Depois de falar num comício em Sydney, Austrália, para celebrar o 10º aniversário da publicação do livro “Nove Comentários sobre o Partido Comunista“, o ex-diplomata chinês Chen Yonglin falou com o Epoch Times sobre como o livro tem ajudado as pessoas a verem através da fachada do Partido.
“Muitos intelectuais, inclusive eu, costumavam pensar que o Partido Comunista Chinês [PCCh] tinha um lado bom, apesar de suas más ações feitas ao longo de sua história”, disse Chen. “Nós erroneamente acreditamos que o PCC fez algumas coisas boas, como a reforma e abertura”. Reforma e abertura refere-se a uma política iniciada em 1978 por Deng Xiaoping na China e que teve o objetivo de introduzir alguns princípios de mercado na economia chinesa.
“Eu sabia da brutalidade imperdoável do PCC, mas o que eu não sabia é que muitos de seus crimes contra a humanidade foram encobertos, os quais o livro Nove Comentários revelou”, disse Chen.
“Sem a leitura dos Nove Comentários”, é muito difícil de ver que o PCC é por natureza um culto maligno. “Os Nove Comentários são uma obra contundente da literatura e de significado histórico. Eles não só abrem a mente das pessoas em geral como também a dos intelectuais.”
Logo depois que os “Nove Comentários” foram publicados pela primeira vez em 19 de novembro de 2004, isso desencadeou uma onda de renúncias ao PCC.
Chen Yonglin deixou o consulado chinês de Sydney em 26 de maio de 2005, onde trabalhou como primeiro-secretário e cônsul para assuntos políticos.
Pouco mais de uma semana depois, em 4 de junho, dia do aniversário do massacre na Praça da Paz Celestial, ele apareceu pela primeira vez em público. Ele falou num comício a favor do movimento Tuidang, um movimento de renúncia ao PCC. Este incidente foi notícia de primeira página e ele foi entrevistado pela imprensa australiana.
“Depois que sai do Consulado, eu renunciei ao PCC por meio website do Epoch Times. Usei meu nome real ao renunciar a minha afiliação ao PCC e a suas organizações associadas”, disse ele.
“Acho que o movimento Tuidang ajuda o povo chinês a se libertar dos grilhões mentais impostos pela lavagem cerebral e pelas intimidações táticas do Partido Comunista. Incentiva o povo a pensar e agir de forma independente. Quando todo o povo chinês puder ver através dos disfarces e trapaças do PCC, então, o PCC já não será capaz de enganar mais ninguém e entrará em colapso.”
Piorando
Chen Yonglin disse que o PCC só piorou nos dez anos após o livro “Nove Comentários” ser publicado.
O regime chinês, durante sua última tentativa para aumentar a censura na internet, fez que 29 grandes empresas da internet na China assinassem compromissos para seguir as políticas do Partido Comunista e para concordarem em sufocar a dissidência online. Chen acha que isso reflete o medo e a paranoia do Partido, uma vez que tenta impedir que a dissidência floresça.
Quanto à China, durante a conferência de cúpula da APEC, ela pediu ajuda aos Estados Unidos, ao Canadá e à Austrália em sua caçada global a funcionários chineses corruptos para reaver bens evadidos da China por meio do desvio de dinheiro público. Chen Yonglin pensa que o regime chinês não mudará sua natureza e atitude.
“Isso não ajudará o corrupto regime chinês, pois uma vez que o dinheiro retornar à China, ele vai simplesmente ser redistribuído entre outras autoridades e funcionários do Partido. O sistema não mudou e o Partido tornou-se ainda mais corrupto desde que os estudantes pediram reformas em 1989. Além disso, grande parte de sua campanha anticorrupção é pano de fundo e meio para uma luta política, uma luta pelo poder. Isso não reflete uma mudança no Partido como este aparenta, mas simplesmete como ele opera.”
Ele disse que o PCC gosta de esconder as catástrofes naturais e apresentar-se como o “salvador do povo”. Dando um exemplo, Chen aponta para a forma como o regime atrasou dramaticamente os trabalhos de resgate durante o terremoto de Sichuan em 2008 e, mesmo assim, vive dizendo que as pessoas foram salvas sob a orientação do glorioso Partido.
Espiões
Enquanto trabalhava no consulado, Chen foi responsável durante quatro anos por monitorar as atividades de “cinco grupos” de dissidentes chineses, ou seja: Falun Gong, defensores da democracia, separatistas do Tibete, Taiwan e Turquestão Oriental (Xinjiang).
Depois que Chen recebeu asilo político na Austrália, ele informou que cerca de 1.000 espiões chineses trabalhavam na Austrália. Ele também disse que o consulado gasta quase 60% de seu orçamento em diversas estratégias tendo como alvo o Falun Gong.
Desde que desertou, Chen tem falado no Congresso dos Estados Unidos, no Parlamento Europeu, no Parlamento Flamengo da Bélgica e no Parlamento Britânico, expondo as táticas do regime chinês para se infiltrar sistematicamente no mundo livre, e os perigos que isso representa devido à oposição visceral do PCC à liberdade e à democracia.
Em junho de 2007, Chen Yonglin foi numa viagem de nove dias pelo Canadá, durante a qual ele revelou documentos que comprovam a infiltração do regime nas comunidades chinesas no exterior e a existência da rede de espiões do regime.
Comícios
Chen tem frequentado comícios e fóruns para apoiar o movimento de renúncia ao Partido Comunista.
Ele pede aos membros do PCC para que deixem de ser lacaios do Partido e coadjuvantes de um regime brutal: “Deixem a boca falar, deixem o cérebro pensar e deixem as mãos e os pés agirem.”
Ele convida as pessoas “a resistirem ao regime violento, para assim poderem ter de volta os direitos humanos, a liberdade, a democracia e também buscarem por justiça pelos 80 milhões de pessoas que foram injustamente mortas pelo PCC”.
Chen disse que o movimento para deixar o PCC é “um grande despertar espiritual sem precedentes entre o povo chinês e que isso levará ao renascimento da civilização chinesa. Não podemos esperar que o PCC se curve, mas sim trabalhar ativamente para removê-lo do cenário mundial.”