Descoberta nos Alpes italianos revela ecossistema de 280 milhões de ano com fósseis e marcas de animais

Por Redação Epoch Times Brasil
21/11/2024 22:37 Atualizado: 21/11/2024 22:37

Em 2023, enquanto explorava os Alpes italianos com seu marido, Claudia Steffensen fez uma descoberta fascinante, datada de 280 milhões de anos. O que parecia uma simples trilha revelou-se uma verdadeira viagem no tempo. A descoberta foi anunciada pelo Museu de História Natural de Milão em um comunicado divulgado na quarta-feira (13).

Durante a caminhada, ela encontrou um ecossistema intocado, repleto de fósseis de plantas, pegadas de várias espécies pré-históricas e até vestígios de antigos eventos climáticos. 

Em entrevista ao The Guardian, a italiana relatou ter notado algo estranho em uma pedra que parecia mais uma laje de cimento. 

“Coloquei meu pé em uma pedra, o que me pareceu estranho, pois parecia mais uma placa de cimento. Então, notei esses estranhos desenhos circulares com linhas onduladas. Olhei mais de perto e percebi que eram pegadas.”, contou.

Claudia fotografou a rocha e enviou a imagem a um amigo fotógrafo especializado em natureza. Ele, por sua vez, repassou a foto para um paleontólogo do Museu de História Natural de Milão, que, após consultar outros especialistas, confirmou a importância da descoberta.

Ao investigar o local, pesquisadores descobriram que as marcas pertenciam a um réptil da era Permiana, período que ocorreu entre 299 e 252 milhões de anos atrás.

Diversidade de vestígios e evidências de um clima hostil

O ecossistema perdido encontrado nos Alpes era uma verdadeira cápsula do tempo, revelando um cenário da era Permiana, um período caracterizado por uma drástica onda de calor que levou à extinção em massa de quase 90% das espécies da Terra. 

Durante as escavações, foram identificadas pegadas de pelo menos cinco diferentes espécies de animais, incluindo répteis, anfíbios e insetos, além de fósseis de plantas e até marcas deixadas por gotas de chuva.

Segundo o paleontólogo Ausonio Ronchi, essas pegadas foram impressas em um ambiente de lama e areia que periodicamente se formava em torno de rios e lagos. 

“As pegadas foram feitas quando esses arenitos e xistos ainda eram areia e lama encharcadas em água nas margens de rios e lagos, que periodicamente, de acordo com as estações, secavam”, explicou o especialista.

Além das pegadas, que podem ter sido deixadas por animais de até 3 metros de comprimento — como os dragões-de-komodo —, os pesquisadores também encontraram indícios de atividades ambientais, como ondas e quedas de chuva, registradas nas superfícies da antiga água. 

Esses achados trazem novas pistas sobre o comportamento dos animais e o clima da época, oferecendo um vislumbre raro de um mundo antes da extinção massiva.