A polícia de Pequim tem investigado dois jornalistas por espalharem uma mensagem de texto de Wang Lijun que está relacionada com os casos de investigação de Bo Xilai e de Neil Heywood.
Em fevereiro, Chu Chaoxin, um repórter investigativo do Southern Weekend, uma revista com sede em Guangzhou que costuma falar sem rodeios, recebeu uma mensagem de texto do telefone celular de Wang Lijun, implicando que a mulher de Bo Xilai tinha informações sobre a morte do empresário britânico Neil Heywood.
Em março, Chu postou a mensagem no microblogue Sina usando o computador de sua amiga Wang Xijing, uma repórter do 21st Century Business Herald, um jornal financeiro baseado em Guangzhou.
Posteriormente, a polícia de Pequim deteve Wang Xijing como parte de uma investigação sobre a origem da mensagem online.
De acordo com uma reportagem do Ming Pao, uma mídia de Hong Kong, Chu fez uma chamada para o telefone celular de Wang Lijun em 6 de fevereiro no momento que Wang Lijun entrava no consulado dos EUA em Chengdu, mas Wang não respondeu até 15 de fevereiro, quando Chu recebeu a mensagem de texto do celular de Wang Lijun, implicando a esposa do Bo Xilai, Gu Kailai.
O microblogue de Chu disse que a mensagem de texto de Wang Lijun alegava que a esposa de Bo poderia ajudar a desvendar o caso do assassinato do britânico Neil Heywood.
Supostamente, Chu Chaoxin novamente escreveu no microblogue na manhã do dia l4, dizendo, “Não se pode negar que eu sou o primeiro a trazer o nome de Neil Heywood. Ontem, as autoridades tentaram entrar em contato comigo. Eles têm assediado minha amiga e detiveram-na sob a alegação de que ela não tem autorização de residência temporária. Após a detenção, as autoridades se desculparam num microblogue. Acontece que a informação sobre Neil Heywood (na internet) não é de forma alguma um boato. Se eles precisam colocar um revelador da verdade na cadeia, eu gostaria de ser o homem que recebe o crédito histórico por fazê-lo. Se me colocarem na cadeia, meus amigos não têm de me resgatar, apenas lembrem-se de circular amplamente este episódio histórico.”
A “amiga” que Chu se refere é Wang Xijing, que foi pega por três policiais na noite anterior. Wang disse num microblogue que ela foi detida apenas porque seu amigo [Chu] postou uma mensagem de microblogue de seu computador de casa. A polícia traçou o endereço de IP até sua casa.
Em 15 de março, Bo Xilai foi destituído de seu cargo como secretário do município de Chongqing.
O número do telefone celular em questão não é conhecido atualmente, e as postagens de microblogue relacionadas foram excluídas.
Chu recusou pedidos de mais detalhes do Ming Pao de 15 de março, dizendo que “não era conveniente”.
Wang Xijing também recusou o pedido do Ming Pao para obter detalhes adicionais, afirmando que ela e Chu Chaoxin não são mais alvos da investigação policial.
Em 10 de abril, Bo foi novamente despojado de seus postos no Politburo do Partido Comunista Chinês (PCC) e no Comitê Central do PCC, e agora está sob investigação do Comitê Disciplinar do PCC, segundo o Xinhua. Além disso, a esposa de Bo, Gu Kailai, está sob investigação de homicídio pela morte de Heywood Neil.
Também é dito que Wang Lijun está sob investigação e não foi visto ou ouvido desde que foi levado pelo pessoal da segurança de Pequim em 7 de fevereiro. O líder chinês Hu Jintao oficialmente rotulou Wang de “traidor” em 3 de março.
Bo Xilai estava a caminho de ocupar uma das posições mais altas da liderança do PCC antes de ser deposto. Ele era apoiado pelo ex-presidente do Partido, Jiang Zemin, e o poderoso chefe da segurança, Zhou Yongkang, que controla a Polícia Armada.
Mas Zhou também pode estar marcado para ser derrubado na furiosa luta pelo poder no mais alto escalão do PCC, que foi inesperadamente exposta quando Wang Lijun tentou desertar para o consulado dos EUA e, incidentalmente, deu com a língua nos dentes.
Em 12 de abril, a Polícia Armada Popular, juntamente com os militares, declarou sua lealdade à Central do Partido e ao Presidente Hu Jintao. Esta é uma indicação de que Zhou foi de fato percebido como uma ameaça, mas está perdendo terreno.
Os problemas enfrentados pelo regime são muito maiores do que a questão de resolver a morte do empresário britânico Neil Heywood.