Uma mãe chinesa escreve sobre sua experiência
Uma postagem recente da internet comparando as abordagens chinesa e norte-americana na educação dos jovens foi calorosamente discutida e amplamente difundida online, particularmente pelas mães chinesas que estão ansiosas por uma melhor educação para seus filhos. O artigo postado, intitulado, “Surpreendentemente, meu filho recebeu tal educação nos EUA”, descreve a vida escolar de um menino chinês de 9 anos que se mudou da China para os Estados Unidos. Em pouco tempo, ele foi compartilhado cerca de 5 mil vezes no Sina Weibo, uma versão chinesa do Twitter.
“Na China, sua bolsa estava cheia de livros pesados do primeiro grau. Da 1ª à 4ª série, mudamos mochilas escolares três vezes. A próxima era sempre maior do que a anterior. Partimos do pressuposto de que o conhecimento transmitido também crescia”, confessou a mãe, que no início estava um pouco confusa sobre o estilo de ensino do espírito livre norte-americano.
Ao contrário de países ocidentais, os estudantes na China não tem a liberdade de escolher o que querem aprender. Escolas chinesas uniformemente usam livros didáticos padronizados compostos e publicados pelo regime comunista. Desde a 1ª série, os alunos recebem um livro para cada disciplina e tem de levar o que precisam para a aula na escola todos os dias.
Mas quando ela perguntou o que era a melhor coisa de ir à escola nos Estados Unidos, o filho respondeu, “liberdade”. “Suas palavras me atingiram como um golpe na cabeça”, escreveu a mãe.
Na China, a pesquisa individual é raramente usada em níveis de ensino antes da faculdade e os estudantes normalmente recebem respostas padronizadas para os exercícios. Um dia, seu filho trouxe de volta os livros da biblioteca para trabalhar num projeto que ele chamou de “o passado e o futuro da China”. Ela pensou consigo mesma, “Que tema mais ousada, será que um candidato de Ph.D. se atreveria a trabalhar com isso?”
Logo, o resultado pegou-a de surpresa. “Fiquei espantada ao ver seu trabalho. Ele separou os materiais que reuniu em seções e capítulos e anexou uma bibliografia no final. Este era o estilo de escrita que eu aprendi na universidade e naquela época eu tinha 30 anos”, disse ela na postagem.
Outra grande diferença foi a aula de história. “Quando vi meu filho navegando através de livros sobre as guerras mundiais com alegria, não pude deixar de pensar sobre como foi chato para eu memorizar o período e os detalhes de eventos históricos. Mesmo quando as conclusões eram obviamente pedantes e erradas, eu não tinha escolha, a não ser memorizá-las.”
Materiais em aulas de história na China são muitas vezes fortemente propagandistas e fabricados por razões políticas. Um livro chinês elementar, disponível online, mostra que o primeiro exercício de leitura longa para alunos da primeira série é uma passagem de 200 caracteres sobre uma figura comunista proeminente plantando uma árvore. “Vovô Deng Xiaoping atraiu os olhos de muitos. Ele segurou uma pá nas mãos e sua testa estava cheio de suor. Mas, ainda assim, ele preferia não fazer uma pausa”, dizia o texto.
Em contraste, os professores norte-americanos incentivam os estudantes a encontrarem eles mesmos as respostas para a história, escreveu a mãe. “Os professores estão expressando a ideia do humanismo através de perguntas e ajudando-os a prestar atenção no destino dos seres humanos. Eles ensinam as crianças maneiras de lidar com grandes questões. Não existem respostas padrões para essas perguntas e algumas delas necessitam que alguém use toda sua vida procurando pelas respostas.”
“Eu sempre penso sobre a forma como os alunos do ensino fundamental trabalham na China. Sentam-se com as costas retas, carregam livros pesados, passam horas em deveres de casa e fazem seu melhor para passar em exames rígidos”, escreveu ela. “Isso nos dá uma enorme sensação de pressão e opressão.”