Em reportagem publicada na Folha de São Paulo, 22 de julho, Valdo Cruz revela que, através de sua assessoria política, a presidente Dilma Rousseff está assumindo o compromisso de rever erros que admite ter cometido no primeiro mandato. A iniciativa demonstra que a partir de agora, véspera do início da campanha eleitoral, ela busca ressurgir na caminhada para um segundo mandato assim reconquistando tempo perdido. Despertou tarde, mas, como diz o aditado, antes tarde do que nunca.
Foi evidentemente tocada pelas recentes pesquisas do Datafolha que iluminaram o aumento da rejeição a seu governo, o que, como é inevitável, acarretou a descida de sua liderança de 38 para 36 pontos no espaço de quinze dias. Mais importante do que o pequeno recuo, aí sim, é o registro do que pode ser uma tendência. O Datafolha assinalou 36% das intenções de voto, contra 20% de Aécio Neves e apenas 8 pontos para Eduardo Campos. Mas existem muitos outros candidatos, a começar pelo pastor Everaldo que alcança 3 degraus.
Somados todos os percentuais, de acordo com o Datafolha, verifica-se um empate. Ou seja, a soma dos adversários coincide com os 36 pontos alcançados pela chefe do Executivo. Tais números acentuam, mais que uma tendência possível, a hipótese provável do segundo turno. Assim, a decisão nas urnas seria transferida de 5 de outubro para 26 do mesmo mês, conforme prevê a lei.
Erros
A matéria do jornalista Valdo Cruz é bastante forte ao refletir vários ângulos do processo de fixar um panorama verdadeiro. A começar pelo fato de a assessoria de Rousseff alinhar o que Dilma reconhece como seus principais erros na trajetória de seu desempenho político, a partir dos planos econômico e social.
No campo político, do qual se ganha e se perde votos na urna, ela admite a falta de diálogo com os partidos aliados e com as correntes do empresariado que mais se aproximam de sua candidatura. Os outro seis aspectos concentram-se no corte das tarifas de energia, desoneração sobre as folhas de pagamento, tarifas de ônibus, preço dos combustíveis procedentes do petróleo, empenho em assegurar superávit primário (a contabilidade antes de considerar o custo com a rolagem da dívida interna), além da limitação dos ganhos das empresas de transporte rodoviário e ferroviário.
Essas medidas, todas elas, voltadas para conter a inflação em patamar positivamente absorvível pela sociedade, mas, vê-se agora, não produziram os resultados almejados. Sim. Porque se tivessem logrado atingir os resultados esperados, ela, Dilma, não os incluiria num quadro de revisão.
Novo estilo
A essa lista de reformas, a meu ver, ela deve acrescentar a mudança de seu estilo que, se não a levou a um isolamento, pelo menos bloqueou sua progressão no processo de ampliar as intenções de voto para si.
Os números confirmam essa imagem. No primeiro turno, ela tem 36, Aécio 20, Eduardo Campos 8 pontos. Caso haja segundo turno, o Datafolha aponta 44 para ela, 40 para Aécio. Portanto ela sobe 8 degraus, Aécio duplica a percentagem do primeiro embate, sobe portanto para 40. A aproximação ocorre. Porém tem que se levar em conta os sufrágios brancos e nulos que podem conduzir a uma distância maior dela em relação ao senador mineiro.
Porque se a pesquisa registrar, digamos, o que é provável, 15% de nulos e brancos, as percentagens terão que ser infladas, é claro, na mesma escala. Sobe mais, assim, quem está na frente. Mas estas são interpretações dos números. Havendo segundo turno, os debates e os conteúdos das colocações do tema é que vão decidir se Dilma Rousseff continua no plano alto do planalto ou se vai ser sucedida por Aécio neves. O pastor Everaldo, vejam só, pode ser decisivo para definir se haverá ou não segundo turno.
Eduardo Campos, a meu ver, vai esperar o terceiro turno. Mas este só nas eleições de 2018.
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