O dia mundial da água foi instituído em 1992 pela Organização das Nações Unidas, após a conferência ECO-92. É celebrada em 22 de março anualmente, com diferentes temas.
Esse ano o tema do dia está relacionado com a fome: o planeta tem sede por que o mundo tem fome. No dia mundial da água, o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou, em 22 de março de 2012, que para alimentar com uma quantidade suficiente uma população mundial em forte expansão, a comunidade internacional deverá velar pelo uso sustentável de nosso “mais precioso recurso limitado”: a água.
Ki-moon alertou a comunidade internacional, em um discurso lido em seu nome na abertura da cerimônia: “Se nós não utilizamos a água de uma maneira mais sensata na agricultura, nós não seremos capazes de eliminar a fome e nós abriremos a porta a uma série de outros maus, incluindo a seca, a desnutrição e a instabilidade política.”
Na verdade, com 7 bilhões de habitantes em nosso planeta e 2 bilhões a mais em 2050, a tarefa de alimentar essa população necessitará da atenção do mundo inteiro. De acordo com o 4° relatório da ONU sobre o desenvolvimento mundial da água, nós precisamos de 70% a mais de comida e a maioria dessa comida será necessária nos países em desenvolvimento.
O relatório também apontou que o aumento súbito da produção alimentícia se manifestará por um aumento na demanda de água de, ao menos, 19%. Atualmente essa demanda representa 70% do consumo de água doce. Irina Bokova, diretora geral da UNESCO, disse: “Esse dia mundial de Água é um apelo à ação. Nós devemos nos unir hoje para garantir água e comida saudáveis a cada cidadão do mundo para hoje e sempre”.
O dia mundial da água é um apelo à ação, limitar o consumo de água, reduzir o desperdício. Por exemplo, apesar da raridade da água, a alimentação mundial evolui em direção a maior consumo de carne vermelha e outros grandes consumidores de água. A produção de gado é uma despesa enorme de água sem contar a água utilizada na transformação do leite, da carne e de outros produtos lácteos.
Mas antes de mudar nossa comida, nós devemos mudar nossa maneira de comê-la, o que significa efetivamente reduzir o desperdício. Esvaziar seu prato não alimentará as crianças que passam fome hoje, mas isso poderá ajudar a reduzir o desperdício de alimentos, a proteger o meio ambiente e a alimentar uma população crescente no mundo.
Os especialistas reunidos na semana de 23 de março de 2012 em uma Cimeira sobre a Alimentação e a Agricultura que ocorreu em Chicago, afirmaram que 30% dos 50% da comida produzida no mundo era desperdiçada. Assim, 30% da comida produzida no mundo inteiro é destruída, seja pelos produtores que utilizam meios de transporte não adequados, seja pelos consumidores que jogam fora a comida.
Uma armazenagem eficaz, campanhas de sensibilização, uma alimentação mais saudável, contribuirão para diminuir a quantidade de comida desperdiçada e, assim, reduzirão a água desperdiçada.
Dia mundial da água é uma celebração
O mundo inteiro celebra esse dia, eventos são criados. Por exemplo, exposições são instaladas: a arte visual sobre todas as suas formas, celebrações teatrais e musicais sobre a água.
Dirigentes locais, nacionais e internacionais organizam colóquios sobre a gestão da água e da segurança. Eventos educativos são organizados com as escolas sobre a importância da água potável e a proteção dos recursos hídricos. Trilhas locais para visitar rios, lagos e reservatórios. Programas especiais são produzidos na televisão, no rádio e na internet.
Na verdade, quando foi instaurado o dia mundial da água em 22 de março de cada ano, os países foram encorajados a desenvolver atividades para destacar as necessidades hídricas locais.
Demos um passo à frente, olhemos o lado positivo
Em seu discurso, o diretor geral da FAO, José Graziano da Silva, disse: “Há vinte anos atrás, a primeira Cimeira da Terra do Rio destacou a importância vital de uma gestão racional da água para construir um futuro sustentável e a segurança alimentar do planeta. Se, desde então, muitos países fizeram grandes avanços na gestão de seus recursos hídricos, ainda há muito a ser feito”.
Catarina de Albuquerque, relatora especial da ONU pelo direito a água, deseja uma espírito mais positivo de toda a comunidade: “Nós deveríamos assinalar o dia mundial da água com progressos no lugar de debates semânticos e no lugar de retornar às promessas nessa área”.
“Nós não podemos esquecer dos bilhões de pessoas que não têm sempre acesso a água potável e a saneamento seguros”, acrescentou. Albuquerque incentiva os países em uma mensagem, não para reverter a decisão deles de reconhecer o direito a água e ao saneamento para todos, mas para agir de forma a garantir que esse direito seja respeitado.
Economizaríamos 1.350 km³ de água por ano
A FAO destaca números importantes: estima que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçados a cada ano. Se nós reduzíssemos em 50% as perdas e o desperdício alimentar à escala mundial, economizaríamos 1.350 km³ de água por ano.
Para entender esses números, por exemplo, a média de precipitações anuais na Espanha é de 350 km³, a capacidade de armazenamento do lago Nasser, no Egito e no Sudão é cerca de 85km³, e o volume de água que atravessa a cidade de Bonn, sobre o rio Reno, em um ano, é de cerca de 60km³.
Esses números falam por si, com a vontade de cada país e de cada concidadão, é possível reverter a situação e economizar quantidades consideráveis de água.
Para produzir a alimentação cotidiana a uma só pessoa, é preciso de 2 a 5 mil litros de água
Atualmente, 1,6 bilhão de pessoas vivem em países ou regiões vítimas de uma falta de água extrema, mais de dois terços da população mundial poderão ficar expostos a condições de insuficiência hídrica daqui a 2025.
Os alimentos sólidos precisam de água para serem produzidos, por exemplo, a água é indispensável na produção alimentícia. Um ser humano consome, em média, de 2 a 4 litros de água por dia, contudo, é preciso de 2.000 a 5.000 litros para produzir a comida cotidiana de uma só pessoa, esses números são consideráveis. De fato, a população agrícola é responsável por 70% por todo o desperdício mundial de água doce e águas subterrâneas.
Nesse sentido, o diretor geral da FAO, José Graziano da Silva, disse: “Nos é preciso responder à demanda agrícola preservando a água e os outros recursos naturais, o que será a intensificação sustentável da agricultura para produzir a comida a qual o mundo precisa utilizando água de maneira mais inteligente, modificando nossos hábitos alimentares e preconizando uma alimentação mais saudável, reduzindo perdas e desperdícios.”