Desastres climáticos: sintomas da dependência de combustíveis fósseis

05/08/2013 12:00 Atualizado: 05/08/2013 12:00
Pessoal da Marinha Real limpa as praias banhadas de petróleo na Ilha Ko Samet, na Tailândia (Nicolas Asfouri/AFP/Getty Images)

Assim como fumantes que adiam parar até que sua saúde começa a sofrer, estamos aprendendo o que acontece quando maus hábitos nos afetam. Estamos testemunhando os terríveis efeitos da dependência de combustíveis fósseis todos os dias: frequentes e intensas tempestades e inundações, secas prolongadas, rápido derretimento do gelo ártico, o desaparecimento das geleiras glaciais, uma poluição atmosférica mortal, a contaminação dos cursos de água e os habitats destruídos. Acidentes de trânsito também estão aumentando à medida que os governos e a indústria se esforçam para extrair combustíveis e comercializá-los o mais rápido possível.

Por tudo isso, estamos fazendo as perguntas erradas. Por exemplo, o horrível desastre recente em Lac-Mégantic, Quebec. Um comboio que transportava petróleo bruto fracionado da Dakota do Norte para uma refinaria em Saint John, New Brunswick, descarrilou, pegou fogo e causou explosões que destruíram grande parte da cidade e matou dezenas de pessoas, despejando milhões de litros de petróleo no solo, ar, esgotos e no rio Chaudière. É uma tragédia sem sentido que todos no Canadá e além lamentam pelos cidadãos da comunidade e por suas famílias.

Governos e empresas ferroviárias devem responder a várias perguntas sobre regulamentos e práticas de segurança para evitar que catástrofes semelhantes ocorram. As questões mais amplas, porém, são sobre o aumento dramático na utilização de combustíveis fósseis e no transporte. Infelizmente, os defensores da indústria rapidamente aproveitaram a situação para defender a expansão dos oleodutos e gasodutos.

Enquanto populações humanas e industrialização crescentes estimulam a demanda mundial por combustíveis fósseis e enquanto companhias de petróleo, gás e carvão correm para extrair, vender e queimar o máximo possível enquanto os mercados permanecem fortes, estamos vendo a exploração de fontes cada vez mais difíceis – fracionamento, areias betuminosas, perfuração em alto mar e muito mais.

A Associação Canadense de Produtores de Petróleo espera que a produção de petróleo no oeste do Canadá dobre de 3 milhões de barris por dia para mais de 6 milhões em 2030. Isso significa um grande aumento na quantidade de combustíveis transportados por todo o país e pelo mundo em oleodutos, vagões, caminhões e navios-tanques. Segundo a Associação Ferroviária do Canadá, o transporte ferroviário de petróleo já aumentou dramaticamente no país, de 500 vagões em 2009 para 140 mil este ano.

É verdade que acidentes ferroviários podem ser mais devastadores para a vida humana do que acidentes de oleogasodutos, embora quando se trate de petróleo, um oleoduto rompido normalmente derrame maiores quantidades e cause mais danos ambientais do que um descarrilamento de trem. Mas o transporte de grandes volumes de petróleo e gás não é seguro por um ou outro método. À medida que se transporta volumes crescentes de combustíveis fósseis a distâncias cada vez maiores para redes mais amplas, podemos esperar mais derramamentos e acidentes. O desperdício e a rápida queima e consumo também estão impulsionando a mudança climática, que os especialistas dizem que pode até afetar a segurança ferroviária, pois o calor extremo e mudanças bruscas de temperatura podem fazer os trilhos empenarem, aumentando a possibilidade de descarrilamentos.

Derramamentos massivos de oleodutos e acidentes ferroviários devastadores estão entre as consequências imediatas e assustadoras do nosso apetite crescente por combustíveis fósseis, mas nossos maus hábitos estão realmente começando a ricochetear com a mudança climática. As habitações e vidas perdidas em todo o mundo, as numerosas espécies animais e vegetais ameaçadas de extinção, o aumento dos custos de cuidados de saúde de doenças relacionadas com a poluição e os enormes esforços de limpeza após enchentes mostram que deixar de abordar a mudança climática é muito mais caro do que fazer algo a respeito posteriormente. Muito do que estamos vendo agora – desde o aumento de chuvas intensas e inundações em algumas partes do mundo até secas prolongadas em outras áreas – é o que os cientistas do clima vêm prevendo há décadas.

Nós não pararemos de usar petróleo da noite para o dia e continuaremos a transportá-lo, então, temos de melhorar as normas e regulamentos para dutos, ferrovias, caminhões e tanques. Isto deve incluir vagões ferroviários mais seguros para o transporte de mercadorias perigosas. Além disso, muitos grupos ambientalistas pedem “uma revisão abrangente e independente da segurança de todo o transporte de hidrocarbonetos, oleogasodutos, ferrovias, petroleiros e caminhões”. Mas em longo prazo, temos de encontrar maneiras de desacelerar. Conservando energia e mudando para fontes mais limpas, podemos começar a nos afastar dos combustíveis fósseis e usar as reservas restantes com menos desperdício.

Esta é a discussão que precisamos ter, em vez de ficar mergulhado em debates sobre métodos de transporte. Como o escritor sobre energia Russ Blinch observou num artigo do Huffington Post: “Na verdade, olhar para os oleodutos em comparação com tanques ferroviários é como perguntar: ‘Devo dirigir um carro com freios ruins ou um com pneus ruins?”

Precisamos observar de uma perspectiva maior.

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