Uma denúncia apresentada ao Ministério Público de São Paulo levou à prisão do ex-médico Roger Abdelmassih, de 70 anos, no Paraguai, conhecido como “Médido do Horror”. Com base em informações de que o condenado por cometer 56 crimes de estupro a 278 anos de prisão estaria em uma fazenda em Avaré, no interior de São Paulo, promotores paulistas conseguiram traçar sua rota de fuga e descobrir seu paradeiro em Assunção. A partir daí, a Polícia Federal foi acionada para efetuar a captura do foragido.
O Ministério Público paulista obteve um mandado de busca e apreensão para averiguar a denúncia. O paradeiro do condenado é a capital do país vizinho, no mínimo, desde o cumprimento do mandado no dia 29 de maio deste ano, quando foi realizada uma operação em uma fazenda de laranjas, em Avaré, que era uma antiga propriedade de Abdelmassih.
O procurador-geral, Márcio Fernando Elias Rosa, designou dois promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Bauru para, em parceria com a Polícia Civil, fazer as buscas e apreensões na fazenda, onde, segundo a denúncia, estaria Abdelmassih. No local, embora o médico não tenha sido localizado, os promotores e os policiais civis encontraram uma série de pistas do plano de fuga.
Documentos mostraram que empresas de fachada foram usadas para lavar dinheiro e transferir quantias para o Exterior. O Ministério Público passou, então, a monitorar uma rede de pessoas envolvidas no esquema de cobertura do foragido. Com uso de escutas telefônicas, os promotores descobriram que houve facilitação da fuga e confirmaram que Abdelmassih realmente se encontrava em Assunção.
Com a renda oriunda de seu trabalho como médico e com transferência do dinheiro lavado, o foragido se manteve no Paraguai. Os promotores não detalharam quantos são os colaboradores de Abdelmassih. No entanto, eles continuam sob investigação. De acordo com o Ministério Público, eles poderão responder pelos crimes de falsidade ideológica, falsidade material, lavagem de dinheiro e facilitação de fuga. Parentes do médico podem, porém, alegar escusa absolutória para não responder pelo crime de facilitação de fuga.
As informações obtidas pelo Ministério Público foram compartilhadas com a Polícia Federal após autorização da Justiça, uma vez que a investigação corria sob sigilo. A Polícia Federal deu prosseguimento à operação, e, a pedido dela, a prisão foi efetuada nesta terça-feira (19) pelos policiais da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai.
Os advogados de Abdelmassih, Márcio Thomaz Bastos e José Luis Oliveira Lima (defensor do mensaleiro José Dirceu), informaram que aguardam “o julgamento da apelação interposta perante o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo contra a decisão que o condenou, portanto a decisão não transitou em julgado, bem como do habeas corpus em trâmite perante o Supremo Tribunal Federal”.