Pelos direitos humanos do Falun Gong, uma história de protesto nas Nações Unidas

30/09/2013 14:59 Atualizado: 30/09/2013 14:59
Praticantes do Falun Gong protestam na Praça Dag Hammarskjöld na cidade de Nova York, durante a sessão plenária da Assembleia Geral das Nações Unidas (Samira Bouaou/Epoch Times)
Praticantes do Falun Gong protestam na Praça Dag Hammarskjöld na cidade de Nova York, durante a sessão plenária da Assembleia Geral das Nações Unidas (Samira Bouaou/Epoch Times)

Quando o regime chinês começou a perseguir o Falun Gong em 1999, Bill Clinton era presidente dos Estados Unidos e Jiang Zemin era o líder do regime chinês. No ano seguinte, quando os líderes mundiais se reuniram em Nova York para a Cúpula do Milênio das Nações Unidas, praticantes do Falun Gong realizaram seu primeiro protesto na Praça Dag Hammarskjöld, em frente à sede das Nações Unidas.

Ao longo dos anos, os líderes mudaram. Bill Clinton e Jiang Zemin abriram caminho para George W. Bush e Hu Jintao, respectivamente. E hoje, Barack Obama e Xi Jinping lideram as duas poderosas nações.

Por 14 anos, enquanto a perseguição à disciplina espiritual e pacífica do Falun Gong dilacera a China e foram realizados protestos anualmente na Praça Dag Hammarskjöld. E eles não pararão até que a perseguição cesse, disse Wang Jianmin, um praticante do Falun Gong que chegou aos Estados Unidos há três meses e participou dos protestos deste ano.

Wang começou a praticar o Falun Gong em 1994, quando a prática prosperava na China e era inclusive apoiada pela liderança do Partido Comunista Chinês (PCC). O Falun Gong, também conhecido como Falun Dafa, é uma prática tradicional chinesa de meditação. O PCC baniu o Falun Gong em 1999 e continua a perseguir aqueles que o praticam até hoje.

No dia 25 de setembro, dezenas de pessoas com camisas amarelas meditaram com música suave no extremo oeste da praça, enquanto outros entregavam panfletos de esclarecimento aos transeuntes. No extremo oriental, Wang, de 43 anos, Yan Li, de 45, e muitos outros exibiam grandes faixas denunciando o regime chinês e exigindo o fim da perseguição.

Posicionando-se diante das calúnias

Quando a perseguição começou, muitas pessoas que praticavam o Falun Gong fora da China ficaram perplexas pela calúnia descarada oriunda dos meios de comunicação do regime comunista chinês. O Falun Gong foi demonizado e um fluxo constante de propaganda sancionado pelo regime foi espalhado por todo o mundo e frequentemente repetido pela mídia internacional.

Sem saber o que fazer, praticantes do Falun Gong foram a Washington DC, à ONU e a outros lugares. O primeiro grande protesto realizado na Praça Dag Hammarskjöld foi em 8 de setembro de 2000, durante a Cúpula do Milênio das Nações Unidas. Praticantes de cerca de 30 países afluíram à praça vestindo camisetas amarelas com as palavras “China: Pare de perseguir o Falun Gong”.

Sophia Bronwen, de Vancouver, Canadá, disse que foi às Nações Unidas em Nova York em 2000 para “defender os praticantes que eram terrivelmente perseguidos”. Ela acrescentou que era esperança de muitos praticantes na ocasião que sua presença “faria a diferença”.

Na época, o principal objetivo era desfazer os danos causados pela calúnia da mídia estatal da China e explicar os fatos sobre o Falun Gong e a perseguição aos líderes mundiais e ao público em geral. Agora, os dignitários sabem sobre o Falun Gong e os praticantes continuam a protestar pacificamente.

“Espero que todas as pessoas com consciência digam não a essa atrocidade”, disse Wang, que passou mais de cinco anos na prisão por praticar o Falun Gong. “Este é um crime contra a humanidade.”

Em seu tempo na prisão, Wang foi brutalmente torturado. Numa ocasião, ele foi amarrado a duas camas que foram separadas à força gradualmente ao longo de oito dias para estirar seu corpo. Muitos praticantes morrem quando torturados dessa maneira, pois seus ligamentos rasgam, ossos quebram e há hemorragia dos órgãos internos.

