O diretor regional para África da Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou ontem (7) que a OMS “não tem o financiamento que deveria ter para intervir no caso de epidemias, por exemplo na África”.
Em declarações aos jornalistas no final de uma conferência que proferiu sobre a epidemia provocada pelo vírus ebola, na Universidade do Porto, Luís Sambo admitiu que “se tivesse existido uma intervenção forte logo desde o início, as chances de contenção teriam sido muito maiores”.
“Infelizmente, a vigilância não funcionou na aldeia em questão [na Guiné-Conacri] e fomos surpreendidos pela epidemia”, disse, mencionando que, neste momento, os países mais afetados são a Libéria e a Serra Leoa.
Luís Sambo lembrou que a epidemia eclodiu “num meio muito pobre onde não existiam e não existem os meios para atender problemas de rotina e de saúde. E, sobretudo, problemas extraordinários como é o caso de uma epidemia”.
É uma situação que “exige meios especiais técnicos e tecnológicos que não estavam disponíveis na altura a começar pelo próprio sistema de vigilância de doenças da Guiné. O sistema de vigilância não funcionou em nível local, portanto houve uma apatia durante os primeiros meses de epidemia, que começou em dezembro e foi declarada no mês de março”, referiu.
“Logo que tivemos a informação nós agimos, só que infelizmente esta epidemia é muito especial, ela se propaga de forma muito rápida, afeta muitos países ao mesmo tempo, inclusive as capitais, e tem um forte risco de propagação em nível mundial”, acrescentou.
Segundo o responsável, “foram registrados até este momento cerca de 7.500 casos de infecção por vírus ebola que provocaram cerca de 3.500 óbitos em todos os países afetados”.
Luís Sambo disse ainda que a OMS está “mobilizando as instituições de investigação médica no mundo para que acelerem os esforços”, no que se refere a encontrar um medicamento que detenha a doença.
Até agora, esses esforços têm sido “insuficientes”, afirmou.
“Temos alguns produtos candidatos a vacinas que estão sendo testados, temos também alguns medicamentos experimentais que estão ainda em fase de investigação, mas temos esperança de que com a aceleração deste processo de investigação e as necessidades que são prementes, o processo possa evoluir rapidamente e sem prejuízo para a qualidade dos produtos que serão produzidos daqui a algum tempo”, acrescentou.
O responsável admitiu que “no próximo ano, já possa haver novidades”.