Enquanto um novo ano começa, empresas e bancos chineses estão ocupados pagando e cobrando dívidas. A economia da China enfrenta uma série de problemas, incluindo uma grande escassez de moeda e galopante dívida pública local. De acordo com especialistas, isso pode desencadear uma nova onda de falências entre empresas privadas.
Quase 98% das empresas privadas na cidade de Wenzhou, centro do empreendimento privado no Leste da China, estão envolvidas em “hubao”, ou garantia mútua para empréstimos, uma forma de responsabilidade conjunta que reduz as restrições para empresas privadas obterem dinheiro de bancos ou outras instituições financeiras. No entanto, quando a oferta de dinheiro está apertada, um barco afundando pode arrastar vários outros.
Chen Yixin, secretário do Partido Comunista da cidade de Wenzhou, comentou que “hubao” é um problema muito difícil para o desenvolvimento econômico local, e que o desempenho do setor financeiro local em dezembro apresenta um índice crítico.
“Se o setor financeiro puder suportar, a economia de Wenzhou em 2014 ficará estável, mas se houver problemas, haverá uma reação em cadeia”, disse Chen.
Li Chengwen, presidente do Grupo Fato China, foi citado num artigo do National Business Daily, dizendo que a possibilidade de uma onda de falências como ocorreu na China em 2011 não pode ser descartada.
Segundo a imprensa chinesa, presidentes de nível provincial dos quatro principais bancos da China na província de Zhejiang foram a Wenzhou recentemente para investigar a situação de inadimplência. Eles temiam que os chefes de fábricas de propriedade privada pudessem fugir com o dinheiro emprestado dos bancos, como ocorreu em 2011.
Cinco grandes desafios
Em 25 de dezembro, o Chinanews.com publicou uma revisão econômica intitulada “Observação econômica de fim de ano: Economia chinesa enfrenta cinco desafios”.
O artigo citava Lu Zhengwei, o economista-chefe do Banco Industrial da China, dizendo que o primeiro desafio é a desaceleração da economia, que está num estado de “frágil recuperação, possivelmente escorregando de volta à recessão”. Como equilibrar a estabilidade e a reforma é o grande desafio para a economia da China em 2014, disse Lu.
O segundo desafio é o conflito entre o crescimento populacional e o fraco setor agrícola. Segundo as previsões, a população da China chegará a 1,4 bilhão em 2020. Desta forma, a demanda por alimentos e produtos agrícolas continuará a aumentar. No entanto, a base para suportar o crescimento estável da produção é muito fraca. Mais de 50% das instalações e projetos de irrigação de pequena e média escala na China não satisfazem a demanda ou necessitam ser substituídos, e mais de um terço das máquinas agrícolas precisa de reparo ou substituição.
O terceiro desafio é a alta oferta de dinheiro M2 e a simultânea escassez de dinheiro. Embora o suprimento de M2 na China supere os 10 trilhões de yuanes (US$ 1,65 trilhão), a escassez de dinheiro ainda ocorre de tempo em tempo, e isso pode levar a uma nova rodada de crise de crédito com o aumento contínuo das taxas de empréstimos interbancários.
O quarto desafio é como gerenciar o risco da dívida durante o progresso dos projetos de construção em cidades de pequeno e médio porte.
O quinto desafio é o conflito entre o excesso de capacidade de produção e a demanda por mais empregos. O problema de sobrecapacidade de aço, alumínio, cimento, vidro e construção naval está piorando.
Quando essas indústrias obsoletas forem desativadas, as perspectivas de crescimento do emprego se reduzirão. Estes são alguns das grandes problemas de 2014 na China, além de 2013 ter sido um ano recorde em graduandos universitários e a perspectiva de que 2014 bata novo recorde de licenciados, todos à procura de emprego.