Levantadoras de peso campeãs do Cazaquistão são de fato chinesas contratadas com a opção de voltarem à China
As recém-coroadas medalhistas de ouro do Cazaquistão no levantamento de peso olímpico, Maneza Maiya e Zulfiya Chinshanlo, são originalmente da China. A mídia estatal Xinhua do regime comunista chinês tem noticiado sobre isso, com várias outras mídias estatais fazendo o mesmo. Aparentemente, elas também são participantes num elaborado ‘plano de lobo’ de enviar atletas chineses ao estrangeiro.
Em 2007, uma visita de enviados do Cazaquistão para ver a equipe de levantamento de peso da China baseada na província de Hunan mudou a vida das meninas. Naquela época, as autoridades cazaques estavam interessadas em Zhao Changling (agora Zulfiya Chinshanlo) com 14 anos e em outra halterofilista Deng Jianying, segundo a mídia estatal ‘Chinese Business Morning News’.
Deng Jianying já era uma recordista que levantou 100 kg no arranque em 2005 nos Jogos da Ásia Oriental. Os chineses hesitaram enviar Deng Jianying. Em vez disso, Yao Li (agora Maiya Maneza), de 21 anos, foi para o Cazaquistão com Zhao Changling. As meninas receberam cidadania cazaque imediatamente.
Maneza e Chinshanlo são produtos de uma iniciativa do regime chinês conhecida como ‘plano de lobo’, disse a mídia estatal chinesa Diário da Liberação. O plano envolve colocar atletas chineses de disciplinas que a China domina nos programas esportivos de outros países. No levantamento de peso, a China é decididamente líder mundial. Nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, das 15 categorias de halterofilismo masculino e feminino, os chineses ganharam oito medalhas de ouro.
Os repórteres chineses que falaram com Maneza observaram que ela respondeu às perguntas tanto em russo com em chinês com forte sotaque do nordeste da China. Mas quando perguntada se ela era da China, Maneza disse apenas que nasceu no Quirguistão e que depois se mudou para o Cazaquistão.
Embora Maneza e seu perfil olímpico alegassem que ela nasceu no Quirguistão, o Baidu Baike, a versão chinesa da Wikipédia, e outros relatos chineses descreveram-na como tendo nascido e crescido na cidade nordeste chinesa de Fuxin e depois se juntado à equipe de halterofilismo de Hunan em 2006.
Chinshanlo, por outro lado, falou pouco russo e quase nenhum cazaque. Ambas as levantadoras de peso tiveram intérpretes com elas em Londres.
Candidatos da China para as categorias que Maneza e Chinshanlo ganharam também vieram como uma surpresa. Li Ping, a detentora do recorde da categoria feminina de 53 kg, não estava na escalação da China para as Olimpíadas de Londres. Em vez disso, Zhou Jun, de 17 anos, competiu pela China na categoria, embora ela não tivesse ganhado nenhuma competição internacional e tenha falhado em todas as suas três tentativas de arranque. Para a categoria feminina de 63 kg, em que a China também reivindica um recorde mundial com Liu Haixia em 2007, a China não apresentou uma concorrente.
Aparentemente, Zulfiya Chinshanlo está num contrato de cinco anos, o que a permitirá voltar à China este ano, se ela escolher, disse uma fonte no ‘Chinese Business Morning News’. Uma vez que a China não aceita dupla cidadania, mesmo que Chinshanlo reivindique sua cidadania chinesa imediatamente após retornar à China, ela ainda teria de esperar cinco anos antes que pudesse representar a China em competições internacionais.
O plano de lobo
O ‘plano de lobo’, segundo a imprensa estatal chinesa, relaciona-se com o slogan, “Enviar e convidar.” Ao enviar chineses ao exterior e convidar atletas estrangeiros para a China, o plano foi concebido para ajudar a reduzir o domínio chinês em certos esportes, estimulando assim a concorrência e promovendo os esportes. O plano foi originalmente concebido para o pingue-pongue, mas mais tarde foi adotado para outros esportes, incluindo o levantamento de peso.
Dois homens foram identificados em relatórios oficiais como os responsáveis por trás do plano: Cai Zhenhua, um jogador de pingue-pongue e treinador e ex-vice-diretor da Administração Geral de Esportes da China, e Ma Wenguang, um ex-levantador de peso recordista que agora é o secretário-geral da Associação Internacional de Levantamento de Peso.
Atletas expedidos no âmbito do plano de lobo servem contratos de cinco anos e têm a opção de retornar à China após esse período. O Diário do Povo diz que a China poderia simplesmente estar “emprestando” medalhas de ouro para outras nações.