Quando os moradores de Wukan, na província de Guangdong, Sul da China, realizaram eleições democráticas inéditas em 2011, eles achavam que receberiam suas terras confiscadas de volta. O evento foi notícia no mundo todo, mas agora parece que eles terão seus antigos chefes do Partido Comunista Chinês de volta.
Como resultado de um protesto altamente divulgado de três meses contra a corrupção local, os moradores conquistaram o direito de realizar eleições democráticas, demitir as autoridades locais corruptas do Partido Comunista e a possibilidade de recuperar suas terras. O processo lento de recuperação das propriedades confiscadas e vendidas por funcionários corruptos decepcionou os moradores de Wukan, disse o vice-chefe local Yang Semao à Radio Free Asia (RFA) em fevereiro.
Ele disse que a maioria dos que agora servem dois anos de mandato no conselho da aldeia descobriu que o trabalho de recuperar as terras é tedioso e às vezes improdutivo. Preocupados com as próximas eleições em março, ele explicou que a falha em recuperar rapidamente as propriedades perdidas significa que os candidatos agora parecem muito uns com os outro aos olhos dos residentes locais.
Agora, as autoridades superiores do Partido Comunista no município de Donghai nomearam alguns dos ex-chefes de aldeia para os cargos sem o conhecimento dos vice-chefes. Na semana passada, as autoridades nomearam Xue Yubao, um dos ex-chefes do Partido, para uma posição local do Partido e quatro de seus asseclas para comporem o Comitê do Partido de nove membros em Wukan, informaram os vice-chefes Yang Semao e Hong Ruichao ao Diário da Manhã do Sul da China (DMSC).
“Ninguém nos informou sobre o que seria a reunião e ficamos chocados ao saber que velhos quadros estavam voltando ao gabinete”, disse Hong. Yang culpa Lin Zuluan, o chefe da aldeia eleito democraticamente, pela desordem na política da aldeia. “Devemos realizar quatro assembleias de representantes de aldeia a cada ano, mas Lin Zuluan não fez qualquer arranjo do tipo desde o final de 2012”, disse ele. “Os assuntos da aldeia estão caóticos desde então.”
“Agora, eu acho que Lin é apenas um vigarista político”, acrescentou Yang. Ele disse ao DMSC que 82 dos 108 representantes democraticamente eleitos que deveriam monitorar o comitê da aldeia assinaram uma petição para Lin organizar as assembleias e definir uma data para as próximas eleições, mas ele se recusou a assiná-la. Os moradores dizem que houve falta de transparência na administração do comitê da vila, mas Lin diz que só estava tentando agradar as autoridades superiores.