Dilma respira aliviada, Aécio explora pouco o tema corrupção no debate da Band

15/10/2014 10:32 Atualizado: 15/10/2014 10:32

O tenso (de)bate-boca na Band foi mais uma oportunidade para Dilma Rousseff demonstrar a insegurança de sempre e mentir à vontade, enquanto o candidato Aécio Neves voltou a perder a chance de ser mais ofensivo contra a corrupção e incompetência gerencial que marcam o governo federal sob gestão do PT-PMDB. Como Aécio não venceu o debate de goleada, a pequena derrota teve gostinho de vitória para Dilma. Aliás, “empate técnico por alguma margem de erro” seria o placar mais adequado ao confronto de ontem à noite.

Novamente, Dilma e Aécio não foram claros ou nem tocaram em propostas concretas para combater a inflação, diminuir os impostos, baixar os juros e garantir o crescimento do Brasil. Em síntese: faltou debater estes assuntos cruciais para o cidadão-eleitor-contribuinte. Aliás, o ponto mais grave desta eleição 2014, desde a campanha do primeiro turno, é a falta de soluções reais e objetivas para os problemas brasileiros. Os grandes temas são tratados com a superficial pequenez dos políticos vaidosos e soberbos que pensam mais em si próprios que no Brasil.

Um extraterrestre que tenha assistido ao debate com isenção deve ter ficado com a percepção de que Aécio Neves é, claramente, mais preparado e seguro que Dilma Rousseff para ocupar o Palácio do Planalto. No entanto, tal impressão sobre o evento televisivo não garante uma influência direta sobre uma mudança de posição efetiva do eleitorado que decidirá a eleição no dia 26. Embora não tenha vencido explicitamente o programa, no qual Aécio teve um desempenho mais sólido, Dilma sofreu bem menos danos de imagem do que seus marketeiros e ela própria temiam. No final das contas, Dilma saiu no maior lucro pelo prejuízo que não teve…

Aécio Neves foi claramente abduzido pela malandragem petista que é perita em fugir de assuntos que lhe incomodam. O tucano foi muito econômico nos ataques ao tema que mais apavorava Dilma no debate direto: a corrupção na Petrobras, na qual Dilma foi presidente do Conselho de Administração. Aécio nem fez alusão a este grave fato, para alívio de Dilma. O tucano ficou refém de uma inútil discussão sobre a paternidade do Bolsa Família – que é o instrumento garantidor dos votos petistas principalmente no Norte-Nordeste ou nas periferias pobres dos grandes centros urbanos.

Só no segundo bloco pareceu que Aécio deixaria Dilma no canto do ring até o nocaute. Pegou pesado quando falou do mar de lama no governo por causa dos escândalos da Lava Jato. Aécio perguntou a Dilma quais teriam sido os “bons serviços prestados” por Paulo Roberto Costa ao deixar a diretoria de abastecimento da Petrobras. Dilma disfarçou, teatralizou que sua indignação seria mesma de todos os brasileiros, listou vários escândalos ligados aos tucanos, e indagou Aécio sobre a obra do aeroporto de Cláudio. Aécio chegou a chamar Dilma de leviana por relacioná-lo á obra, e caiu na defensiva. Por fim, Dilma se deu bem em ser poupada de responder muito mais sobre a Petrobras, Paulo Roberto Costa e outras tantas denúncias de corrupção omitidas por Aécio – como o famoso Mensalão que botou membros da cúpula petista na cadeia (por algum tempo, pelo menos).

Aécio reclamou muito bem da postura de Dilma de só olhar no espelho retrovisor, referindo-se a fatos do passado ou fazendo promessas de atos que já deveria ter tomado justamente por ocupar a Presidência da República. No entanto, com uma repetição de estatísticas questionáveis ou mentirosas, Dilma conseguiu chover no molhado e não sofrer desgastes diretos por sua inação como péssima gestora pública. Aécio optou pela tática propositiva de se vender ao eleitor como alguém mais programático, prometendo um futuro melhor que o atual, evitando ataques mais duros a Dilma e ao PT. Dilma ficou na dela, com a mesma dificuldade de expressão que a caracteriza e não foi massacrada – como era previsto ou desejado pela “oposição”.

Friamente, só pelo desempenho neste debate, Dilma saiu do mesmo jeito que entrou, com uma vantagem adicional. Aécio não a feriu mortalmente. Assim, Dilma ganha sobrevida para continuar usando a máquina e prosseguir na briga para continuar no trono do Palácio do Planalto. A marketagem petista não perdoa e continua atacando Aécio duramente no horário eleitoral e nas inserções de propaganda ao longo da programação de rádio e televisão. Já nas redes sociais, os eleitores mais esclarecidos de Aécio impõem um flagelo aos petistas, petralhas e afins.

A grande dúvida é se a internet tem mais poder de influência e sedução que a politicagem feita pelo PT no mundo real, onde as “bolsas-voto” ou a descarada compra de votos em troca de grana ou favores costuma falar mais alto. Se os próximos debates forem mornos como o de ontem, com Dilma neutralizando alguns ataques e Aécio economizando tiros na ofensiva, a vantagem será da petista. Aécio até está correto em manter a postura de candidato que faz propostas, em vez apenas de bater no adversário com verdades ou mentiras. O problema é que Dilma fará sempre o contrário, praticamente neutralizando o tucano em suas boas intenções ou bom mocismo.

Se os próximos debates do SBT e da Globo forem do mesmo jeito, com candidatos fingindo que falam de grandes temas nacionais, sem indicar um caminho concreto para realizá-los, Dilma acabará levando a melhor. Ou Aécio intensifica e populariza o combate ao tema corrupção, que desestabiliza Dilma e demonstra sua incompetência de gestão, ou não conseguirá os milhões de votos que ainda precisa para destronar o PT do Palácio do Planalto.

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