Cientistas revelaram que as esponjas vitrae, ou esponjas de vidro, espécie antiga de animal, triplicaram no Mar de Weddell na Antártida ocidental em apenas quatro anos, devido ao derretimento das geleiras.
As esponjas de vidro ou hexactinellids (*) dominam o fundo do mar raso na Antártida. Aumentaram de número a partir de 1995 quando se rompeu e afundou a plataforma de gelo Larsen, informou em 11 de julho uma equipe de biólogos do Centro Helmholtz de Pesquisas Polares e Marinhas do Instituto Alfred Wegener de Investigação Marinha (AWI).
Em um ambiente com temperaturas de cerca de -2 graus Celsius, essas singulares esponjas que podem chegar ao tamanho de dois metros “suplantaram completamente a concorrência por comida”, disseram os biólogos.
“Para os organismos que vivem no fundo do mar, o desaparecimento dos cem metros de espessura de gelo da plataforma Larsen A representou como se os céus tivessem se aberto sobre eles”, disse Laura Fillinger, principal autora do estudo. “Onde o frio, a escuridão e a escassez de alimentos haviam reinado, agora a luz solar permite o crescimento do plâncton em águas superficiais e, portanto, uma chuva de alimentos chega ao fundo do mar”, disse a especialista.
“Muitos biólogos acreditam que as esponjas de vidro crescem tão lentamente que os gigantes de dois metros precisam de cerca de 10 mil anos ou mais para isso. Estes pressupostos foram questionados no novo estudo conduzido por cientistas do AWI e publicado na última edição da revista científica Current Biology “, disse o relatório do Instituto.
Ao invés disso, os biólogos que realizaram uma expedição para aquela região remota onde antes havia a plataforma Larsen mostraram que as esponjas de vidro “podem crescer rapidamente dentro de um curto período de tempo”.
“Ficamos surpresos com o que vimos em nossas telas de vídeo em 2011, quando descemos nosso equipamento operado remotamente até o fundo do mar a uma profundidade de cerca de 140 metros. Em certa área, durante uma expedição anterior do navio quebra-gelo “Polarstern”, em 2007, havia um grande número de ascídias e apenas umas poucas esponjas de vidro; quatro anos mais tarde, não havia mais ascídias”.
“Essas espécies pioneiras haviam desaparecido, substituídas por três vezes o número de esponjas de vidro, incluindo vários jovens”, disse a Dr. Fillinger.
As esponjas de vidro se alimentam dos menores plânctons. Seus corpos grandes, de até dois metros, fornecem esconderijo perfeito para a desova e refúgio de peixes, invertebrados e muitos outros habitantes do mar.
“Assim como os corais, as esponjas criam seu próprio habitat. Até certo ponto, assemelham-se a cidades no fundo do mar. Há coisas que podem ser feitas no local onde vivem, e isso atrai outros habitantes do mar”, diz Claudio Richter.
Durante um mergulho em 2011, Richter disse que não viu caracóis ou estrelas do mar, que são predadores que se alimentam de esponjas, no entanto isso não significa que, mais tarde, isso mude.
Enquanto o degelo cria novos espaços e mundos subaquáticos, ainda se desconhece quem no reino animal será beneficiado. “Há ainda muitas incógnitas para podermos fazer previsões”, diz Richter.
Biólogos do Instituto Alfred Wegener haviam planejado para janeiro de 2013 realizar outros mergulhos na mesma área da antiga plataforma de gelo Larsen. O plano foi cancelado e está à espera de melhores condições climáticas.
Plataformas de gelo são continuações das grandes geleiras da Antártida. Larsen A é uma das menores e mais ao norte das três plataformas Larsen que, antes do degelo, se estendia desde a costa leste da Península Antártica no Mar de Weddell ocidental.
Em janeiro de 1995, Larsen A desmoronou em poucos dias durante uma tempestade, junto com a plataforma de gelo Príncipe Gustav até o norte, afetando uma área de cerca de 2.000 quilômetros quadrados. Seus restos se transformaram em icebergs no mar de Weddell ocidental.
“Os cientistas nunca tinham visto uma camada de gelo se desintegrar tão rapidamente”, disse a equipe do AWI.
“Foi a primeira vez que os cientistas se deram conta de que a mudança climática pode produzir uma perda quase imediata e completa das plataformas de gelo. A região da ex-plataforma de gelo Larsen A está sempre coberta de gelo e, portanto, é de difícil acesso para as embarcações de pesquisa como o ‘Polarstern’ “, acrescenta AWI.
Existem atualmente duas principais plataformas na Antártida: a Plataforma Filchner-Ronn, atingindo uma área de aproximadamente 422 mil quilômetros quadrados, e a Plataforma Ross, com uma área de aproximadamente 473 mil quilômetros quadrados. Sua espessura é de cerca de 50-600 metros.
(*) As espécies de hexactinellids, ou esponjas de vidro, se caracterizam por possuírem espículas siliciosas que consistem de seis raios que se cruzam em ângulo reto. Elas têm grandes diferenças em relação a outras esponjas. Em particular, a maior parte de seus tecidos são extensas regiões do citoplasma multinuclear. As Hexactinellids têm um sistema único para a realização rápida de impulsos elétricos através de seus corpos, o que lhes permite reagir rapidamente a estímulos externos.
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