Ex-diplomata chinês apoia os “Nove Comentários”

28/11/2014 13:42 Atualizado: 28/11/2014 13:42

Depois de falar num comício em Sydney, Austrália, para celebrar o 10º aniversário da publicação do livro “Nove Comentários sobre o Partido Comunista“, o ex-diplomata chinês Chen Yonglin falou com o Epoch Times sobre como o livro tem ajudado as pessoas a verem através da fachada do Partido.

“Muitos intelectuais, inclusive eu, costumavam pensar que o Partido Comunista Chinês [PCCh] tinha um lado bom, apesar de suas más ações feitas ao longo de sua história”, disse Chen. “Nós erroneamente acreditamos que o PCC fez algumas coisas boas, como a reforma e abertura”. Reforma e abertura refere-se a uma política iniciada em 1978 por Deng Xiaoping na China e que teve o objetivo de introduzir alguns princípios de mercado na economia chinesa.

“Eu sabia da brutalidade imperdoável do PCC, mas o que eu não sabia é que muitos de seus crimes contra a humanidade foram encobertos, os quais o livro Nove Comentários revelou”, disse Chen.

“Sem a leitura dos Nove Comentários”, é muito difícil de ver que o PCC é por natureza um culto maligno. “Os Nove Comentários são uma obra contundente da literatura e de significado histórico. Eles não só abrem a mente das pessoas em geral como também a dos intelectuais.”

Tuidang

Logo depois que os “Nove Comentários” foram publicados pela primeira vez em 19 de novembro de 2004, isso desencadeou uma onda de renúncias ao PCC.

Chen Yonglin deixou o consulado chinês de Sydney em 26 de maio de 2005, onde trabalhou como primeiro-secretário e cônsul para assuntos políticos.

Pouco mais de uma semana depois, em 4 de junho, dia do aniversário do massacre na Praça da Paz Celestial, ele apareceu pela primeira vez em público. Ele falou num comício a favor do movimento Tuidang, um movimento de renúncia ao PCC. Este incidente foi notícia de primeira página e ele foi entrevistado pela imprensa australiana.

“Depois que sai do Consulado, eu renunciei ao PCC por meio website do Epoch Times. Usei meu nome real ao renunciar a minha afiliação ao PCC e a suas organizações associadas”, disse ele.

“Acho que o movimento Tuidang ajuda o povo chinês a se libertar dos grilhões mentais impostos pela lavagem cerebral e pelas intimidações táticas do Partido Comunista. Incentiva o povo a pensar e agir de forma independente. Quando todo o povo chinês puder ver através dos disfarces e trapaças do PCC, então, o PCC já não será capaz de enganar mais ninguém e entrará em colapso.”

Piorando

Chen Yonglin disse que o PCC só piorou nos dez anos após o livro “Nove Comentários” ser publicado.

O regime chinês, durante sua última tentativa para aumentar a censura na internet,  fez que 29 grandes empresas da internet na China assinassem compromissos para seguir as políticas do Partido Comunista e para concordarem em sufocar a dissidência online. Chen acha que isso reflete o medo e a paranoia do Partido, uma vez que tenta impedir que a dissidência floresça.

Quanto à China, durante a conferência de cúpula da APEC, ela pediu ajuda aos Estados Unidos, ao Canadá e à Austrália em sua caçada global a funcionários chineses corruptos para reaver bens evadidos da China por meio do desvio de dinheiro público. Chen Yonglin pensa que o regime chinês não mudará sua natureza e atitude.

“Isso não ajudará o corrupto regime chinês, pois uma vez que o dinheiro retornar à China, ele vai simplesmente ser redistribuído entre outras autoridades e funcionários do Partido. O sistema não mudou e o Partido tornou-se ainda mais corrupto desde que os estudantes pediram reformas em 1989. Além disso, grande parte de sua campanha anticorrupção é pano de fundo e meio para uma luta política, uma luta pelo poder. Isso não reflete uma mudança no Partido como este aparenta, mas simplesmete como ele opera.”

Ele disse que o PCC gosta de esconder as catástrofes naturais e apresentar-se como o “salvador do povo”. Dando um exemplo, Chen aponta para a forma como o regime atrasou dramaticamente os trabalhos de resgate durante o terremoto de Sichuan em 2008 e, mesmo assim, vive dizendo que as pessoas foram salvas sob a orientação do glorioso Partido.

Espiões

Enquanto trabalhava no consulado, Chen foi responsável durante quatro anos por monitorar as atividades de “cinco grupos” de dissidentes chineses, ou seja: Falun Gong, defensores da democracia, separatistas do Tibete, Taiwan e Turquestão Oriental (Xinjiang).

Depois que Chen recebeu asilo político na Austrália, ele informou que cerca de 1.000 espiões chineses trabalhavam na Austrália. Ele também disse que o consulado gasta quase 60% de seu orçamento em diversas estratégias tendo como alvo o Falun Gong.

Desde que desertou, Chen tem falado no Congresso dos Estados Unidos, no Parlamento Europeu, no Parlamento Flamengo da Bélgica e no Parlamento Britânico, expondo as táticas do regime chinês para se infiltrar sistematicamente no mundo livre, e os perigos que isso representa devido à oposição visceral do PCC à liberdade e à democracia.

Em junho de 2007, Chen Yonglin foi numa viagem de nove dias pelo Canadá, durante a qual ele revelou documentos que comprovam a infiltração do regime nas comunidades chinesas no exterior e a existência da rede de espiões do regime.

Comícios

Chen tem frequentado comícios e fóruns para apoiar o movimento de renúncia ao Partido Comunista.

Ele pede aos membros do PCC para que deixem de ser lacaios do Partido e coadjuvantes de um regime brutal: “Deixem a boca falar, deixem o cérebro pensar e deixem as mãos e os pés agirem.”

Ele convida as pessoas “a resistirem ao regime violento, para assim poderem ter de volta os direitos humanos, a liberdade, a democracia e também buscarem por justiça pelos 80 milhões de pessoas que foram injustamente mortas pelo PCC”.

Chen disse que o movimento para deixar o PCC é “um grande despertar espiritual sem precedentes entre o povo chinês e que isso levará ao renascimento da civilização chinesa. Não podemos esperar que o PCC se curve, mas sim trabalhar ativamente para removê-lo do cenário mundial.”