Desfile de praticantes de Falun Gong marca 15 anos de coragem nos EUA

02/05/2014 17:59 Atualizado: 02/05/2014 18:01

Imagine se seus pais fossem presos e interrogados porque vocês estava praticando meditação em um parque. Imagine se seus parentes fossem demitidos de seus empregos porque você acredita em ser uma boa pessoa. Imagine se você mesmo, fosse sequestrado, encarcerado e torturado por conta de suas crenças.

Aos praticantes de Falun Gong, esses cenários são rotineiros em suas vidas na China. Muitos praticantes dessa milenar prática tradicional de qigong tiveram que fugir de seu país com histórias dignas de um filme de Hollywood. Muitos vão aos Estados Unidos como forma de serem ouvidos.

No último sábado (26.04), aproximadamente 1.000 praticantes de Falun Gong, também conhecido como Falun Dafa, organizaram um grande desfile em Nova York para contar ao mundo sobre a brutal perseguição que tem acontecido na China. Eles marcharam pela rua principal de Flushing, uma comunidade chinesa situada próximo ao bairro de Queens.

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Uma banda marchante com vestes azuis e brancas conduziu o desfile, seguidos por lindas meninas vestidas com trajes tradicionais chineses e dançarinos que conduziam os famosos leão e dragão, marca dos desfile chineses. Lá também estavam famílias com suas crianças, segurando cartazes que expunha a extração ilegal de órgãos e a perseguição ao Falun Dafa, assim como de outras etnias reprimidas na China.

O dia 25 de abril em Beijing

No entanto, havia um propósito mais profundo. No dia 25 de abril, um dia antes do desfile, marcou-se o 15º aniversário de um evento que ficará registrado na história, onde mais de 10.000 praticantes de Falun Gong se dirigiram ao escritório de apelo do governo chinês em Zhongnanhai, Beijing. O protesto ocorreu pouco antes do início oficial da perseguição ao Falun Dafa em 20 de julho de 1999.

“Há 15 anos, aproximadamente 10.000 pessoas que praticam meditação e seguem ensinamentos pacíficos que podem elevar a moral, viram o governo iniciar a campanha da perseguição.” Disse no comício Liam O’Neill, porta-voz do Centro de Informações do Falun Dafa.

O’Neill explicou o porquê de os praticantes terem apelado, afirmando que “Acreditando na bondade das pessoas, na bondade do governo, eles foram ao Setor Público de Apelações para contar ao poder público o que haviam passado.”

A apelação foi ordenada e em paz e dentro dos ditames da lei chinesa. Ainda assim, a manifestação foi utilizada como desculpa para que o antigo líder no partido comunista chinês, Jiang Zemin, iniciasse sua perseguição ao Falun Gong.

A perseguição é tão intensa que basicamente cada chinês teve um amigo ou parente afetado por isso. Para os estimados 100 milhões de praticantes de Falun Gong na China, no entanto, o efeito foi muito mais direto.

Histórias pessoais

Jane Dai, que se mudou para os Estados Unidos com sua filha em 2007, estava entre os praticantes de Falun Gong no desfile. Seu marido foi sequestrado pelas autoridades chinesa em 2001 por praticar Falun Gong. Foi torturado até a morte na prisão no mesmo ano.

“Milhões de praticantes tem sido perseguidos por 15 anos.” Dai disse. “Minha família é apenas um caso desses.”

“Minha filha tem 14 anos hoje”, ela afirma. “A última vez que viu seu pai foi quando tinha 9 meses.”

Outra praticante de Falun Gong no desfile era Crystal Chen. Ela tem 42 anos, mas poderia facilmente se passar por uma mulher de 30 anos. Em sua casa em Guangzhou na China, ela foi sequestrada pela polícia e passou 3 anos presa em um centro de “reeducação” de trabalhos forçados.

Enquanto estava no campo, Chen era regularmente torturada. Um dia, os guardas a torturaram quase até a morte. Eles a enviaram ao um hospital fora do campo, e foi aí quando ela conseguiu escapar. Ela voou até a Tailândia, quando se tornou uma refugiada das ONU. Foi enviada aos EUA em 2009.

No entanto, Chen fala sem ressentimentos. Para ela, o evento comemorativo dos 15 anos, desde abril de 1999, é um sinal de resiliência.

Crenças imutáveis

A história do Falun Gong é uma história de luta para defender verdade, compaixão e tolerância. É a historia de ensinamentos que o ex-líder do Partido Comunista Chinês, Jiang Zemin, afirmou em 1999 querer destruir.

Ainda assim, para Chen e muitos outros, a história de Falun Gong não é triste. É sobre 100 milhões de pessoas que permaneceram fortes, mesmo com o regime chinês espalhando mentiras sobre eles, mesmo quando o Departamento de Segurança Chinês foi enviado para destruí-las e ainda que o mundo inteiro, com base nas mentiras espalhadas, estivesse contra eles.

E é a história de como o Falun Gong não lutou de volta, e ao contrário, contou ao mundo a verdade e como os crimes cometidos pelos líderes do Partido Comunista Chinês e seus Departamentos de Segurança estão sendo expostos ao mundo.

O desfile de Sábado transmitiu essas histórias, onde muitos não recuaram ante o sofrimento, de pessoas que enfrentaram o ódio do mundo instigado por mentiras e que permaneceram de modo delicado e calmo expondo a verdade.

Erping Zhang, porta-voz da Associação do Falun Dafa de Nova York, agradeceu aqueles que prestaram apoio ao Falun Gong, incluindo o Congresso Americano, que já soltou diversas resoluções condenando a perseguição na China, ressaltando que “Recebemos um grande auxílio do mundo todo.”

A líder do bairro de Queens, Martha Flores Vazquez também falou no comício. Ela reafirmou o apoio aos praticantes de Falun Gong em Flushing, Queens, sobre o ataque de um grupo pró comunista que atacou em varias ocasiões os praticantes. Ela afirmou: “Não toleraremos injustiça em Flushing.”

Melhores Perspectivas

A perseguição na China ainda está ocorrendo. No ano passado, tornou-se pior, de acordo com Wang Zhiyuan, porta-voz da Organização Mundial de Investigação à Perseguição ao Falun Gong.

Wang disse que estatísticas parciais demonstram que 4.942 praticantes foram sequestrados, 732 foram enviados para centros de lavagem cerebral, 796 foram sentenciados sem embasamento e 108 torturados até a morte.

Há muitos praticantes de Falun Gong, entretanto, incluindo Wang, que acreditam que muito em breve os oprimidos crescerão mais que os opressores.

Eles acreditam que a perseguição acabará e que a verdade não mais será escondida, que a história dos 100 milhões de praticantes de Falun Gong será relembrada na História que os crimes dos líderes chineses serão considerados pelo mundo.

Liam ONeill afirmou: “O PCC tem o maior exército e o maior aparato de segurança pública do mundo. Possuem monopólio total das informações e controle total da internet chinesa.”

“Mas porque não conseguiram derrotar o Falun Gong? Porque boas pessoas tentando ser melhores é, de fato, a força mais poderosa do mundo.” afirma O’Neill. Ele acrescenta que os princípios da prática estão “fundidos na história chinesa. Embasados na cultura chinesa. Baseada nos fundamentos que norteiam o universo: Verdade, Compaixão e Tolerância.”