Centenas de milhares de praticantes do Falun Gong estão em prisões, campos de trabalhos forçados e centros de lavagem cerebral desde o início da perseguição até hoje, segundo o Centro de Informações do Falun Dafa. A tortura é brutal e sistemática. O Minghui.org, um website do Falun Gong, pode confirmar mais de 3.700 mortes por tortura até a data, mas o número real é certamente muito maior. O Minghui é um site de notícias administrado por praticantes do Falun Gong que recebe relatos da China continental em primeira mão.

Ao longo de mais de uma década, a tortura e o assassinato de praticantes do Falun Gong foi documentado pela ONU, Anistia Internacional, advogados chineses de direitos humanos e mídias ocidentais. Mas a perseguição continua e a escala e intensidade são surpreendentes.

Um regime que vende órgãos humanos

“O PCC é maligno”, disse Wang. “Eles fazem coisas que você não pode imaginar.” O inimaginável é fato quando se trata da perseguição ao Falun Gong: inúmeros relatos e livros expõem a colheita forçada de órgãos de prisioneiros vivos, principalmente praticantes do Falun Gong, promovida pelo regime chinês.

Dois estudos independentes publicados no livro “Órgãos do Estado: O abuso do transplante na China” estimam em dezenas de milhares o número de transplantes na China sem explicação sobre a fonte dos órgãos. Ambos os estudos concluíram, utilizando diferentes tipos de evidências, que o crime é real e comum.

Wang lembrou que um chefe de gangue na prisão disse a várias pessoas que um praticante foi morto por seus órgãos. Wang conseguiu sair vivo, mas três praticantes com quem ele dividia uma cela não escaparam. “Quando os praticantes estão prestes a serem utilizados para a colheita de órgãos, suas celas são lacradas. Ninguém pode saber. Eles cortam todo o fluxo de informação”, disse Wang.

Na posição de testemunha em que Wang esteve na quarta-feira (25), muitos têm estado ano após ano. Enquanto a perseguição avança e mais relatos da China surgem, novas faixas são acrescentadas e novas atrocidades são expostas nos comícios e conferências de imprensa na praça.

Uma história de protestos

Após o primeiro protesto na ONU em 2000, praticantes do Falun Gong voltaram em 2001 e em todos os anos posteriores. Mas em 2001, os protestos se intensificaram. Em agosto daquele ano, os praticantes do Falun Gong começaram greves de fome em apoio a 130 praticantes que também faziam greve de fome no Campo de Trabalho Masanjia para protestar contra a extensão arbitrária de suas sentenças. Masanjia é notório pelos métodos de tortura extremos empregados na tentativa de forçar os praticantes a renunciarem a suas crenças. Em outubro de 2000, guardas prisionais despiram 18 praticantes mulheres e as jogaram nas celas de presos masculinos.

Conforme relatos de incidentes emergiam da China, praticantes de todo o mundo se juntaram à greve de fome. Seis praticantes do Falun Gong de Washington DC iniciaram uma greve de fome no final de outubro e dirigiram-se à sede da ONU em 5 de setembro para entregar uma carta ao então secretário-geral Kofi Annan.

Em 2003, o então líder chinês Jiang Zemin foi processado por crimes contra a humanidade nos Estados Unidos, Bélgica, Suíça, Reino Unido, Canadá, Austrália e Alemanha. Novas faixas foram acrescentadas aos protestos da ONU na Praça Dag Hammarskjöld naquele ano, afirmando: “Leve Jiang Zemin à Justiça”.

Em 2006, o Epoch Times publicou uma série de artigos expondo as operações de colheita de órgãos em larga escala promovidas pelo regime chinês. A chocante notícia se espalhou pelo mundo e foi condenada em discursos e manifestações.

A praça em frente à ONU tem sido palco de protestos do Falun Gong por 14 anos. O que ocorre lá em toda cúpula da ONU há 14 anos ocorre também fora dos consulados chineses em todo o mundo, nas sessões da ONU em Genebra e num grande número de outras localidades e ocasiões.

De acordo com as últimas notícias, o regime chinês está fechando alguns campos de trabalho, incluindo Masanjia, mas os sequestros, tortura e matança continuam inflexíveis, segundo relatos no Minghui.org. Houve 43 mortes confirmadas nos primeiros seis meses de 2013.

“Embora os dados mostrem que a perseguição é mais grave no nordeste da China, é importante lembrar que nenhum praticante do Falun Gong está seguro em qualquer parte do país”, disse Levi Browde, diretor do Centro de Informações do Falun Dafa. “Nós continuamos a ver torturas e mortes por abusos em toda a China.”