Até 2014, o termo falência era inédito na China. Isso simplesmente não era permitido ou autorizado pelo regime chinês.
Tudo isso mudou com a inadimplência no pagamento de juros pela empresa chinesa ‘Chaori Solar Energy Science & Technology Co.’ em março deste ano. Agora, cerca de US$ 1 bilhão em dívidas de títulos podres está prestes a vencer nos próximos três meses, segundo um relatório da China Merchants Securities Co. (CMSC).
“Os riscos atuais expostos no mercado de títulos privados são provavelmente um prelúdio para uma tempestade”, disse Sun Binbin, analista financeiro da CMSC de Shanghai, à Bloomberg News.
O Goldman Sachs foi ainda mais longe e escreveu numa nota: “A conclusão lógica só pode ser que uma parte significante do setor empresarial não é capaz de pagar sua dívida principal ou sequer os juros, o que qualifica um financiamento Ponzi.”
Milhares de pequenas empresas têm participado no programa de títulos podres da China, que foi lançado em 2012. É difícil para essas empresas obter financiamento de bancos estatais e as autoridades querem afastá-las e isolá-las do setor bancário paralelo.
Essas pequenas empresas são o eixo central da economia chinesa, compondo mais de 70% do PIB do país.
No entanto, segundo as bolsas de valores de Shanghai e Shenzen, as empresas não têm de satisfazer quaisquer requisitos de capital ou lucro para solicitar recursos de investidores institucionais.
Em consequência, em muitos casos, os fundamentos dessas empresas são chocantes e suas dívidas ultrapassam o patrimônio em múltiplos. Isso não é um problema se a economia está indo bem, mas a China está visivelmente desacelerando este ano.
De acordo com a CMSC, pelo menos quatro emissores desses títulos podres têm enfrentado problemas de pagamento nos últimos meses. A maior parte desses US$ 1 bilhão em empréstimos vencerá nos próximos três meses.
O regime chinês já indicou que deixaria as inadimplências ocorrerem a fim de limpar o excesso de dívida. “Achamos que obrigações corporativas não pagas, empréstimos inadimplentes e problemáticos, e algum grau de escassez de crédito serão inevitáveis nos próximos três anos”, afirma o Goldman Sachs. Então, a decisão do regime chinês sobre como lidar com as inadimplências será posta à prova.