Praticantes estão otimistas em ver as mudanças no povo chinês
WASHINGTON – Milhares de praticantes do Falun Gong de todo o mundo orgulhosamente marcharam pela capital do país na sexta-feira, lembrando ao mundo não só os 13 anos de perseguição na China, mas a profundidade de sua convicção em enfrentar tal opressão.
A Avenida Pensilvânia ganhou vida enquanto fileira após fileira de participantes, liderados pela Banda Marcial Celeste toda uniformizada de azul, marchavam através de centro de Washington DC carregando faixas, bandeiras e cartazes. Uma seção do desfile foi composta de mulheres vestidas de branco, cada uma carregando uma coroa de flores adornando uma imagem com de um dos mais de 3.500 praticantes do Falun Gong mortos pelo regime comunista na China.
Segurando uma das faixas, Birgit Braun disse que tinha viajado da Alemanha para Washington DC sabendo que em casa ela poderia praticar suas crenças livremente, mas que na China as pessoas não podiam.
“O Partido Comunista da China não permite qualquer crença ou religião”, disse ela. “Eles perseguem o Falun Gong de uma forma muito severa e não têm o direito de fazer isso.”
Braun comentou sobre os benefícios da prática. Ela se descreveu como era uma pessoa asmática e nervosa, mas que depois de praticar o Falun Gong, também conhecido como Falun Dafa, sua saúde melhorou e ela desenvolveu um senso de bem-estar. Braun disse que ao saber que as pessoas na China eram perseguidas por uma prática que ela sabia por experiência própria que era boa tornava importante se posicionar em seu favor.
De origem chinesa, o australiano Xiao Lee, que fez a viagem a Washington para um fim de semana de eventos, estava pronto para marchar com um cartaz que dizia às pessoas sobre a perseguição.
“É muito importante estar aqui. Faz 20 anos de propagação do Dafa e 13 anos de perseguição na China”, disse ele.
O Falun Gong é uma antiga forma de qigong, uma forma de exercício tradicional chinês de mobilização das energias, e uma prática de meditação transmitida de mestre para discípulo. A prática foi apresentado ao público na China em 1992 pelo Sr. Li Hongzhi.
Os praticantes são estimulados a serem boas pessoas na sociedade ao praticarem os exercícios e a respeitar os princípios fundamentais da verdade compaixão e tolerância, virtudes altamente consideradas na cultura tradicional chinesa.
Comprometidos com esses princípios, os praticantes do Falun Gong foram severamente perseguidos na China desde a decisão do Partido Comunista Chinês (PCC) de 20 de julho de 1999.
Xiao Lee tem conhecimento íntimo da perseguição, sua esposa foi presa e mantida num campo de trabalho por dois anos por praticar o Falun Gong. Com a intervenção e assistência prestada pelo governo australiano, ela foi finalmente autorizada a regressar à Austrália.
Mas as provações continuam para sua família, pois, no mês passado, Lee soube que seu cunhado foi preso logo após obter um visto para visitar seus pais na Austrália.
O cunhado também foi posto num campos de trabalho por praticar o Falun Gong duas vezes antes. “É uma notícia muito ruim”, disse Lee.
Desde que a prática começou há dez anos, Hans He, do Canadá, tem vindo a Washington a cada ano para participar de eventos do Falun Gong e passeatas, incluindo os desfiles anuais. Este ano, ele disse que as coisas parecem diferentes.
“Há uma grande mudança a caminho, você pode senti-la. Eles [os chineses] sabem a verdade sobre o Falun Gong agora e sabem o que o PCC vem fazendo”, disse ele. “Uma vez que vejam a verdade, eles mudarão.”
Dillon Spitler, um norte-americano que trabalha na Coreia do Sul, participou do desfile, como parte de um contingente de 30 praticantes sul-coreanos do Falun Gong.
Com a Coreia do Norte bem ao lado, Spitler e seu grupo tem regularmente que lidar com comunistas infiltrados que criam problemas em locais de exercício e interferem com os acontecimentos. “Por isso, é muito real, a perseguição estando tão perto”, disse ele.
Spitler disse que participar de desfiles e outros eventos em Washington foi particularmente importante para os sul-coreanos, uma vez que reforça sua ligação com a América e os faz sentir que não estão sozinhos.
Johnny Romero, de 60 anos, veio da Venezuela e ficou muito feliz de estar com tantos praticantes. Ele descreveu o Falun Gong como a “coisa [mais] incrível que aconteceu na minha vida inteira”, observando como beneficiou não só seu próprio bem-estar, mas o de sua família.
Renunciando ao PCC
A perseguição é muito brutal e tem ocorrido há muito tempo, disse Romero, e “isso tem de parar”. Ele estava na ala do desfile chamada ‘Renunciando ao PCC’, relacionada a um movimento de massa do povo chinês que renuncia sua associação com o PCC e suas organizações afiliadas. Também conhecido como Tuidang, o movimento registrou até agora mais de 120 milhões de renúncias.
O ‘Centro de Assistência Global para Renunciar ao Partido Comunista Chinês’ está na linha de frente do movimento Tuidang, com sua equipe facilitando as declarações de renúncia de chineses em todo o mundo.
A presidente Rong Yi do Centro disse que o ritmo de renúncias ao PCC atingiu agora 60 mil por dia. O movimento “decidirá o futuro do PCC”, disse ela. “Esta é a escolha do povo. Eles escolhem não mais PCC.”
Os espectadores foram favoráveis enquanto observavam e acompanhavam o desfile na Avenida Pensilvânia.
O estudante de direito Daniel Freer disse que estava feliz em apoiar um povo que se opunha a corrupção no governo, dizendo que a liberdade de expressão é “um direito, como disseram nossos pais fundadores”.
Nancy Broyhill, da Virgínia, assistiu ao desfile com os membros da família, incluindo três netas. Ela descreveu o evento como “democracia em ação”. “É bom para elas verem”, disse ela, prometendo uma discussão aprofundada sobre o Falun Gong e a China com a família naquela noite.
John Chang veio à Virgínia especificamente para assistir ao desfile. Ele nasceu na China, mas cresceu em Taiwan, e passou seus anos de escola num templo budista. Embora não seja um praticante do Falun Gong, ele apoia muito o grupo.
“Eles estão indo muito bem, elas são as melhores pessoas ao redor do mundo, compartilhando a verdade, a compaixão [e] a paciência”, disse ele.
Chang acrescentou que não tinha nenhum interesse em visitar a China sob o atual regime comunista, mas que mudaria quando se tornasse uma democracia como os Estados Unidos. Então, ele acrescentou, “Eu seria extremamente feliz em voltar e ajudar o povo chinês.”