Desenhos alarmantes de tortura policial em prisões chinesas, incluindo imagens de um policial derramando água fervente sobre um prisioneiro enjaulado e aplicando choques elétricos enquanto outro está suspenso no teto, recentemente chamaram a atenção do público, como observado em um relatório do New York Times.
Mas tais representações gráficas, infelizmente, não são novas. Essas imagens são consistentes com outras produzidas nos últimos anos por aqueles que sofreram tortura extrema, que buscam com suas ilustrações aumentar a conscientização sobre os abusos que muitas vezes sofrem os prisioneiros de consciência nas prisões chinesas.
Leia também:
• China: 16 anos de perseguição, 2 milhões de mortos
• Advogados de direitos humanos são difamados e violentados na China
• Parlamento Italiano dá mais um passo para deter tráfico de órgãos na China
Liu Renwang
A pessoa retratada nos desenhos do relatório do New York Times é Renwang Liu, um residente de 53 anos da província de Shanxi.
Liu foi condenado injustamente por ter matado um policial da aldeia em 2008, depois de o oficial do Serviço de Segurança Pública do condado de Zhongyang tê-lo torturado várias vezes para obter sua confissão. Condenado à morte em 2010, sua sentença foi suspensa, e em 2012 foi condenado à prisão perpétua. Em 2013, o tribunal anulou a sentença e o declarou inocente.
Com seus desenhos, Liu busca mostrar a forma como as autoridades chinesas usam a tortura nos interrogatórios. Ele também solicita que o Tribunal Intermediário de Luliang pague uma indenização de cerca de um milhão de dólares (cerca de 6 bilhões de yuans).
Depois que o The Paper – publicação estatal com sede em Shangai – relatou sua história, o porta-voz da Agência Oficial de Notícias Xinhua e outros meios de comunicação publicaram relatórios semelhantes, sendo esta a primeira vez em que os grandes meios de comunicação chineses mostraram imagens de tortura.
Representando a tortura
Não está claro por que de repente a mídia estatal chinesa publicou imagens de tortura quando tantas outras haviam vindo à tona anteriormente. Essas outras imagens apareceram nos últimos anos em relatórios de direitos humanos, artigos da imprensa estrangeira e contas de ex-prisioneiros de consciência, mostrando a realidade da tortura policial sistêmica.
Em particular, praticantes de Falun Gong – prática de meditação pacífica – que são perseguidos pelo regime chinês, documentaram em uma longa lista as muitas formas de tortura a que são submetidos em centros de detenção chineses, em que estão incluídas aquelas que Liu desenhou.
Amplamente praticado na China, o Falun Gong promove a saúde através de exercícios suaves e apoia um estilo de vida centrado nos princípios morais da verdade, compaixão e tolerância. Mas, devido à sua imensa popularidade, o então líder Jiang Zemin lançou uma perseguição contra a prática em toda a China em julho de 1999.
Desde então, os praticantes de Falun Gong são rotineiramente presos, torturados e até mortos, enquanto a polícia os atormenta física e psicologicamente para forçá-los a assinar documentos repudiando Falun Gong.
Muitos praticantes contaram suas histórias a artistas que, em seguida, as documentaram de várias formas a partir de desenhos meticulosos, gravuras e pinturas artísticas. Minghui.org, site dedicado a expor a perseguição ao Falun Dafa, reuniu dezenas destas ilustrações.
O regime chinês tortura severamente os dissidentes, ativistas e crentes com uma ampla gama de métodos de tortura destrutivos e humilhantes, sem respeitar as leis internacionais dos direitos humanos.
Praticantes de Falun Dafa têm relatado que na prisão de Masanjia a polícia utiliza bastões elétricos para golpear os seios e órgãos genitais das prisioneiras de consciência e humilhá-las.
Também em Masanjia, mulheres praticantes de Falun Gong foram despidas e atiradas em celas masculinas lotadas de criminosos condenados para sofrerem estupro coletivo.
Os artistas que também foram torturados por praticar Falun Gong criaram formas mais sofisticadas de arte para expor a brutalidade do regime comunista chinês.
A exposição internacional de arte Verdade-Compaixão-Tolerância mostra várias obras que retratam a perseguição, pintadas por artistas torturados dentro da prisão.
Esta coleção de arte já foi exibida em mais de 900 cidades em 50 países durante a última década e tem recebido elogios da crítica em toda a exposição mundial.
O professor Zhang Kunlun, um dos escultores contemporâneos mais talentosos da China, tornou-se prisioneiro de consciência por praticar Falun Gong. Numa forma particularmente cruel de tortura, ele foi forçado durante vários dias e noites a permanecer agachado dentro de uma jaula sem poder se mover ou falar.
Depois de ser libertado da prisão, ele superou o trauma através do trabalho artístico, coordenando a Exposição International de Arte Verdade-Compaixão-Tolerância.
Além de criar ilustrações, pinturas e esculturas, alguns praticantes de Falun Gong organizaram em locais públicos em todo o mundo exibições nas quais são encenadas algumas das torturas praticadas contra praticantes de Falun Gong detidos em prisões chinesas.
Através de várias formas de arte, as vítimas de tortura na China ainda se esforçam para apresentar a crueldade do regime chinês na tentativa de chamar a atenção dos chineses indiferentes ou desinformados e da comunidade internacional.