Nos últimos meses, as autoridades chinesas começaram uma campanha que visa destruir a crença de milhões de praticantes do Falun Gong.
O Epoch Times documentou esta nova campanha coletando 56 amostras dos milhares de avisos sobre a campanha publicados em sites oficiais em torno da China e tabulando a data, local de proveniência, título, URL (e arquivo correspondente) e um trecho representativo.
A planilha das circulares está aqui e um mapa interativo, elaborado a partir desses dados e mostrando suas localizações, está aqui.
Na literatura comunista chinesa, o processo de mudar as crenças de alguém à força é conhecido como “transformação” (zhuanhua). Esse processo se concluiria com o adepto assinando três declarações: de arrependimento, negando sua crença no Falun Gong; de denúncia, delatando outros praticantes do Falun Gong; e de aceitação das crenças do Partido Comunista Chinês.
A campanha contra o Falun Gong começou em 1999, mas 14 anos depois ainda não conseguiu ter sucesso. O líder chinês na época, Jiang Zemin, responsável pela campanha, visava a eliminar a prática em três meses. Jiang iniciou a campanha por medo da grande popularidade da disciplina espiritual – em 1999, mais pessoas na China praticavam o Falun Gong do que o total de membros do Partido Comunista.
Esta nova campanha está sendo chamado de “batalha final” (juezhan) nas circulares que são postadas em websites locais do Partido Comunista Chinês (PCC) e do governo em todo o país. Sua finalidade é questionável, pois é a segunda campanha de três anos (a primeira ocorreu entre 2010-2012) a seguir um formato semelhante: quotas direcionadas a praticantes conhecidos do Falun Gong espalhados pelo país.
Não há indícios de que a atual campanha terá mais sucesso do que a última.
Em alguns casos, as cotas exigidas pelas autoridades comunistas evitam a expectativa de que a transformação será realmente efetuada. Nesses casos, oficiais do PCC simplesmente exigem que os “elementos mais difíceis” (ou seja, praticantes do Falun Gong que se recusam a renunciar a sua fé) sejam direcionados para aulas de reeducação uma vez por ano – mas não é indicado que devam ser reeducados com sucesso.
Os muitos milhares de avisos sobre a campanha publicados em sites oficiais em torno da China têm formato semelhante e indicam que a campanha é nacional e que as ordens originam-se do topo do aparato do PCC.
O governo da cidade de Muleng, na província de Heilongjiang, no frio e extremo norte da China, por exemplo, tinha isto a dizer: “Em nossa luta contra o grupo religioso heterodoxo do ‘Falun Gong’, nós separamos estritamente a maioria dos praticantes que foram enganados do pequeno número de elementos principais com ambições políticas anti-PCC e antissocialistas. Desta forma, é melhor reunirmos a maioria dos praticantes, tornando passividade em pró-ação, para atacarmos de forma isolada o pequeno número dos principais elementos religiosos do mal.”
Também entre os alvos havia uma série de instituições de ensino. Na Secretaria de Educação do distrito de Yingdong, cidade de Fuyang, província de Anhui, por exemplo, uma circular dizia: “Proibir estritamente que professores e alunos de todas as escolas participem nas atividades do Falun Gong… para evitar eventos com incidentes extremamente negativos.”
“Participar” neste caso refere-se à prática do Falun Gong, que inclui cinco exercícios de meditação e aderir aos princípios orientadores da disciplina – verdade, compaixão e tolerância.
Em entrevista ao Epoch Times num artigo sobre o novo movimento, o advogado chinês Liang Xiaojun comentou: “Houve muitos praticantes do Falun Gong presos recentemente. Eu sei que no mês passado houve muitos professores e alunos numa escola em Shenyang [uma cidade do norte da China] que foram presos por praticarem o Falun Gong.”