Nova York – O Dr. Edward “Ned” Hallowell construiu sua carreira voltado a ajudar pessoas com TDAH a reconhecerem e abraçarem suas forças mentais originais, para trabalhar de forma a se adequar ao seu estilo cognitivo.
Estando em televisão nacional ou voando a um dos três centros de tratamento que ele fundou, Hallowell sempre tenta passar uma mensagem: o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) não é uma deficiência, é apenas uma característica. Os efeitos do TDAH podem ser prejudiciais ou úteis, dependendo de como elas são gerenciadas.
Hallowell tem TDAH e dislexia, no entanto, ele se formou em Harvard com licenciatura em Inglês, e depois entrou na faculdade de medicina e fundou seu próprio método. Ele diz a seus pacientes mais jovens que eles têm sorte de ter “motores Ferrari” para seus cérebros, mas é lamentável que tenham apenas “freios de bicicleta”. Ele ensina a adultos e crianças maneiras de fortalecer seus freios e centrar a sua atenção.
Adultos e Inquietos
Nas duas últimas décadas, o TDAH chegou ao conhecimento público, e especialmente depois da estreia do programa federal “No Child Left Behind” (Nenhuma Criança Deixada Para Trás), tem gerado muitas preocupações sobre crianças que lutam contra problemas de atenção. Porém, o que o público está menos ciente é que há muitos adultos que também sofrem de TDAH.
O Instituto Nacional de Saúde Mental estima que pouco mais de 4 por cento dos adultos americanos possuem TDAH, e tem demonstrado a característica desde uma idade média de 7 anos. Cerca de 60 por cento das crianças com TDAH nos EUA continuam a lutar contra isso em sua vida adulta, de acordo com a Associação de Ansiedade e Depressão da América.
O ambiente escolar ajuda a detectar crianças com TDAH. Ele é estruturado de maneira que os alunos devem se sentar, prestar atenção e completar as tarefas de acordo com a especificação do professor. Os que resistem a esta estrutura se destacam, seja por suas maneiras inusitadas e criativas de olhar para as questões, ou por seu lento progresso acadêmico.
Mas para os adultos, os sinais podem ser um pouco mais sutis. “Para os adultos com TDAH, o sintoma principal é crônico, insucesso inexplicável”, disse Hallowell.
Esse insucesso pode se manifestar em reuniões de negócios, falta de iniciativa ou problemas para terminar projetos, os quais somam com promoções perdidas, e geralmente uma sensação de insatisfação.
Uma mensagem de Esperança
A persistência aparentemente ilimitada de Hallowell o fez abrir três centros de tratamento (em Nova York, São Francisco e Sudbury, em Massachusetts). Ele também publicou mais de 10 livros populares sobre psicologia adulta e infantil. Seu último livro “Shine: Usando a ciência para obter o melhor de seu povo”, publicado em 2011, é um livro de negócios para gerentes que querem ajudar seus funcionários, com ou sem TDAH, a manifestar todo o seu potencial.
O próprio Hallowell, e muitos outros empreendedores em vários campos, são a prova viva de que “dificuldade de aprendizado” não destroem o desejo pelo sucesso. “Você escolhe a profissão e eu encontro alguém que esteja lá no topo que possui essa característica”, disse ele. “Chamá-la de deficiência pesa inteiramente o lado negativo e ignora o outro lado”.
Qual é a vantagem em se ter TDAH? Criatividade, uma maneira única de resolver problemas, e um espírito empreendedor, disse Hallowell, o mesmo espírito que fundou este país.
Ajuda para o profissional estagnado
A chave para o sucesso para um adulto com TDAH é dupla: Encontrar a profissão certa, e desenvolver os hábitos corretos. “Muitas vezes, pessoas com TDAH passam suas vidas tentando obter bons resultados em algo que eles são ruins, porque eles entenderam na escola que é isso que eles devem fazer”, afirmou Hallowell.
“O ‘déficit’ (de atenção) engana as pessoas; as pessoas com TDAH podem se concentrar. Eles podem se concentrar muito quando o assunto é de interesse deles”, disse Hallowell. “O problema vem quando eles não conseguem controlar suas mentes vagantes”.
É por isso que é crucial encontrar um emprego que se encaixa no indivíduo. “Sua carreira deve ser a sobreposição de três círculos: O que você é realmente bom em fazer, o que você gosta de fazer e o que alguém vai lhe pagar para fazer. Esse é o ponto”, disse ele.
A segunda parte da equação é a de gerenciar a si mesmo. Isso inclui tomar o controle do seu tempo. Não deixe que as pessoas tirem sua atenção. Não permita que a internet sugue suas horas produtivas.
“A mente de alguém com TDAH é como uma criança em um piquenique. Ela vai aonde quer ir sem se importar com o perigo ou a autoridade”, disse Hallowell. “É uma mente que sempre vai seguindo a curiosidade”. Para tornar essa sede de novidade uma força para o bem, é preciso aprender a direcionar sua energia.
“Ela começa com a educação, tornando-os conscientes do que estão fazendo, quando tempo está sendo gasto, e que sua energia mental é finita”, disse Hallowell. “Há maneiras de conservar a sua energia, para aproveitar seu tempo e atenção e assim não perder a linha, não se sentir exausto e ter um baixo rendimento por causa disso”.
Primeiro educação, e por último remédios
Nas cinco etapas utilizadas nos Centros de Hallowell, a educação segue o diagnóstico, e os medicamentos são os últimos recursos.
O centro adota uma abordagem em equipe para tratar pacientes, formada por médicos, psicólogos, psiquiatras, técnicos e professores que trabalham juntos para monitorar o progresso dos pacientes, e certificar que o estilo de vida e as recomendações aconselhadas sejam atendidas durante o acompanhamento.
O primeiro passo no tratamento é entender como o processo de pensar do paciente funciona. A equipe do centro começa com uma série de testes neuropsicológicos que medem as capacidades de memória, linguagem, processos perceptivos, de resolver problemas, planejar, organizar, e prestar atenção. Estes assumem a forma de quebra-cabeças, jogos e labirintos. Os testes geram o perfil cognitivo do paciente e serve como um ponto de partida para a melhora.
Uma vez que os pontos fortes e fracos são determinados, um curso de tratamento é oferecido, no qual inclui professores que se encontram com as crianças várias vezes por semana para trabalhar na gestão do tempo, planejamento, organização, prioridades e sistemas de tomada de decisão eficazes para a vida diária. Em casos em que medicamentos são necessários, psiquiatras trabalham com o paciente e a equipe para remediar os efeitos colaterais.