O derretimento do gelo na Península Antártica, no período do verão, intensificou-se quase 10 vezes desde 600 anos atrás, destacando-se as últimas cinco décadas, informou em 14 de abril um estudo publicado pela Universidade Nacional da Austrália (ANU) e pela Pesquisa Antártica Britânica (BAS).
O que os cientistas temem é que, com o nível de aquecimento atual na Península Antártica, uma região montanhosa que se estende em direção ao norte até a América do Sul, bastaria um pequeno aumento de temperatura para causar ainda maiores derretimentos do que o previsto e contribuir diretamente para a elevação do nível do mar.
Nesta região se registrou o aumento de 3ºC desde 1950, três vezes mais do que a média mundial, segundo medições anteriores publicadas pela BAS.
No novo estudo, descobriu-se que houve vários períodos de descongelamento e congelamento, porém, o derretimento atual registrado nesse verão no local central de gelo da península é o mais alto observado nos últimos mil anos, comunicou o Dr. Abram Nerilie da Escola de Pesquisa de Ciências da Terra da ANU e da BAS.
Além disso, os cientistas observaram que quando ocorreu a menor fusão há 600 anos e a temperatura era 1,6ºC, mais baixa do que em finais do século XX, o que recongelou foi apenas 0,5% do gelo perdido. Hoje, há cerca de 10 vezes mais gelo derretido do que naquela época.
“Embora as temperaturas neste local tenham aumentado gradualmente ao longo de muitas centenas de anos, a maior parte da intensificação da fusão ocorreu a partir de meados do século XX”, disse o Dr. Nerilie.
Para chegar a estas conclusões, uma equipe internacional observou os dados registrados em amostras de um núcleo de gelo de 364 metros de profundidade extraído em 2008 da Ilha James Ross, perto da ponta norte da Península Antártica.
Da amostra, mediram-se temperaturas que continham o gelo do passado e foi possível “ter uma visão única e inesperada do derretimento do gelo na região”, destacou a ANU em seu relatório.
Segundo o Dr. Robert Mulvaney, da BAS, responsável pela expedição de perfuração do gelo e coautor do estudo, o derretimento do gelo no verão enfraqueceu as plataformas de gelo na Península Antártica a tal ponto que nos últimos 50 anos tem se gerado uma “sucessão de colapsos dramáticos e perda acelerada de gelo glacial em toda a região”.
Nerilie explicou que a Península Antártica aqueceu mais rápido do que qualquer outro lugar no Hemisfério Sul em décadas recentes e acredita que as causas deste fenômeno são humanas.
“Em outros lugares da Antártida, como a camada de gelo da Antártida Ocidental, a situação é mais complexa e ainda não está claro se os níveis recentes de derretimento do gelo e perdas glaciais são excepcionais ou causados pela mudança climática induzida pelo homem”, observa o Dr. Nerilie.
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