A dissolução química das rochas pelo dióxido de carbono dissolvido na água da chuva nunca foi levado em conta na evolução climática. Mas um estudo inovador descobriu que esse elemento é importante, pois com mais CO2 no ar, o processo de erosão das rochas se intensifica e o carbono se acumula nos oceanos e no curso d’água.
O estudo, publicado na revista Nature do mês de março de 2012, foi elaborado por um grupo de pesquisadores do laboratório de Geociência do Meio Ambiente Toulouse em colaboração com o laboratório de Ciências do Clima e do Meio Ambiente e o da Universidade de Bergen, na Noruega.
A água da chuva dissolve lentamente as rochas
O dióxido de carbono (CO2) do ar dissolve-se na água da chuva e cria ácido carbônico. Esta água da chuva dissolve lentamente as rochas e esse carbono é, em seguida, levado pelos rios ao oceano. O CO2 é absorvido e preso por milhares de anos na água, antes de retornar à atmosfera ou de ser assimilado pelos sedimentos marinhos como os corais. A deterioração química dos continentes pela atividade humana foi destacada por esse estudo.
O estudo sobre um rio altamente povoado, o Mississipi
Assim, a utilização do CO2 atmosférico pela desintegração das rochas poderia aumentar 50% antes de 2100. Na verdade, esse fluxo é estimado em cerca de 0,3 bilhões de toneladas de carbono de origem atmosférica a cada ano. Esse sistema teria uma influência sobre as mudanças climáticas. A avaliação é parecida com o fluxo ligado à biosfera continental (vegetação, sol, húmus, etc), acrescenta o Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) em um comunicado. Porém, esse fluxo avaliado lentamente foi reconhecido como um importante poço de carbono tendo como base uma escala de milhões de anos, mas foi considerado como pouco importante considerando esse século. De fato, os pesquisadores americanos estudaram esse processo sobre um rio muito populoso, o Mississípi. Eles tinham sugerido que o efeito não foi negligenciável neste século. Essa transformação é difícil de avaliar, pois esta bacia está localizada em um território de elevada atividade agrícola.
Simuladores conduzidos em uma bacia ártica do rio Mackenzie
Os pesquisadores de Toulouse, com a colaboração do laboratório de Ciências Climáticas e do Meio Ambiente e a Universidade de Bergen na Noruega, conduziram simulações sobre uma bacia ártica do Rio Mackenzie, ao noroeste do Canadá. Eles avaliaram a quantidade de CO2 por uma estimativa, imaginando a futura evolução climática. De fato, a temperatura aumenta de 1,4 a 3°C e as precipitações aumentam 7% em média sobre a bacia Mackenzie. Em segundo lugar, a produtividade da biosfera e a hidrologia nos solos simulados e a dissolução química dos minerais é ainda calculada.
Segundo os pesquisadores, convém integrar esses dados em todo o sistema de avaliação futura do clima terrestre: esta é a conclusão do estudo.
A acidez dos oceanos: uma progressão, muitas contradições
A acidez dos oceanos teria aumentado 30% desde o começo da revolução industrial, seja uma bacia de 0,1 de pH para atender 8,1 ou 8,14. Assim, frente à demanda do Conselho Nacional de Pesquisadores do Canadá, a academia de Ciências dos EUA se voltou para o problema emergente da acidificação dos oceanos e fez uma atualização sobre os diferentes estudos publicados até o presente.
Nesta área, onde ainda restam muitos desconhecimentos e incertezas, parece, mesmo assim, que o problema é real e que se a concentração atmosférica em CO2 não foi controlada, o pH dos oceanos continuará a baixar.
Com base nas previsões do GIEC (Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Evolução do Clima), o atual aumento da taxa de CO2 na atmosfera deveria ainda diminuir, e o pH das águas do planeta de 8,14 atualmente deveria estar em 7,8 até o fim do século. Um relatório do PNUE (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) noticiou uma diminuição do pH de 0,3 até 2100, enquanto que um comunicado de imprensa do CNRS (de 7 de setembro de 2009) relatou uma baixa de 0,4.
Uma perturbação química na água do mar
De acordo com esse comunicado de imprensa, estima-se que, desde 1800, um terço das emissões de CO2 ligadas a atividades humanas foram absorvidas pelos oceanos, o que equivale a 1 tonelada por ano de CO2 por pessoa. Essa absorção em massa reduziu as mudanças climáticas, mas ela também provoca uma perturbação química na água do mar. O CO2 absorvido provoca uma acidificação dos oceanos e, ao ritmo das emissões atuais, estima-se que o pH diminuirá em 0,4 até 2100.
Isso corresponde a uma triplicação da acidez média dos oceanos, o que é sem precedentes nos últimos 20 milhões de anos. A equipe de pesquisadores, dirigida por Jean-Pierre Gattuso, estudou o impacto de tal diminuição de pH sobre os organismos calcificadores. Os pterópodes (caracóis nadadores marinhos) e os corais do fundo do mar que vivem em zonas que estarão entre as primeiras a serem afetadas pela acidificação dos oceanos, enquanto o papel deles em seus ecossistemas é essencial. Nos novos estudos, parece essencial introduzir novos parâmetros estabelecidos, devido à dissolução química de rochas por dióxido de carbono.