Discussões sobre um tratado para regular melhor a venda global de armas, que estão ocorrendo na sede das Nações Unidas em Nova York, começaram na segunda-feira. O tratado é o primeiro de seu tipo e as negociações durarão um mês.
Os defensores do tratado dizem que os conflitos em curso na Síria, Mali, Sudão e, mais recentemente, na Líbia, são alimentados pelo comércio não regulamentado de armas e munições, que cai nas mãos erradas. O comércio de armas no mundo é estimado em aproximadamente 60 bilhões de dólares por ano.
Eles dizem que vendas de armas mal reguladas ou ilegais têm contribuído para o problema nos países mais pobres e servido de combustível não apenas para os conflitos, mas para o aumento da pobreza e dos abusos dos direitos humanos. De acordo com algumas estimativas, 750 mil pessoas são mortas anualmente por armas ilegais.
A maioria dos países que pertencem à ONU é a favor de um tratado forte, mas alguns governos, como a Índia, Japão, Paquistão e Arábia Saudita, expressaram preocupação de que isso prejudicaria sua capacidade de se defender. Os governos europeus, incluindo Alemanha, França e Reino Unido têm fortemente pressionado por um tratado.
Se o tratado for ratificado, aqueles que o assinarem teriam de regular suas empresas de produção de armas e reprimir traficantes de armas que operam ilegalmente no interior de seus países.
“Na Síria, Sudão, e Grandes Lagos da África, o mundo está agora mais uma vez testemunhando o terrível custo humano do comércio irresponsável e ultrassecreto de armas”, disse Brian Wood, diretor de controle de armas da Anistia Internacional. “Por que milhões de pessoas mais deveriam morrer e vidas serem devastadas antes que os líderes acordem e tomem medidas decisivas para controlar adequadamente as transferências internacionais de armas?”
A agência humanitária Oxfam mostrou um vídeo de como é fácil adquirir uma arma na pequena nação sub-saariana de Burundi, África, que tem sido abalado por guerras civis e conflitos regionais na República Democrática do Congo, Uganda e Ruanda. O vídeo mostra que uma granada custa tanto quanto um copo de cerveja e a disponibilidade de armas pequenas em todo o mundo.
Não há garantia de que o acordo, mesmo uma versão frágil, ocorrerá até o final do mês.
Os Estados Unidos, o maior exportador mundial de armas, quer excluir a munição do tratado, enquanto a China, outro grande exportador e importador, quer que armas pequenas e “presentes” sejam excluídos.