Um documento que vazou para o Epoch Times revela que desde 26 de novembro de 2011, Pequim identificou 225 oficiais corruptos, 58 deles no alto escalão local ou superiores e que haviam se apropriado de mais de 2,5 bilhões de yuanes (392 milhões de dólares).
A supervisão deve ter sido mais relaxada na província de Anhui, que tinha cerca de metade desse número de oficiais corruptos, somente 97, 19 deles de alto escalão, que conseguiram fugir com 3 bilhões de yuanes.
Mas a província costeira de Guangdong pegou o bolo: 1.640 oficiais corruptos, 170 deles de alto escalão, roubaram um total de 115 bilhões de yuanes (18 bilhões de dólares).
Os números vêm do que parece ser uma coleção de dados, possivelmente compilados por um centro de pesquisa afiliado ao Estado, que foi enviado ao Epoch Times em 12 de julho. Isso veio sem nota explicativa e foi simplesmente identificado como “registro de oficiais corruptos chineses”.
Os registros vazados incluem as seguintes listas:
• Os oficiais seniores de alto escalão e acima, incluindo nome, último cargo oficial ocupado e o ano em foi preso;
• Os oficiais locais de alto escalão, incluindo nome, último posto ocupado, o montante desviado, crime do qual foi acusado e punição. (Em alguns casos, simplesmente está escrito “suicídio”.);
• Os oficiais que fugiram da China, incluindo o nome, dados pessoais e o valor que roubaram. Este grupo era relativamente pequeno. A grande maioria deles era proveniente de empresas estatais. O mais ambicioso foi Gao Shan, o presidente do Banco da China da filial da Rua Hesong na cidade de Harbin, que roubou 839 milhões de yuanes (131 milhões de dólares). O Banco da China tem cerca de 70 filiais em Harbin e mais de 11 mil em toda a China;
• Os oficiais que foram repatriados, incluindo seus dados pessoais. A Tailândia foi um destino comum de fuga e, portanto, de extradição, com os Estados Unidos e a Austrália também ajudando em algumas poucas extradições;
• Prefeitos afastados do cargo após serem presos por corrupção;
• Os oficiais que foram enviados para a prisão ou receberam sentença de morte (por vezes adiada).
A informação quase certamente não vem de um escritório do governo, segundo Heng He, um analista político do Partido Comunista Chinês (PCC) da emissora NTDTV de Nova York.
Com base na linguagem e fraseologia empregada nos registros, ele sugeriu que a origem provável era material interno compilado por um instituto de pesquisa afiliado ao PCC. “O quadro completo da corrupção é secreto de Estado”, disse ele.
O Epoch Times verificou uma amostra aleatória dos casos e encontrou relatos da mídia da China continental que correspondiam com os nomes e números dos documentos vazados.
A corrupção na China é muitas vezes referida tanto como o lubrificante da máquina de crescimento econômico do PCC, mas também um fator que pode precipitar seu fim, já que cidadãos comuns tornam-se cada vez mais irritados com uma elite que funciona como uma cleptocracia, dizem analistas.
A mídia do PCC regularmente faz barulho sobre a ameaça que a corrupção representa para o regime, mas como o problema decorre do próprio regime, o PCC nunca permitiu quaisquer mecanismos genuínos de supervisão fora do seu próprio controle.
O fenômeno de “oficiais nus”, em que a esposa e família de um oficial estão fora da China, também cria problemas para os disciplinadores do PCC, uma vez que isso de alguma forma contaminou a elite. Pesquisas do Comitê Central do PCC descobriram que dos 204 membros do Comitê Central, 91% tinham parentes que haviam emigrado para o estrangeiro.
Dos 127 membros do Comitê Central de Inspeção Disciplinar, o órgão que investiga oficiais corruptos, 88% tinham parentes que haviam emigrado para o estrangeiro.
Os dados recebidos pelo Epoch Times indicam que mais de 7.101 oficiais corruptos fugiram para os Estados Unidos, trazendo juntos mais de 336 bilhões de yuanes (52,7 bilhões de dólares). Os Estados Unidos, portanto, continuam a ser o destino preferido de oficiais chineses foragidos, mas países com regulamentos de imigração mais relaxados como Camboja, Tailândia e Birmânia (oficialmente chamado de Mianmar) são populares para burocratas de nível menor.
Numa recente entrevista do NY Review of Books, Bao Tong, ex-diretor do Gabinete de Reforma Política do PCC e ex-secretário do líder chinês deposto Zhao Ziyang, disse que se livrar da corrupção seria impossível sob o regime de partido único.
“Porque todos estão no mesmo barco, se o barco vira, todos acabam na água, […]”, disse ele, referindo-se especificamente aos oficiais do PCC. “Assim, na China, todos se ajudam uns aos outros. Se você está em apuros, eu vou te ajudar, se eu estou em apuros, você me ajuda.”
“Se eu estivesse no sistema atual, eu seria corrupto também. […] O que eles precisam fazer é mudar o sistema”, disse ele.
Com a pesquisa por Luo Ya.