Desemprego europeu continua a aumentar à medida que economia global fraqueja: OCDE

29/08/2012 02:43 Atualizado: 30/08/2012 05:50
Jovens seguram cartazes dizendo ”Sem casa, sem emprego, sem pensão” durante uma manifestação para protestar contra a insegurança contra o elevado desemprego, a precariedade e os cortes de gastos do governo, na Espanha, em 7 de abril. (Dominique Faget/Getty Images)

Medidas urgentes precisam aumentar a criação de emprego e ajudar candidatos a emprego

A fraca recuperação econômica atual irá manter as taxas de desemprego elevadas nos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico até pelo menos o final de 2013, de acordo com um novo relatório da OCDE.

“A recente deterioração das perspectivas econômicas é uma notícia muito ruim para o mercado de trabalho”, disse o Secretário-Geral da OCDE Angel Gurría, na apresentação do relatório, em Paris. “É imperativo que os governos utilizem todos os meios possíveis à sua disposição para ajudar candidatos a emprego, especialmente os jovens, por meio da remoção de barreiras para a criação de empregos e investir em sua educação e habilidades. Os jovens estão mais expostos aos riscos de dano em longo prazo às suas carreiras e meios de subsistência. Ficar em políticas de amor custo-benefício é essencial”.

De acordo com o relatório intitulado “The Employment Outlook 2012” (O Panorama do Trabalho), a taxa de desemprego à escala da OCDE deverá permanecer alta em 7,7 % no quarto trimestre de 2012, próximo da taxa de 7,9 % em maio de 2012. Isso deixa cerca de 48 milhões de pessoas sem trabalho nos países da OCDE. Na Zona do Euro, o desemprego subiu ainda mais em maio, para a mais alta de todos os tempos em 11,1 %.

Para trazer as taxas de emprego de volta aos níveis pré-crise, cerca de 14 milhões de empregos precisam ser criados na área da OCDE, de acordo com o relatório. Os jovens e os menos qualificados continuam a suportar o peso da crise de empregos. Além disso, a criação de empregos durante a fraca recuperação nos últimos dois anos tem sido muitas vezes concentrada em contratos temporários, porque muitas empresas estão relutantes em admitir trabalhadores com contratos por tempo indeterminado no ambiente econômico incerto de hoje.

Situações diferentes

No entanto, a situação do emprego varia muito entre os países. O desemprego tem aumentado na União Europeia desde o fim de 2011, mas manteve-se estável em torno de 8,25 % nos Estados Unidos. Nos países da OCDE, a taxa de desemprego foi maior na Espanha, com 24,6 %, com taxas de dois dígitos também evidentes na Estônia, França, Grécia, Hungria, Eslováquia, Itália, Portugal e Irlanda.

Em uma nota mais clara, a OCDE chamou a atenção para a situação na Alemanha, onde o desemprego continua a cair enquanto a economia próspera.

Na maioria das principais economias emergentes, com exceção da África do Sul, os mercados de trabalho têm resistido bem à crise. Mas houve sinais recentes de desaceleração no ritmo rápido de crescimento econômico e do emprego em alguns países tais, especialmente no Brasil, China e Índia.

O desemprego de longa duração aumentou desde o início da crise na área da OCDE, com cerca de uma em cada três pessoas desempregadas estando fora do trabalho por 12 meses ou mais. A porcentagem de desempregados de longa duração continua a ser mais elevada nos países da UE, em torno de 44 %, em média. Nos EUA, no entanto, a proporção de pessoas fora do trabalho por 12 meses ou mais aumentou, de 10 % na pré-crise para cerca de 30 % hoje.

Além disso, o número de pessoas fora do trabalho por dois anos ou mais na área da OCDE cresceu em 2,6 milhões desde 2007 para chegar a 7,8 milhões em 2011. Este grupo enfrenta um alto risco de pobreza e exclusão social.

O combate ao desemprego

Ajudar as pessoas a ficar em contato com o mercado de trabalho é essencial evitar que os altos níveis atuais de desemprego de longa duração se tornem arraigados, segundo a OCDE. Despesas com políticas ativas no mercado de trabalho tais como assistência e treinamento na procura de emprego, devem ser mantidas ou aumentadas, sempre que possível, para ajudar a trazer os desempregados de voltar ao trabalho.

Desde o início da crise, tais despesas aumentaram, e muitas vezes, e frequentemente mais do que em recessões anteriores, mas não o suficiente para manter o ritmo acentuado no aumento do número de desempregados. Países que cortam os recursos disponíveis aos candidatos a emprego correm o risco de tornar a situação do desemprego, ainda pior, e põe em risco o seu potencial de longo prazo para o crescimento econômico, adverte o relatório.

A experiência de trabalho fornecida pelo governo poderia ajudar as pessoas a manter contato com o mercado de trabalho. Subsídios voltados para novas contratações por parte dos empregadores teriam maior impacto e seriam mais rentáveis do que as vastas reduções em impostos sobre os salários, de acordo com a OCDE. Programas tanto vocacionais como de treinamento, e de aprendizagem ajudariam também os jovens a melhorar suas habilidades de trabalho e perspectivas de carreira, de acordo com a OCDE.

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