Autoridades da China prenderam 44 cidadãos chineses que tentaram apresentar queixas judiciais contra o ex-líder do Partido Comunista Jiang Zemin, de acordo com um grupo de ativistas de direitos humanos sediados fora da China.
A campanha para pressionar as autoridades chinesas a indiciar Jiang por ter lançado a perseguição à prática espiritual do Falun Gong, tem ganhado força desde maio. A maioria dos indivíduos que apresentou queixa na China – queixas que ultrapassam agora os 80 mil – são praticantes de Falun Gong.
Falun Gong é uma prática de meditação que surgiu na China em 1992. Devido aos benefícios à saúde e à mente, a prática foi amplamente aceita no país e, em 1999, já possuía cerca de 100 milhões de adeptos, segundo pesquisa realizada pelo governa na época. Diante do grande número de adeptos – que chegava a ultrapassar o número de pessoas filiadas ao Partido Comunista Chinês – o ex líder Jiang Zemin baniu a prática na China e, desde então, os praticantes de Falun Gong são presos, enviados a campos de trabalho forçado, e submetidos a torturas que levaram muitos à morte. O caso começou a ter mais repercussão na mídia quando foram divulgadas provas de que o governo chinês estava extraindo os órgãos destes prisioneiros de consciência à força, para vendê-los nos hospitais da China.
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Em vários casos, as autoridades chinesas não tomaram nenhuma ação contra aqueles que apresentaram as queixas. No entanto, em uma ocasião recente em Harbin, isso mudou. Se existe uma política nacional diferente, ou se trata-se apenas de funcionários locais que não sabem lidar com as queixas, não é claro.
Entre a tarde de 11 de julho e o início da manhã de 13 de julho, pelo menos 44 praticantes de Falun Gong foram presos e detidos pela polícia local na cidade de Harbin, no nordeste da China, de acordo com a Organização Mundial para Investigar a Perseguição ao Falun Gong (WOIPFG), uma organização cuja missão está descrita no seu nome. No dia 15 de julho, a polícia Harbin afirmou que as prisões foram feitas para “ajudar na investigação” das denúncias criminais movidas contra Jiang.
Os nomes dos moradores de Harbin detidos, que vêm de 20 municípios, distritos e áreas diferentes do distrito de Shuangcheng, são conhecidos e foram listados pela WOIPFG.
Desde o final de maio, dezenas de milhares de praticantes de Falun Gong já submeteram ao mais alto órgão judicial da China e ao supremo tribunal queixas judiciais que pedem que Jiang Zemin seja levado à justiça por ter cometido crimes contra a humanidade e genocídio. Devido a uma reforma legal no início de maio, o Supremo Tribunal do Povo e a Procuradoria Popular Suprema têm, na maioria dos casos, confirmado o recebimento dessas queixas.
Antes da mudança da lei em maio, os órgãos jurídicos podiam rejeitar ou ignorar queixas por qualquer motivo.
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O Minghui, um web-site no exterior que documenta a perseguição ao Falun Gong, publicou que 84.835 queixas de 103.605 praticantes foram registradas até 23 de julho. Mais de mil queixas têm origem no continente e foram submetidos por cidadãos chineses já perseguidos, e que agora se encontram no exterior.
Os praticantes do Falun Gong têm processado especificamente Jiang Zemin, porque a perseguição foi iniciada sob suas ordens em julho de 1999. O aparato de segurança do regime e a força extra legal semelhante à Gestapo, chamada “Agência 610”, foram responsáveis por mais de 3.800 mortes durante a perseguição, e pela prisão de centenas de milhares de praticantes. Os pesquisadores também acumularam evidências de que os hospitais militares e privados na China estão colhendo os órgãos de praticantes do Falun Gong para vender por lucro.
A enxurrada de queixas criminais contra Jiang vem em um ambiente de rápida mudança política na China. Sob o pretexto de uma campanha anticorrupção, o atual líder do Partido Comunista, Xi Jinping, tem desmantelado a rede política de Jiang ao longo dos últimos dois anos. Uma séria de apadrinhados de Jiang têm sido purgados do Partido Comunista por corrupção.