Depois do ‘Fora Renan’, próxima marcha exigirá em abril fim do voto secreto
Além do fim do sistema de voto fechado, que elegera Renan Calheiros para o Senado, também constam da pauta de reivindicações do movimento crime hediondo para corrupção e extinção do foro privilegiado e da PEC 37
RIO DE JANEIRO – Depois da manifestação deste domingo em todo o Brasil pela cassação do recém-empossado presidente do Senado Renan Calheiros, uma nova mobilização a nível nacional já tem data. A Marcha Nacional Contra a Corrupção está marcada para os dias 19, 20 e 21 de abril e exigirá, principalmente, o fim do voto secreto no Congresso Nacional, regime de votação fechado através do qual os senadores elegeram seu presidente em 1º de fevereiro. Até o momento, já se inscreveram 65 cidades brasileiras, além de Miami e Dublin.
Cerca de dois mil brasileiros marcharam no domingo (24) em todo o país e no estrangeiro exigindo o impeachment de Calheiros, segundo os organizadores. Participaram do ato 37 cidades brasileiras e cinco estrangeiras: Lisboa (Portugal), Paris (França), Auckland (Austrália) e Dublin (Irlanda) e Melbourne (Nova Zelândia).
Para Gerusa Lopes, coordenadora nacional do movimento, além de ir em direção contrária ao atual ensaio de moralização da política em curso no país com a aprovação da Lei da Ficha Limpa e o julgamento do mensalão pelo STF, a recente eleição de políticos ficha-suja para a presidência do Senado e da Câmara representa um insulto ao povo brasileiro e foi possível devido ao sistema de voto fechado. “Trabalhamos para que cada dia mais pessoas acordem e vão para as ruas lutar pelos seus direitos”, explica.
A estudante Mariana Resende Martinez Araújo, 18 anos, também uma das organizadoras do movimento no Rio, concorda e acrescenta que ainda há muito desconhecimento por parte da população sobre a ficha de Renan Calheiros e os crimes cometidos pelo parlamentar. “Daí a importância de se mobilizar as pessoas; é preciso passar as informações adiante. O movimento ainda está pequeno, mas tem muito a crescer. Eu tenho fé de que as pessoas vão se conscientizar”, afirma Mariana.
Gerusa esclarece que a pauta de reivindicações dos movimentos do Basta à Corrupção e homônimos que também organizam a marcha nacional é mais ampla e transcende a renúncia de Renan e o fim do voto secreto nos Legislativos do país. Os manifestantes também exigem tornar hediondo o crime de corrupção no Brasil, o fim do foro privilegiado para autoridades políticas (direito de serem julgadas por um tribunal especial diferente ao de primeira instância, em que é julgada a maioria dos brasileiros que cometem crimes) e a extinção da proposta de emenda constitucional (PEC) nº 37, que tramita no Congresso Nacional com o objetivo de subtrair do Ministério Público o poder de investigar.
Na semana passada, representantes do movimento realizaram a entrega simbólica para líderes do Senado de uma petição que reuniu 1,6 milhão de assinaturas pela internet exigindo a saída do parlamentar. O grupo também cobra que o STF acate o inquérito aberto pelo procurador geral da República, Roberto Gurgel, contra o político.
Renan Calheiros (PMDB-AL) foi eleito presidente do Senado no início deste mês pela ampla maioria de seus pares através do sistema de voto secreto. Em 2007, renunciou à presidência da casa para evitar processo de cassação após ter sido denunciado pelo Ministério Público por falsidade ideológica, peculato e uso de notas fiscais frias para justificar sua renda pessoal. Também pesaram contra ele, entre outras, uma denúncia da revista Veja de ter tido a pensão de uma filha sua extraconjugal paga pelo lobista de uma empreiteira.
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