Democracia confundiria a mente do povo chinês, diz revista política

29/10/2013 15:00 Atualizado: 05/11/2013 22:08

Uma revista política teórica afiliada ao Partido Comunista Chinês (PCC) rejeitou as ideias políticas ocidentais que estão se popularizando na China, dizendo que isso “confundiria a mente das pessoas”.

Um artigo recente na revista Teoria Qiushi foi crítico às tendências ideológicas ocidentais, alegando que elas “confundiriam as mentes das pessoas” e “fragmentariam a base ideológica comum do Partido Comunista”, promovendo “ideias erradas”, como “valores universais” e “democracia constitucional”, reportou o Chinascope, uma organização de pesquisa de mídia baseada em Washington DC, que traduziu partes do artigo.

O artigo “Consolidando a base ideológica que o Partido Comunista e o povo compartilham em sua luta comum” disse que essas ideias são destinadas a enganar e confundir as massas, enquanto afirmou a primazia inquestionável do PCC. As reformas políticas que foram insinuadas pelo novo regime de Xi Jinping não incluem o estilo de democracia constitucional ocidental ou o sistema multipartidário, disse Qiushi.

Em apoio inflexível a um documento denso do PCC que vazou neste verão, o artigo de 16 de outubro na revista Teoria Qiushi denunciou qualquer esperança de mudança do “Movimento Novo Cidadão”, um movimento pró-reforma e pró-democracia que surgiu recentemente na China.

Caracterizando a reforma política de estilo ocidental como uma “armadilha da democracia”, destinada a enfraquecer e eliminar o PCC, o artigo do Qiushi atacou as ideias políticas ocidentais julgando-as perigosas.

Os defensores da ocidentalização, diz o texto, estariam conspirando para “mexer com a mente das pessoas”, informou a Reuters. “Isso é para que possam nos pressionar a realizar as ‘reformas políticas’ que eles esperam tão sinceramente, mas o objetivo real é eliminar os líderes do Partido Comunista e mudar nosso sistema socialista.”

A reiteração de uma forte postura antirreforma do regime revelada publicamente neste verão tem sido acompanhada por uma repressão contínua contra a liberdade de reunião, associação e expressão.

Defensores de um governo de base constitucional, da divulgação dos ativos de oficiais e funcionários do regime e da eliminação da corrupção no governo foram alvo de um esforço concentrado para suprimir essas tendências detendo indivíduos-chave.

Desde março, dezenas de ativistas, advogados e outros cidadãos foram detidos durante a repressão, destinada a suprimir reuniões pacíficas e a livre expressão, informaram os Defensores dos Direitos Humanos Chineses (DDHC), um grupo de direitos e uma rede de defesa.

Até 21 de outubro de 2013, os DDHC registraram que mais de 60 indivíduos acusados de ativismo foram criminosamente detidos ou desapareceram na China. Muitos permanecem em detenção sem acusação formal, enquanto 34 foram oficialmente encarcerados.