Descoberto na Escócia calendário de 10 mil anos, o mais antigo do mundo

07/08/2013 14:30 Atualizado: 07/08/2013 14:44
“Nossas escavações revelaram uma visão fascinante da vida cultural dos seres humanos de cerca de 10 mil anos atrás, e agora esta última descoberta enriquece ainda mais a nossa compreensão de sua relação com o tempo e os céus”
Calendário unisolar descoberto na Escócia (Universidade de Birmingham)
Calendário unisolar descoberto na Escócia (Universidade de Birmingham)

Especialistas e arqueólogos de várias universidades e instituições britânicas anunciaram a descoberta do mais antigo calendário conhecido em todo o mundo até o momento, que remonta a 8000 anos a.C. Ele foi localizado em Warren Field, na Escócia.

Trata-se de uma série de 12 buracos de diferentes tamanhos correspondentes aos monumentos mesolíticos, que foram escavados desde 2004 e são parte de uma investigação conduzida por uma equipe da Universidade de Birmingham.

No calendário, há uma média de 29,5 dias em um mês lunar, portanto, um ano lunar tem 354 dias. Isto significa que ele é 11 dias mais curto que o ano solar, de 365 dias. “Isso causa um problema, porque depois de três anos, os meses lunares tornam-se defasados com o ano solar em cerca de um mês”, informa a Universidade de Bradford, de acordo com análises do Dr. Chris Gaffney, e do assistente de pesquisa Tom Sparrow, que faziam parte da equipe mundial de pesquisa.

Para corrigir isto, o monumento também se alinha com o nascer do sol durante o Solstício de Inverno. Isto “ocorre simultaneamente no ano solar, a fim de manter a ligação entre a passagem do tempo, indicado pela lua, e o ano solar e suas estações associadas “, afirma a Universidade de Bradford.

“A evidência sugere que as sociedades de caçadores-coletores na Escócia tiveram a necessidade e a sofisticação de medir o tempo ao longo dos anos, para corrigir o desvio sazonal do ano lunar, e isso veio cerca de 5.000 anos antes dos primeiros calendários oficiais conhecidos no Oriente Médio”, disse o líder do projeto, Vince Gaffney, professor de Arqueologia da Paisagem da Universidade de Birmingham. 

De acordo com o Dr. Sparrow, “as pessoas que construíram o monumento em Warren Field podem não ter entendido por que esses ciclos eram diferentes, mas reconheceram claramente esse descompasso e foram espertos a ponto de encontrar uma maneira de manter os dois ao mesmo tempo e fazer uma correção, um ajuste” do ciclo lunar”.

“Compreender as estações do ano foi crucial para, tempos mais tarde, as comunidades agrícolas saberem quando plantar e colher durante todo o ano, mas Sparrow acredita que as comunidades anteriores não tinham a mesma necessidade.”

“Tê-lo criado (o calendário) ilustra um passo importante para a construção formal do tempo e, portanto, da própria história”, acrescenta o Dr. Gaffney.

“A capacidade de medir o tempo é uma das mais importantes realizações humanas”, destaca o relatório. Segundo os arqueólogos, “o tempo foi ‘criado’ pela humanidade”, algo considerado como “fundamental para a compreensão de como a sociedade estava se desenvolvendo.”

A equipe de estudo confirmou que até agora os primeiros calendários oficiais “parecem ter sido criados na Mesopotâmia há 5.000 anos.”

Hoje, os pesquisadores descobriram que um monumento criado por caçadores-coletores em Aberdeenshire, há quase 10 mil anos atrás, “parece imitar as fases da lua a fim de acompanhar o mês lunar no curso de um ano” e também alinhar o nascer do sol do solstício de inverno. Ele corrige a medida astronômica anual a fim de manter o vínculo entre a passagem do tempo indicado pela lua, o ano solar assíncrono e as estações correspondentes.

Dr. Richard Bates, da Universidade de St. Andrews, comenta que “o sítio arqueológico Warren Field é único.”

“Ele fornece novas evidências sobre o período Mesolítico na Escócia, demonstrando a sofisticação das sociedades primitivas, e revela que 10 mil anos atrás, caçadores-coletores construíram monumentos que os ajudaram a controlar o tempo”, disse o Dr. Bates no relatório.

“Este é o primeiro exemplo de uma estrutura deste tipo e não há local comparável conhecido na Grã-Bretanha e Europa até vários milhares de anos depois que o monumento em Warren Field foi construído”, disse o especialista.

Para o especialista em Arqueoastronomia da Universidade de Leicester, Clive Ruggles, o local representa uma combinação de vários ciclos que podem ser usados ​​para medir o tempo tanto no nível simbólico quanto no prático.

“É verdade que há sociedades de caçadores-coletores que usam as fases da lua para ajudar a sincronizar diferentes atividades sazonais, mas é notável que isso possa ter sido monumentalizado num período tão curto”, acrescenta Dr. Ruggles.

O sítio arqueológico de Warren Field foi descoberto a partir do ar durante uma pesquisa realizada pela Comissão Real de Monumentos Antigos e Históricos da Escócia, disse David Cowley, que faz parte do programa.

“Temos fotografado a paisagem escocesa por quase 40 anos, registrando milhares de sítios arqueológicos que não foram detectados a partir do solo”, disse Field.

As comunidades de 10 mil anos atrás “precisavam considerar cuidadosamente as estações do ano”, especialmente considerando o ponto de vista dos recursos alimentares, algo “crucial para a sobrevivência”, assinala Christopher Gaffney, da Universidade de Bradford. “Essas comunidades dependiam de animais de caça migratórios” e conhecer seus comportamentos significava estar preparados para um possível período de escassez.”

Enquanto isso, o arqueólogo Shannon Fraser, do Serviço Arqueológico do Leste da Escócia, que ajudou nas escavações entre 2004 e 2006, concluiu que “as nossas escavações revelaram uma visão fascinante da vida cultural dos seres humanos de 10 mil anos atrás, e agora esta última descoberta enriquece ainda mais a nossa compreensão de sua relação com o tempo e os céus.”

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