Podia-se desenvolver uma nova droga que ajudasse as pessoas a deixarem de fumar e ao mesmo tempo evitasse ou tratasse a obesidade
O mecanismo que faz a nicotina suprimir o apetite foi descoberto por uma equipe de cientistas liderada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. Pesquisadores anunciaram a notícia na revista Science, em sua edição de dez de junho.
De acordo com a descoberta, a nicotina ativa um pequeno grupo de neurônios numa parte do hipotálamo que envia sinais de que o corpo já comeu o suficiente. Isto sugeriu aos pesquisadores a possibilidade de desenvolver uma droga capaz de ajudar os fumantes a largar o cigarro sem ganhar peso, e ajudar os obesos não-fumantes a emagrecer.
“Infelizmente, fumar faz perder peso”, disse a coordenadora da equipe de pesquisadores, Dra. Marina Picciotto, no Boletim Diário de Yale (Yale Daily Bulletin). “Muitas pessoas dizem que vão continuar a fumar porque querem evitar engordar. Em última análise, gostaríamos de ajudar as pessoas a manter seu peso corporal quando deixarem de fumar e talvez ajudar aos não-fumantes que lutam contra a obesidade”, acrescentou.
O objetivo da equipe de pesquisa da Dra. Picciotto é entender o papel das moléculas individuais em comportamentos complexos relacionados à depressão, aos vícios e à capacidade de aprendizagem. Eles usaram técnicas moleculares e farmacológicas para vincular mudanças bioquímicas, celulares e níveis anatômicos de comportamento. O principal interesse é o papel dos receptores nicotínicos da acetilcolina nas funções cerebrais e no desenvolvimento.
Yann Mineur, pesquisador associado no laboratório da Dra. Picciotto, estudava uma droga para a depressão que atua sobre estes receptores, quando percebeu que os ratos que tomaram a droga comeram menos do que os que não foram medicados. Devido a isto, com a ajuda de cientistas da Universidade de Carleton, em Ottawa, e da Universidade do Havaí, eles decidiram investigar a causa.
Depois de uma série de experiências, descobriram que a droga experimental ativa um tipo específico de receptor de nicotina e este, por sua vez, ativa um subgrupo de neurônios no hipotálamo chamado opiomelanocortina, ou células POMC. A equipe também descobriu que os ratos que careciam da via POMC, quando submetidos à nicotina, não perdiam peso, ao contrário dos ratos que possuíam a via POMC intacta. Além disto, demonstraram que estes receptores são um tipo diferente dos conhecidos por ativar o desejo pelo cigarro nos fumantes.