A dívida corporativa chinesa em relação a seu PIB é a maior do mundo e especialistas concluem que sinais indicadores de crise financeira já aparecem.
A China tem a maior bolha de crédito no mundo, sob a forma de títulos de obrigações corporativas e empréstimos de curto prazo, dizem analistas. A revista Caijing de Pequim relata que a relação entre a dívida corporativa e o PIB na China alcançou 151%, citando uma pesquisa feita por analistas da Zero Hedge.
Este valor é questionado por alguns, mas outros analistas apresentam uma conclusão similar. A dívida corporativa total da China totalizava 108% do PIB em 2011, subindo para 122% do PIB em 2012, uma alta de 15 anos, diz a GK Dragonomics numa análise econômica de novembro de 2012 publicada na Bloomberg Business Week, intitulada “O buraco negro da dívida corporativa chinesa”. Mesmo a pesquisa de especialistas chineses chega a conclusões semelhantes. Estudos realizados por Liu Yuhui, especialista financeiro da Academia Chinesa de Ciências Sociais, indicam que os setores não-financeiros na economia chinesa, que incluem os setores empresarial, governamental e residencial, respondem por 114,8 trilhões de yuanes (US$ 18,54 trilhões) em dívida. Isto equivale a 221% do PIB de 2012 de 51 trilhões de yuanes (US% 8,38 trilhões), segundo um artigo de 8 de abril do Primeiro Diário Financeiro.
Alguns especialistas acreditam que a “relação da dívida do setor não-financeiro” é o melhor indicador da dívida excessiva na China. Após subtrair 18 trilhões de yuanes (US$ 2,91 trilhões) da dívida do setor residencial (34,7% do PIB) e cerca de 68 trilhões de yuanes (US$ 5,33 trilhões) da dívida do setor público (59,4–65,12% do PIB), os restantes 68 trilhões de yuanes (US$ 10,98 trilhões) em dívida no fim de 2012 podem ser atribuídos às empresas, setores não-financeiros. Isso representa 125% do PIB, o que corresponde aos números indicados pela Zero Hedge e pelos estudos da GK Dragonomics.
Independente de a relação real ser 151 ou 122%, os economistas concordam que uma percentagem tão alta é insustentável. A dívida corporativa na China como percentagem do PIB ultrapassou em muito a margem aceitável em qualquer sistema econômico avançado, que de é cerca de 50 a 70%. Do ponto de vista econômico, esta relação elevada tem resultado em graves problemas econômicos.
Embora preocupantes, esses dados não contam toda a história. De acordo com um artigo de 9 de abril do China Times, o especialista financeiro Liu Yuhui disse que a rentabilidade dos empreendimentos industriais chineses (lucro líquido na receita total) é de apenas 5 a 6%, metade da média global, enquanto a dívida corporativa média na China é cerca de 3 a 4 vezes do padrão global.
“As empresas têm visto seus negócios abrandarem e as receitas não foram o que eles esperavam. Eles preencheram a lacuna assumindo mais dívidas”, diz Andrew Batson, o diretor de pesquisa da GK Dragonomics, segundo a Bloomberg.
Três sinais de crise
Uma alta relação de alavancagem é um dos claros sinais de crise econômica. Zhang Zhiwei, economista-chefe da Nomura Holdings, listou três indicadores de crise econômica – alta alavancagem, aumento rápido dos ativos e potencial de crescimento econômico decrescente – em seu artigo “China: Riscos crescentes de crise econômica”. Infelizmente, a China está experimentando todos os três.
A fim de ocultar esses sinais, o regime chinês tem expandido o mercado de crédito para estimular a economia.
Como resultado, o montante de dinheiro em circulação (dinheiro M2) aumentou de 16 trilhões de yuanes (US$ 2,58 trilhões) em 2002 para 100 trilhões de yuanes (US$ 16,15 trilhões) em 2013. Em pouco mais de uma década, a oferta de moeda na China aumentou cinco vezes. A impressão excessiva de moeda é considerada a principal causa da inflação.
Além disso, dependendo da exportação e de investimentos não regulamentados (como desenvolvimento imobiliário) para impulsionar o crescimento econômico têm resultado numa estrutura econômica distorcida. O ex-premiê chinês Wen Jiabao disse a famosa frase que o crescimento da China é “desequilibrado, descoordenado e insustentável”.
Dívida do governo local
O ex-ministro das finanças Xiang Huaicheng disse em conversações da alta liderança econômica no Fórum Boao 2013 que a dívida dos governos locais tinha atingido 20 trilhões de yuanes (US$ 3,23 trilhões), segundo um artigo de 7 de abril da China News.
Mesmo que ele não tenha admitido, outro economista chinês, Hu Zuliu, destacou no Fórum Boao que a China será o local onde a crise da dívida global começará, informou o 21st Century Business Herald no mesmo dia.
O economista Larry Lang acredita que as crises financeira e bancária já começaram na China. Em agosto de 2012, Lang listou oito graves situações de crise que ameaçam explodir. Elas incluem o uso excessivo de recursos, capacidade produtiva excessiva, crise da dívida, inflação e crise bancária.
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