar de Santo Antônio, entre 1447-50, esculturas em Bronze, Basilica di Sant’Antonio, Padua (Internet)
Detalhe das esculturas no altar.
Detalhe das esculturas no altar (Internet)
Maria Madalena Penitente, 1453, altura 188 cm.
Maria Madalena Penitente, ano 1453, altura 188 cm, no Opera Duomo, em Florença. Escultura em madeira policromada. Madalena é mostrada com um cabelo tão longo que chega aos joelhos. (Sailko/CC BY-SA 3.0)
Detalhe da escultura de Maria Madalena (Marie-Lan Nguyen/CC-BY 2.5)
Detalhe da escultura de Maria Madalena (Marie-Lan Nguyen/CC-BY 2.5)

Rosto esculpido com tamanha destreza e realismo. Madalena é mostrada envelhecida e cansada, com os ossos da face evidenciados sob uma pele enrugada, com boca desdentada e olhos profundos. Transmite sofrimento e pesar. A obra nega a beleza física e da ênfase a uma dor que transparece no rosto, representando os sentimentos mais profundos de alguém que teve uma vida penitente e sofredora. Representar Madalena sofredora e penitente é uma inovação de Donatello. A escultura evidencia o estupendo conhecimento técnico de Donatello.

Donatello é, sem dúvida, um dos maiores escultores de seu tempo.